Inovação e gestão analítica são essenciais para tornar a área de Compras mais eficiente e ágil
Conforme as cadeias de suprimentos se tornam mais complexas e a economia global enfrenta desafios, novos fatores surgem, gerando rupturas.
Marcio Panassol, sócio de Operate em Procurement & Supply Chain da Deloitte. (Foto: Divulgação/Deloitte)
Nos últimos anos, a área de Compras tem passado por uma significativa transformação nas organizações. Responsável por uma variedade de processos, como pesquisa de mercado, desenvolvimento e seleção de fornecedores, negociações e fechamento de contratos, ela abandonou sua função puramente operacional, insurgindo para uma atuação mais estratégica. Essa mudança é de extrema importância para toda a cadeia de suprimentos.
Os profissionais desse setor têm evoluído, impulsionando a adoção de novas soluções, inovações tecnológicas e investimentos no desenvolvimento das equipes, capacitando-as a incorporar uma perspectiva mais estratégica. Conforme as cadeias de suprimentos se tornam mais complexas e a economia global enfrenta desafios, como a alta inflação, novos fatores surgem, gerando rupturas anteriormente inimagináveis neste setor.
Essas mudanças no ambiente de negócios têm impactado negativamente o atendimento às expectativas dos stakeholders e clientes internos. A pesquisa "Orquestradores de Valor: Global CPO Survey 2023", conduzida pela Deloitte, revela que 70% dos participantes notaram um aumento nos riscos relacionados às compras e à continuidade das cadeias de suprimentos nos últimos 12 meses, sendo a pressão decorrente do aumento da inflação global identificada como o principal risco para as organizações. Atualmente, os custos diretos e indiretos de materiais e serviços consomem uma parte significativa da receita total das empresas, tornando a geração de valor cada vez mais desafiadora.
Além disso, os executivos estão sendo provocados a buscar resultados mais expressivos em meio a um conjunto mais abrangente de prioridades. Há uma busca crescente do equilíbrio entre o foco tradicional na redução de custos com outras necessidades. A oportunidade de promover sustentabilidade, impacto social e influência na tomada de decisão empresarial são fatores que direcionam a atuação dos profissionais de Compras para o crescimento e a transformação da área.
No entanto, a transformação na cadeia de valores vai além da eficiente gestão de clientes internos e fornecedores, bem como da redução de custos. É crucial que essa transformação seja contínua, sustentável e alinhada à visão da empresa, visando mitigar riscos e melhorar, de maneira colaborativa, as práticas internas de compliance e ESG. Uma maior centralização no desenho de políticas e processos, diferenciando-se da centralização da governança em si, é um pré-requisito importante para isso.
Esse elemento, não deve ignorar a estrutura corporativa e organizacional das empresas e a especificidade de seus negócios: a intenção é fazer uma alocação estratégica de recursos e tecnologias em situações-chave. Dessa forma, é possível combinar eficiência e agilidade à geração de insights valiosos para o processo decisório neste ambiente desafiador.
Diretrizes podem ser estabelecidas para permitir que negócios e equipes operem de forma mais independente, possibilitando agilidade dentro de um conjunto estruturado de parâmetros. Por fim, para alcançar um portfólio mais completo de atuação, é essencial implementar ações e ferramentas sofisticadas, que visam a expansão da colaboração com fornecedores e o aprimoramento da gestão da demanda na área de Compras e a complexidade dos contratos. A criação de valor e vantagem competitiva passa pela busca contínua por soluções inovadoras e maior gestão analítica para construir modelos operacionais mais ágeis, escaláveis e robustos, envolvendo proativamente os stakeholders e fornecedores.
Considerando isso, a Deloitte desenvolveu uma tabela periódica abrangente, que conta com estratégias de compras para categorias de diretos e indiretos (sourcing levers), que visa impulsionar e gerar economias em um ritmo acelerado. Essa tabela oferece uma classificação de alavancas que podem ser utilizadas como referência para boas práticas de gestão, orientando o desenvolvimento de um plano estratégico de compras.
Ela identifica quais oportunidades de redução de gastos podem ser exploradas e como a gestão de suprimentos pode gerar valor por meio de iniciativas colaborativas e inovadoras com os fornecedores, sem negligenciar os aspectos de conformidade que são fundamentais para proteger as organizações em um ambiente global cada vez mais complexo.