Como os gestores podem se preparar para o reajuste anual do plano de saúde?
No caso das empresas, a negociação ocorre diretamente entre as contratantes e as operadoras, a única certeza que se tem é que haverá reajuste.
Matheus Moretti Rangel, CGO da Niky. (Foto: Divulgação)
O reajuste anual dos planos de saúde é um desafio enfrentado por todos os gestores de empresas no Brasil. Afinal, é preciso garantir a continuidade dos benefícios aos colaboradores mantendo as contas equilibradas. Quem regula os reajustes dos planos individuais é a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No caso das empresas, a negociação ocorre diretamente entre as contratantes e as operadoras, a única certeza que se tem é que haverá reajuste.
O ideal é fazer um levantamento do histórico de utilização do plano para identificar tendências e padrões de uso e assim fazer uma melhor negociação, evitando reajustes abusivos. O cenário atual para as operadoras de planos de saúde não é dos mais positivos, visto que elas têm atuado há muito tempo com as margens de lucro espremidas pela sinistralidade e os custos médicos elevados. A renovação é a oportunidade para que as perdas sejam, de alguma forma, minimizadas.
A sinistralidade é um dos dados que a empresa precisa ter em mãos durante a negociação. De uma forma simplificada, sinistralidade é a relação entre os custos dos sinistros, que são os eventos cobertos pelo plano, as receitas geradas pelas mensalidades pagas pelos beneficiários, ante um limite técnico fixo que é pré-estabelecido em contrato. A empresa deve monitorar a taxa de sinistralidade, porque altos níveis de sinistros podem levar a aumento nas mensalidades dos planos, o que impacta diretamente no reajuste anual.
A gestão adequada da sinistralidade envolve controlar medidas de riscos dentro da empresa e acompanhar a saúde dos colaboradores de perto. Garantir a segurança deles, com a promoção de campanhas internas para prevenção de acidentes de trabalho e também de doenças para as quais temos tratamento e vacinação, como a Covid-19.
Outro cálculo que o gestor deve acompanhar é o Índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH), que nada mais é que a variação dos custos médicos hospitalares de todos os procedimentos utilizados pelos beneficiários, mas em um intervalo de tempo determinado. É muito importante conhecer o índice de VCMH da empresa para poder negociar com a operadora de saúde de maneira mais assertiva e justa.
Outro passo a ser dado é resgatar todo o histórico de pagamentos desde o início do contrato da empresa com a operadora é . Deste modo, é possível estabelecer uma média de preços e saber como os valores do plano de saúde oscilaram com o passar dos anos. É necessário também conhecer a inflação do período e juntar com os outros indicadores para ter uma ideia mais clara do que pode ser proposto em reajuste.
Para finalizar, o departamento de RH deve manter uma ótima comunicação com a gestão da operadora do plano de saúde. O alinhamento entre as duas empresas é a chave da boa negociação para ambas, pois muitas vezes, manter o plano atual é mais vantajoso do que trocá-lo por outro.