'O Brasil caminha para a ingovernabilidade', alerta Hugo Motta
Presidente da Comissão Mista de Orçamento cobra corte de gastos e união nacional para destravar reformas estruturantes.
Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Durante sua participação no 2º Brasília Summit, promovido pelo LIDE, o deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez um alerta sobre o cenário fiscal e político do Brasil. Segundo ele, sem um enfrentamento urgente às despesas obrigatórias e sem compromisso real com a agenda de corte de gastos, o país está na iminência de se tornar ingovernável, “independente de quem venha a ser o próximo presidente da República”.
Em tom crítico, Motta ressaltou a importância do Congresso como âncora da responsabilidade fiscal nos últimos anos, destacando a aprovação de reformas como a trabalhista, a previdenciária, a autonomia do Banco Central e mais recentemente a tributária. Segundo o parlamentar, essas conquistas só foram possíveis graças à união da Câmara e do Senado, e alertou: “não há como construir reformas sem o apoio da sociedade”.
O deputado apontou como erro grave do Executivo a insistência em medidas que apenas elevam a carga tributária, como o aumento do IOF, sem apresentar contrapartidas em cortes de gastos.
“A resposta do Congresso foi clara: não aceitaremos compensações fiscais que recaiam exclusivamente sobre o setor produtivo”, afirmou. Ele defendeu ainda a revisão dos incentivos fiscais, que hoje superam R$ 800 bilhões por ano, e a instituição de mecanismos que garantam eficiência e contrapartidas reais.
Motta também anunciou que, no próximo mês, será apresentada uma proposta da reforma administrativa, elaborada por um grupo de trabalho da Câmara. A proposta incluirá um “cardápio de opções” para os líderes partidários decidirem o que é politicamente viável aprovar. Ele reforçou que a intenção é entregar ao país um novo modelo de Estado: mais enxuto, eficiente, meritocrático e apoiado em soluções tecnológicas.
Encerrando sua fala, o deputado fez um apelo por mobilização. “Precisamos sair da zona de conforto — Legislativo, Executivo, Judiciário e setor privado. Se cada um fizer sua parte, encontraremos as soluções. Mas elas não podem penalizar sempre os mesmos. A sociedade exige justiça fiscal, responsabilidade e compromisso com o futuro”, concluiu.