Whisky de ‘alma brasileira’ conquista o paladar do consumidor em busca de rótulos premium e de personalidade forte

Apostando em inovação, barris raros e rótulos exclusivos, Lamas Destilaria prova que o whisky feito aqui pode competir de igual para igual com os estrangeiros.

whisky1Lamas coleciona prêmios em competições nacionais e internacionais focando em rótulos exclusivos.

Enquanto o whisky estrangeiro continua tendo forte presença nas prateleiras brasileiras, cresce também o número de produtores nacionais dispostos a mostrar que aqui se faz bebida de excelência — e que o destilado made in brasil pode surpreender. A Lamas Destilaria, nascida em 2019 em Minas Gerais, é um desses casos: une tradição familiar, tecnologia de ponta e produção artesanal para criar rótulos que têm conquistado fãs exigentes no país e no exterior.

“O nosso foco absoluto é qualidade, e não quantidade. Cada lançamento é pensado como uma experiência única e quem procura o nosso whisky quer algo fora do comum”, afirma Luciana Lamas, diretora executiva da destilaria.

Essa filosofia se reflete em lançamentos de edições limitadas, cada um com uma história própria. O mais recente é o Bicentennial Alliance Single Malt Whisky, criado para celebrar os 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Reino Unido e finalizado em um raro Pau-Brasil —madeira emblemática e cuidadosamente escolhida para dar personalidade ao destilado. Outro exemplo é uma bebida inovadora à base de whisky e terpenos extraídos da cannabis (sem qualquer efeito psicoativo), que traz ao mercado uma proposta ousada e contemporânea.

Desafios tropicais

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de bebidas destiladas cresceu 65,9% no país, de 2019 para 2023. No período, o valor de produção da fabricação de aguardentes e outras bebidas destiladas foi de R$ 3,16 bilhões para R$ 5,24 bilhões, um aumento de 65,9%. Na segmentação de whisky, esse crescimento é ainda mais expressivo: foi de R$ 73,09 milhões, em 2019, para R$ 229,89 milhões em 2023, em valor de produção, o que representa um avanço de 214%.

Porém, conforme explica Luciana Lamas, produzir whisky em solo brasileiro exige criatividade e adaptações. O clima quente acelera o processo de maturação, exigindo inteligência na escolha dos barris e no controle das variáveis de envelhecimento. “Nosso maior investimento está na madeira. É dentro do barril que cada detalhe faz diferença no resultado sensorial”, explica.

A destilaria utiliza barris de diferentes origens, explorando como cada tipo de madeira influencia o sabor. Esse cuidado é parte da missão de educar o público brasileiro sobre whisky, e de desmitificar a ideia de que só o produto importado é sinônimo de qualidade.

Curiosidade além das fronteiras

Apesar de focar no mercado interno, a Lamas desperta interesse fora do Brasil. Atualmente, exporta para quatro países: França, Coreia do Sul, Rússia e Holanda. “O consumidor estrangeiro nos procura pela exclusividade. Para eles, ter um single malt brasileiro na adega é algo raro e especial”, conta Luciana.

Reconhecimento

O reconhecimento que vem das premiações ajuda na chancela dos produtos nacionais em termos qualitativos. Colecionadora de prêmios importantes, a Lamas faturou três medalhas na recente Brasil Spirits Cup 2025, realizada no fim de agosto, e se destacou em competições internacionais como o World Whiskies Awards e a London Spirits Competition. “Somos a prova de que o ‘whisky brazuca’ não só existe, como merece brilhar no copo — e no mundo”, conclui Luciana Lamas.