Entre família e legado: o olhar de Alfonso Dolce sobre o futuro da Dolce & Gabbana no Brasil

O CEO da Dolce & Gabbana, Alfonso Dolce, fala sobre a expansão no Brasil, a parceria com o irmão Domenico Dolce e a responsabilidade de transformar moda em lifestyle.

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Alfonso Dolce, CEO da Dolce & Gabbana.

Alfonso Dolce é um homem que não separa a vida do trabalho. CEO da Dolce & Gabbana e irmão de Domenico, cofundador da grife, ele esteve em São Paulo para celebrar a expansão da marca na América Latina e reafirmar sua conexão afetiva com o Brasil. Para ele, poucas culturas ref letem tão bem o espírito da maison italiana quanto a brasileira: calor humano, exuberância estética, tradição e modernidade em constante diálogo. Em conversa com a Robb Report Brasil, Alfonso compartilhou memórias familiares, falou sobre o impacto da pandemia e revelou os próximos passos de um império que ultrapassa a moda para abraçar um estilo de vida completo.

O Brasil como espelho da Dolce & Gabbana

“Eu amo o país. Eu amo a energia das pessoas. A cultura é mais similar. A comida é muito boa, de diferentes maneiras. Carne, queijo, feijoada”, diz Alfonso, com um sorriso de quem já viveu muitas temporadas entre Trancoso e São Paulo. Para ele, há uma afinidade natural entre brasileiros e italianos do sul. “As pessoas brasileiras têm curiosidade no estilo de vida, em um produto autêntico. A Itália é perfeita para essa cultura.”

A arquitetura é outro elo de admiração. Alfonso cita Brasília como exemplo de visão futurista que, em sua leitura, complementa a herança clássica da Itália.

Três décadas de história no Brasil

A Dolce & Gabbana aportou no país há 30 anos, em parceria com a Daslu. Desde então, construiu um relacionamento sólido com o consumidor local. “Passo a passo evoluímos nossa relação com o Brasil. Hoje não oferecemos apenas moda, mas uma experiência de vida.” São 17 lojas no país, três delas em São Paulo. Os próximos capítulos já estão escritos: aberturas em Fortaleza e Salvador e, em um horizonte de cinco anos, o projeto de uma torre residencial Dolce & Gabbana no Brasil.

O impacto da pandemia

Se a Covid-19 foi devastadora, também trouxe uma virada de chave para a maison. “A vida é uma. A responsabilidade todos os dias está em nossas mãos”, reflete o executivo. Durante a crise, a marca decidiu expandir para novos territórios — beleza, fragrâncias, casa — sempre com produção feita na Itália. “A missão é o negócio ético. A Covid mudou profundamente a visão.”

Família, trabalho e essência

Alfonso cresceu e trabalha com o irmão Domenico há quatro décadas. “Antes eu pensava que era uma pessoa muito feliz. Eu tive a oportunidade de trabalhar com a minha família desde o início. Essa é a parte feliz da minha vida.”

Os pais, Saverio e Rosaria, são lembrados como pilares de uma ética que atravessa gerações. “Não queremos confundir família e negócio. Mas é claro que é mais rico da experiência. A vida profissional e a privada são totalmente conectadas.”