Irajá Silvestre cobra “Mississippi brasileiro”, armazéns e crédito fundiário para destravar o agro no BRICS

No LIDE Brasil Reino Unido Fórum, o presidente da Frente Parlamentar do BRICS no Senado defendeu a concessão da hidrovia do Arco Norte (Tocantins–Araguaia), ampliação da armazenagem on-farm, e dois projetos estruturantes no Congresso — regularização fundiária e crédito lastreado em terra com entrada de capital estrangeiro sob regras.

O senador Irajá Silvestre (PSD-TO) afirmou nesta sexta-feira (31), em Londres, que logística e armazenagem são os dois gargalos que mais limitam o avanço do agro brasileiro — e que destravá-los é condição para aproveitar as oportunidades no BRICS e sustentar o papel do Brasil na segurança alimentar global. Em fala no LIDE Brasil Reino Unido Fórum, ele defendeu três frentes: (1) concessão via PPP da hidrovia do Arco Norte (Tocantins–Araguaia), (2) uma agenda de armazenagem que reduza a vulnerabilidade do produtor à volatilidade de preços e (3) reformas legais em tramitação no Congresso para regularização fundiária e financiamento com garantia real da terra, inclusive com investimento estrangeiro sob salvaguardas.

Segundo Irajá, o Brasil é extremamente competitivo “da porteira para dentro”, mas perde eficiência quando a produção sai da fazenda. Ele citou o “Mississippi brasileiro” — trecho navegável de ~1.700 km nos rios Tocantins e Araguaia, até o porto de Vila do Conde (PA) — que permanece subutilizado por falta de eclusas e pela necessidade de derrocagem do Pedral do Lourenço (≈40 km). Com a concessão, estima que a hidrovia poderia escoar ~40 milhões de toneladas de grãos, retirando o equivalente a 280 carretas bitrem/dia das rodovias, com ganhos em custo, segurança viária e emissões. O senador informou que o BNDES foi contratado para modelar a PPP, incluída no plano prioritário de investimentos do governo federal.

FER_3328Senador Irajá Silvestre (PSD-TO). (Foto: Felipe Gonçalves/LIDE)

No armazenamento, Irajá apontou que o Brasil estoca uma fração menor da safra em comparação a competidores, o que obriga vendas em “pior momento” e comprime margens. Para ele, crédito e incentivos à armazenagem na fazenda precisam ganhar centralidade na política agrícola.

O senador também destacou dois projetos estruturantes em curso no Congresso:

  • PL 5.461/2019 (regularização fundiária): visa titular pequenas propriedades hoje em domínio da União — condição para acesso a financiamento e formalização produtiva;

  • PL 2.964/2019 (“Terra para mais empregos e mais alimentos”): habilita bancos a usar a terra como garantia e autoriza, com restrições, a compra/associação de terras por estrangeiros (com vedação no bioma amazônico e limites por município), criando novo canal de crédito rural e atraindo investimento produtivo sob controle regulatório.

Irajá relacionou a agenda logística-financeira a um tripé de competitividade: redução de custos de transporte, proteção de renda via armazenagem e escala de financiamento. Para ele, com governança ambiental e produtividade, o Brasil pode dobrar o escoamento pelo Arco Norte e liderar a oferta de alimentos para mercados como China, Ásia e Europa, mantendo padrões de sustentabilidade exigidos globalmente.


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