Créditos de carbono e florestas entram no jogo dos gigantes da tecnologia na América Latina

Três passos para adotar estratégias de negócios responsáveis por meio de tecnologias de energia e refrigeração para data centers.

 

Alex Sasaki é Vice-Presidente da Vertiv na América Latina.Alex Sasaki, Vice-Presidente da Vertiv na América Latina. (Foto: Divulgação)

Estima-se que os data centers e as redes de transmissão representem cerca de 1% das emissões de gases de efeito estufa relacionadas à energia, e prevê-se que esse número dobre até 2026. Por outro lado, a IA gerará um aumento de 160% na demanda de energia dos data centers até 2030. Neste contexto, os gestores de data centers devem repensar sua abordagem sobre o uso de energia e o impacto ambiental. A eficiência energética não é mais apenas uma consideração ambiental, mas um imperativo estratégico e econômico.

A adoção de práticas de eficiência energética e energias alternativas não só ajuda a reduzir a pegada de carbono, mas também pode melhorar a eficiência operacional e reforçar a competitividade em um mercado cada vez mais focado em critérios ambientais e socialmente responsáveis. Estas são algumas das estratégias-chave para integrar a tecnologia de eficiência energética em seu data center para apoiar os objetivos de responsabilidade empresarial.

Investir em sistemas de refrigeração energeticamente eficientes: A refrigeração pode representar até 40% da conta total de energia de um data center. A refrigeração líquida aproveita as propriedades superiores de transferência de calor da água ou outros fluidos para resfriar de forma eficiente e econômica racks de alta densidade. A vantagem da refrigeração líquida é considerável, não só porque é até 80% mais eficiente que as soluções tradicionais, mas também porque pode reduzir a pegada de carbono em comparação com as tecnologias tradicionais de refrigeração a ar.

A Elea Data Centers, por exemplo, está apoiando seu crescimento no Brasil com soluções de refrigeração líquida para data centers de IA. Trata-se de um conceito projetado para ser mais eficiente energeticamente, consumindo menos energia que os métodos tradicionais de refrigeração a ar e oferecendo uma Eficiência de Uso de Energia (PUE) de refrigeração de 1,15 a 1,2.

O uso do carbono e as compensações: Os gestores dos data centers podem utilizar os ativos naturais da região para compensar emissões e ajudar a cumprir os objetivos empresariais de redução de carbono. Isso é feito por meio de programas de créditos de carbono e esforços de mitigação. Esta estratégia não só é mais respeitosa com o meio ambiente, mas também reforça a competitividade em um mercado cada vez mais regulado por critérios ambientais.

A América Latina e o Caribe têm a maior cobertura florestal do mundo, o que facilita o caminho para o net zero para os operadores de data centers que querem reduzir sua pegada de carbono. A Microsoft, por exemplo, anunciou a assinatura de um acordo para adquirir 3,5 milhões de créditos de carbono ao longo de 25 anos. Os créditos financiarão projetos de reflorestamento e restauração das florestas amazônicas e atlânticas. Esta iniciativa foi projetada para mitigar as crescentes emissões vinculadas à expansão da IA e as operações dos data centers da Microsoft, compensando as emissões de carbono mediante a regeneração florestal em grande escala.

Busca de energias alternativas: Esse é um grande aliado dos data centers para ajudar a melhorar a competitividade do setor. A América Latina conta atualmente com 25% de energias alternativas em sua matriz energética primária, e 59% de sua geração elétrica provém de fontes alternativas. A região pretende aumentar esta porcentagem para 70% em 2030. Para os operadores de data centers, isto cria uma vantagem estratégica: expandir-se na América Latina permite aproveitar uma rede de energias alternativas, reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e cumprir mais facilmente as estratégias corporativas de sustentabilidade e os objetivos de emissões, sem comprometer o desempenho ou a rentabilidade do data center.

Recentemente, a Scala Data Centers do Brasil assinou um acordo para adquirir energia renovável dos dois parques eólicos situados na Bahia, com uma capacidade total instalada de 393 MW. Esta parceria permitirá à Scala triplicar a quantidade de energia disponível para atender seus clientes durante mais de uma década.

A necessidade de armazenamento e processamento de dados converteu os data centers em um elemento chave da digitalização e da economia na América Latina. Para gerenciar este crescimento sem precedentes, é importante considerar o design, o desenvolvimento, o uso e a eliminação de produtos no setor. Soluções críticas de energía e gestão térmica fazem diferença neste contexto.

• Novas gerações de Battery Energy Storage Systems são essenciais para proporcionar uma solução de energia híbrida "sempre ligada" que integra fontes de energia alternativas.
• As funções de energia dos sistemas de alimentação ininterrupta (UPS) modernos, com suporte dinâmico de rede, permitem aos operadores de data centers reduzir ou eliminar os custosos picos de demanda aproveitando soluções como a energia solar e o armazenamento de energia.
• Outro avanço é representado por conversores solares que conectan painéis solares a cargas de alimentação de -48 VCC utilizadas em redes de telecomunicações. Trata-se de uma solução compacta que permite às aplicações de telecomunicações utilizar de forma confiável a energia solar em locais conectados ou não à rede.

Tecnologias como estas suportam o crescimento econômico da nossa região dentro de uma abordagem de negócios responsáveis, comprometidos com o meio ambiente e com os avanços sociais trazidos pela IA. É uma jornada que já está acontecendo: nasce no projeto do data center, passa pela otimização do consumo de energia e só termina com a gestão responsável dos resíduos. A América Latina é extremamente digitalizada e, neste quadro, data centers são cada vez mais críticos.