Mundo corporativo compreende, cada vez mais, a importância de acolher a mulher durante a maternidade
Mulheres que sonham com a liberdade financeira têm de fazer um investimento muito maior de energia para equilibrar todos os pratos e é dever das empresas compreender a importância dessa etapa.
Mariana Lisbôa, Head Global de Relações Corporativas da Suzano. (Foto: Divulgação)
Conciliar maternidade e carreira profissional é um desafio constante e cada vez mais presente em debates e pesquisas, justamente por serem dois aspectos fundamentais na vida de muitas mulheres. Sonhos adiados, medos, planejamentos minuciosos, um turbilhão de pensamentos contraditórios permeiam o imaginário daquelas que desejam equilibrar essa equação.
Atire a primeira pedra quem nunca pensou que o sonho de ser mãe e, ao mesmo tempo, ter sucesso na carreira poderia dar errado, ou acreditou que a maternidade deveria vir acompanhada de uma realização profissional plena e prévia. Esses são pensamentos comuns e devem ser trazidos ao debate, maternidade versus carreira. É preciso refletir sobre o que leva a mulher a um certo “pânico”, como, por exemplo, o que eu mesma passei, quando descobri a gravidez da Marina, minha filha, há 17 anos.
A minha vida, como a de tanta gente, só faz sentido se vista em retrospectiva. Isso porque muita coisa que planejei precisou dar supostamente errado para que eu conseguisse chegar aonde eu sonhei. Uma delas foi exatamente a maternidade. Eu acreditava que precisaria estar completamente estabilizada profissionalmente para poder engravidar. Assim, em vez de comemorar a notícia, fui invadida pelo pavor de que tudo estaria “perdido” e que eu não conseguiria mais reajustar a rota para retomar o caminho rumo ao meu tão sonhado sucesso profissional.
Sim, meu sonho não era ser mãe. Não naquele momento. A maternidade precisava acontecer na “hora certa”, mas que momento “ideal” seria esse? Quanta coisa eu precisaria conquistar ainda, antes que coubesse alguém totalmente dependente de mim! Se nem eu havia alcançado a independência, como eu poderia cuidar e ser o esteio de outra pessoa?
Pois bem! Olhando para trás, hoje eu enxergo claramente que, se não tivesse sido assim, talvez não tivesse sido nunca, e eu não teria ganhado o maior presente da minha vida.
São tantos os requisitos e condições que se imputam ao “momento ideal”, que a impressão que se tem é que ele nunca chega, mas fato é que a natureza é tão perfeita que o Universo se encarrega de encaixar as peças que parecem inicialmente incompatíveis no quebra-cabeça da vida, trazendo total sentido ao que parecia completamente perdido.
Hoje, o mundo corporativo vem cada vez mais compreendendo a importância de acolher a mulher no momento desafiador da maternidade. Não é fácil, não é simples, e o fato de ser mágico não significa que não seja também complexo.
As mulheres que sonham com a liberdade financeira a partir do trabalho têm de fazer um investimento muito maior de energia para equilibrar todos os pratos e é dever das empresas compreender a importância dessa etapa e estabelecer mecanismos que contribuam para compensar o tempo dedicado a esse instante sublime, de modo que tenham suas carreiras preservadas, garantindo o poder de competitividade e crescimento, com a certeza de que, ao se tornarem mães, tornar-se-ão também mais fortes e prontas enfrentar o que quer que as aguarde no futuro!