Brasil, vitrine da logística reversa no campo

Sistema Campo Limpo se consolida como referência internacional em gestão de resíduos no agronegócio.

Imagem do WhatsApp de 2025-06-12 à(s) 14.32.25_fbc30988Marilene Iamauti, gerente de sustentabilidade do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias. (Foto: Divulgação)

Em um país com dimensões continentais como o nosso Brasil, falar em logística reversa parece, à primeira vista, uma missão improvável. Distâncias longas, gargalos de infraestrutura e desigualdades regionais tornam qualquer esforço coordenado um desafio técnico e humano. Mas é justamente aí que está o valor de fazer dar certo.

A experiência do Sistema Campo Limpo (SCL) — programa brasileiro de logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas — mostra que, com articulação entre os elos da cadeia, é possível transformar um desafio complexo em solução funcional. O Brasil é hoje vitrine mundial em logística reversa no agro — resultado de um modelo pioneiro que alia governança, operação eficiente e compromisso compartilhado. Mais de 400 unidades fixas e milhares de ações itinerantes operam em 25 estados, garantindo a destinação ambientalmente correta desses resíduos no campo.

Desde 2002, já são mais de 800 mil toneladas de embalagens destinadas corretamente. Em 2024, a meta anual foi superada em quase 30%, sinal de que, quando há método e compromisso, os resultados acontecem. E não apenas em volume: estamos falando de rastreabilidade, sustentabilidade, articulação intersetorial e impacto positivo na reputação do agro brasileiro.

Esses avanços não são isolados. São sustentados pelo engajamento dos participantes e por uma rede de confiança construída ao longo de mais de duas décadas e por investimentos contínuos em educação ambiental e inovação. Ao lado da operação logística, programas com escolas e universidades ajudam a formar novas gerações com consciência sobre a responsabilidade compartilhada na gestão de resíduos.

O tamanho e a complexidade do Brasil trazem desafios para que qualquer ação tenha capilaridade, eficiência e gere impacto real. O Sistema Campo Limpo faz isso com excelência, indo além da logística e promovendo educação, inovação e transformação local. Essa transformação se traduz, por exemplo, na atuação em mais de 133 municípios com ações comunitárias no Dia Nacional do Campo Limpo, que em 2024 mobilizou mais de 74 mil pessoas em atividades de conscientização ambiental. Também se manifesta na conexão com o setor educacional e produtivo: parcerias com universidades têm incentivado a criação de soluções sustentáveis por jovens empreendedores. O programa de educação ambiental PEA Campo Limpo já impactou mais de 2,8 milhões de crianças em 15 anos. E a rede de recicladoras integrada ao Sistema impulsiona negócios locais e regionais fazendo a economia circular na prática.

Com a COP30 se aproximando, o Brasil terá a oportunidade de mostrar ao mundo que é possível fazer diferente, melhor e em escala. O setor privado tem papel central nesse movimento. E o agro, com o exemplo do Sistema Campo Limpo, já demonstrou capacidade técnica e maturidade para liderar soluções.

O agro brasileiro prova que consegue entregar resultados. O próximo passo é ampliar impacto, influenciar políticas públicas e consolidar um modelo de desenvolvimento sustentável que dialogue com os desafios globais e com a realidade brasileira.

O que construímos até aqui é uma base sólida. Mas o futuro e o nosso papel diante dele depende do quanto estamos dispostos a cooperar, corrigir rotas quando necessário e fortalecer o que já deu certo.