Capitalismo Consciente: chegou ao fim a era do lucro acima de tudo?
Empresas e líderes precisam se preparar de verdade para essa nova forma de pensar sobre negócios. ESG não é marketing.
Viviane Sedola, Co-fundadora da plataforma de crowdfunding Kickante. (Foto: Divulgação)
A expressão capitalismo consciente simboliza uma nova forma de produzir. Ao que tudo indica, o tempo do lucro acima de tudo está com seus dias contados. Diante de um cenário geral preocupante, onde temas como mau uso dos recursos naturais, crise climática, desigualdade social e esgotamento mental estão em alta, uma certeza se destaca: é insustentável se manter no mercado sem pensar no desenvolvimento socioambiental do mundo ao nosso redor.
Como gestora de muitos negócios, entre eles a Alfredus – agência de marketing e inovação que foi destacada pela Entrepreneur Media como uma das mais promissoras para 2023 – sempre acreditei que empreendimentos de sucesso são aqueles que imprimem seu valor na sociedade. Que estimulam mudanças, que promovem o desenvolvimento local e jogam junto com o meio onde estão inseridos. De que adianta uma escalada de lucro, quando não há um futuro possível à vista? Em um planeta devastado econômica e socialmente, ninguém sobrevive sem perdas.
O capitalismo consciente surge para mostrar que há caminhos possíveis para desenvolver um negócio que visa o lucro, sem precisar passar por cima de tudo e de todos. Quando estamos à frente de um negócio, entender que o mundo mudou e que precisamos nos juntar a essa evolução é mais que necessário, é um diferencial.
Um estudo de 2019, realizado pela agência norte-americana Union + Webster e divulgado pela Fiep, revelou que 87% da população brasileira prefere comprar produtos de empresas comprometidas com a sustentabilidade. Além disso, 70% dos entrevistados afirmaram que não veem problema em pagar um pouco mais por isso.
Ou seja, chegou o momento de repensar o lucro pelo lucro e entender que essa prática não é tão vantajosa quanto parece. Quando a sociedade dá sinais de que espera mais das grandes (e pequenas) empresas, assumir responsabilidades pelo desenvolvimento saudável do seu negócio e da sua equipe é também gerar valor para sua marca. Conquistar consumidores que acreditam no seu propósito é totalmente diferente de ter como cliente alguém que compra somente pelo preço.
O papel das lideranças na transição para o capitalismo consciente
Eu, como CEO e founder, sei do papel fundamental que desempenhamos em qualquer organização. Se você quer um resultado diferente, ou você muda a mentalidade do líder ou é preciso trocar a liderança. Com o capitalismo consciente a regra é a mesma. As lideranças precisam estar alinhadas com essa nova forma de pensar e produzir.
Líderes conscientes são aqueles capazes de enxergar a importância da inteligência emocional de sua equipe e entender que uma equipe feliz e realizada, trabalha melhor. Líderes conscientes percebem que existe um motivo palpável para o bom desempenho financeiro de empresas humanizadas e, por último, líderes conscientes conseguem perceber que em breve, será nessas empresas que estarão os maiores investimentos.
No fim, a lição que fica é: quando chegar o tempo em que olharemos atônitos para organizações que não se preocupam com práticas responsáveis de produção, de que lado você gostaria de estar? Daquele que parou no tempo ou do que conseguiu acompanhar os novos ventos? Se um capitalismo mais consciente é o caminho para o futuro das empresas, como você está se preparando para ele HOJE?