Cristiano Pinto da Costa, da Shell Brasil: “O Brasil lidera a transição energética e precisa avançar em todas as fontes de energia”
Durante o LIDE Brazil Reino Unido Fórum, em Londres, o presidente da Shell Brasil defendeu o equilíbrio entre sustentabilidade e competitividade, destacou o papel do país como potência energética global e alertou para a necessidade de estabilidade regulatória e fiscal para atrair investimentos.
O presidente da Shell Brasil, Cristiano Pinto da Costa, afirmou nesta sexta-feira (31), durante o LIDE Brazil Reino Unido Fórum, em Londres, que o Brasil está na vanguarda da transição energética global, mas precisa avançar de forma simultânea em todas as fontes de energia, combinando inovação tecnológica, segurança energética e competitividade.
“O Brasil já fez boa parte do dever de casa. Temos uma matriz muito mais limpa do que as principais economias do mundo, mas ainda há desafios relevantes nos transportes terrestres, marítimos e aéreos”, destacou. Segundo o executivo, a transição energética não deve ser tratada como uma escolha entre fontes, mas como uma integração entre petróleo, biocombustíveis e novas tecnologias de baixo carbono.
Cristiano alertou que o mundo atravessa um momento de demanda crescente por energia, impulsionada pelo crescimento populacional e pela expansão da inteligência artificial. Ele citou estudos que apontam que, até 2030, 12% do consumo de energia nos Estados Unidos será destinado a data centers e aplicações de IA. “A energia é uma condição para o desenvolvimento da sociedade. O desafio é garantir segurança e competitividade com baixa intensidade de carbono”, disse.
Presidente da Shell Brasil, Cristiano Pinto da Costa. (Foto: Felipe Gonçalves/LIDE)
O executivo ressaltou que o Brasil tem se consolidado como um dos maiores produtores globais de óleo e gás, com destaque para o pré-sal, e que o petróleo brasileiro possui uma das menores intensidades de carbono por barril produzido no mundo. “Cada barril brasileiro que substitui outro de maior intensidade tem um efeito positivo nas emissões globais”, afirmou.
A Shell, que completa 112 anos de atuação contínua no Brasil, projeta investimentos de cerca de US$ 30 bilhões nos próximos cinco anos, incluindo o projeto ORCA, no pré-sal — o maior investimento isolado da companhia no país nas últimas décadas. “O Brasil é um produtor confiável e competitivo. O desafio é manter a atratividade para o capital internacional”, ressaltou.
O presidente da Shell também chamou atenção para a alta carga tributária e a complexidade regulatória do setor energético brasileiro. “De cada três barris de petróleo produzidos no Brasil, dois ficam em impostos e participações especiais. É o dobro da média americana”, alertou.
Além da exploração e produção, a Shell mantém forte presença em biocombustíveis, por meio da joint venture Raízen, e investe em soluções baseadas na natureza, como projetos de florestamento e reflorestamento que geram créditos de carbono. “Acreditamos em um mercado global de carbono regulado, que valorize o preço da sustentabilidade”, afirmou.
Cristiano destacou ainda o compromisso da companhia com pesquisa e desenvolvimento no Brasil, envolvendo mais de 1.600 pesquisadores em 40 projetos, um terço deles voltados a tecnologias de transição energética. “A tecnologia será o grande game changer para acelerar a transição”, disse.
Ao encerrar sua fala, o executivo fez um apelo pela estabilidade regulatória, jurídica e fiscal como condição essencial para manter o fluxo de investimentos. “O Brasil tem uma oportunidade única de liderar a transformação energética mundial. Mas para isso, precisa garantir previsibilidade e competitividade. Essa é a chave para continuarmos investindo por mais 100 anos no país”, concluiu.
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