A transformação do mercado financeiro como ferramenta de inclusão através das tecnologias digitais e o amadurecimento das regulamentações.
O ecossistema digital do Brasil, com soluções baseadas em blockchain, como moedas digitais e tokenização, será a prioridade na agenda das instituições financeiras.
Marco Zanini, CEO da Dinamo Networks, empresa especialista em segurança digital. (Foto: Divulgação)
O mercado financeiro brasileiro sempre se mostrou muito desafiador. Para 2025, não será diferente. Os bancos estimam que a economia cresça 2,02%, enquanto em 2023, cresceu 3,2% e, nos últimos 12 meses, 4%. Também estimam uma inflação de 4,99% ao final do ano, ou seja, acima da meta que é de até 4,5%, e, ainda, uma taxa básica de juros de 15% ao ano, que hoje está em 12,25%. No entanto, mesmo neste cenário, o país deverá colher frutos de desenvolvimento e inovação importantes.
O ecossistema digital do Brasil, com soluções baseadas em blockchain, como moedas digitais e tokenização, serão a prioridade na agenda das instituições financeiras. O Drex - nova moeda do real digital que será emitida e lastreada pelo BCB - poderá ser lançada em 2025. Seu objetivo visa facilitar o acesso a serviços bancários e simplificar transações, desburocratizando o sistema financeiro brasileiro como um todo. Por meio dessa moeda programável será possível a automação de processos de pagamentos, transferências, empréstimos, seguros e investimentos. Com isso, novas oportunidades para as instituições financeiras oferecerem produtos e serviços inovadores e mais acessíveis à população.
Boom das moedas digitais
De maneira geral, o interesse em moedas eletrônicas de bancos centrais do mundo inteiro (Central Bank Digital Currency - CDBC) estão crescendo, por conta de seus diversos benefícios de modernização e eficiência. Países como Bahamas, a Jamaica e a Nigéria já lançaram sua moeda digital.
Além disso, a tokenização de ativos, processo que transforma ativos reais em tokens digitais negociáveis, também se tornará uma prática comum. Propriedades, obras de arte e até ações poderão ser tokenizadas, permitindo que investidores comprem frações desses ativos, tornando as transações mais fáceis e rápidas, e o mercado mais acessível. Tudo isso, reduzindo custos de intermediações e facilitando a interação entre as partes.
Inovações do PIX
Mergulhando ainda mais no setor, encontramos o Pix, sistema de pagamento instantâneo, que completa seu quinto aniversário neste ano. Um dos projetos de maior sucesso do setor, principalmente, por seu caráter de inclusão financeira. Vale ressaltar que em 2023, apenas 89,8% da população brasileira mantinha algum tipo de vínculo bancário. O que comprova o interesse e a iniciativa do governo para reverter esse quadro.
No quesito inovação, a nova lei do Pix para este ano trouxe melhorias na segurança e novas funcionalidades. Entre elas: o “Pix Automático” para pagamentos recorrentes, como contas de luz e água, e, o “Pix por aproximação”. No quesito segurança, o sistema passa a identificar padrões suspeitos em tempo real, possibilitando o bloqueio ou revisão de transações. Outros lançamentos previstos estão o "Pix Garantido", que possibilitará o agendamento e o parcelamento de pagamentos, e, o “Pix Internacional”, que facilitará as transferências de dinheiro entre países.
De acordo com o BCB, em abril de 2024, mais de 80% da população usou o Pix, e as transações na plataforma superaram as de cartões de crédito e débito em volume. Vale lembrar que o Pix é integrado à outras iniciativas de finanças, como o open banking e ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
Mediante este cenário, o Brasil é um dos países mais ativos e inovadores no campo das finanças digitais. Segundo o relatório da Chainalysis (2024), o Brasil ficou em nono lugar no mundo em termos de adoção de criptomoedas em 2023. E para este ano, o impacto da IA e as mudanças regulatórias no setor trarão atualizações importantes no cenário cripto.
Finanças descentralizadas
As chamadas DeFi ganharão força e visam substituir as instituições financeiras tradicionais por um modelo baseado em blockchain. O conceito é uma abordagem inovadora que oferece serviços financeiros, como empréstimos, negociações e staking, sem a necessidade de intermediários, como os bancos.
No mundo da cibersegurança, com a chegada da Inteligência Artificial (IA), dos computadores quânticos, novos métodos de autenticação biométricas e multifatorial e o maior uso da tecnologia blockchain, devem impulsionar investimentos e mudanças relevantes no cenário corporativo. As instituições financeiras precisarão ganhar eficiência e reforçar suas defesas para garantir a confiança dos clientes e proteger dados sensíveis. Diante disso, a criptografia continua sendo a base para o estabelecimento da confiança e proteção de dados em qualquer processo e operação dos negócios.
De olho no futuro
Computadores quânticos (máquinas que usam a mecânica quântica para processar informações) ainda estão a alguns anos de distância. No entanto, o National Institute of Standards and Technology (NIST) – um dos mais importantes órgãos governamentais de segurança dos EUA – alerta que a maioria dos algoritmos criptográficos atuais começará a ser descontinuada até 2030 e não autorizado a partir de 2035.
Mesmo com grandes desafios, 2025 trará muitas oportunidades e inovações, principalmente, com os avanços da IA, novas exigências regulatórias e novas tecnologias surgirão. Anteciparmos essas tendências e abraçarmos as mudanças será certamente um caminho de sucesso.