“A Amazônia não pode ser santuário, tem que ser destino de investimento”, defende Marcelo Thomé

Presidente da FIERO e do Instituto Amazônia+21 propõe nova lógica econômica para a região e cobra regulamentação urgente do mercado de carbono no Fórum LIDE COP30, realizado em parceria com a FIEMS.

Marcelo ThoméMarcelo Thomé, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO) defende que a Amazônia seja um destino de investimento. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

O apelo por uma mudança de paradigma no desenvolvimento da Amazônia marcou a fala de Marcelo Thomé, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO) e do Instituto Amazônia+21, durante o Fórum LIDE COP30, realizado em parceria com a FIEMS. “A Amazônia não pode ser santuário, tem que ser destino de investimento”, afirmou enfaticamente, reforçando a necessidade de uma agenda de transformação econômica e social para os 30 milhões de brasileiros que vivem na região.

Thomé lembrou que, apesar dos avanços em setores como mineração, pecuária e energia limpa, boa parte da Amazônia continua atolada em pautas básicas de infraestrutura. “Converso com qualquer prefeito e ele ainda está discutindo pavimentação, saneamento e iluminação pública. Isso é uma agenda superada pelo mundo desenvolvido no século XIX”, criticou.

A proposta central do Instituto Amazônia+21, segundo Thomé, é articular o setor privado e fomentar novos modelos econômicos para a região. “Nosso foco é que quem está na Amazônia precisa ser o ponto focal de todo esse processo. É inadmissível, em pleno século XXI, que mais de 40% dessa população esteja inscrita no CadÚnico”, destacou.

Para atrair capital e tornar os projetos viáveis, o Instituto estruturou uma facility de investimentos sustentáveis com base em blended finance. “O setor financeiro não compreende os riscos da Amazônia. Estamos mitigando esse risco com assistência técnica, documentação robusta e projetos íntegros”, explicou. A iniciativa, inicialmente focada na região Norte, já começa a se expandir para o Nordeste e o Centro-Oeste.

O líder empresarial também defendeu um novo olhar da classe empresarial sobre a sustentabilidade. “Sustentabilidade não pode mais ser percebida apenas como licença e obrigação. É uma agenda de negócios. Ou você se posiciona para colher os ganhos reputacionais e operacionais, ou ficará para trás”, alertou, referindo-se ao ritmo crescente das exigências do setor financeiro.

Seguindo o posicionamento de outros expositores, como Virgílio Viana, Thomé reforçou a urgência de criar uma agência reguladora de carbono. “A regulamentação da legislação é urgente. Os créditos de carbono de base florestal precisam ter integridade e segurança jurídica, tanto para comprador quanto para vendedor”, defendeu. Ele anunciou que a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que também preside em seu Conselho Temático de Meio Ambiente, já se posicionou formalmente a favor dessa regulação.

Por fim, Thomé reafirmou o compromisso com uma agenda estruturada pós-COP30. “Não queremos aproveitar este momento apenas pelo evento em si, mas como uma oportunidade para chamar atenção de investidores e parceiros que queiram caminhar conosco nas agendas de bioeconomia, restauro florestal e desenvolvimento sustentável