Tensões no Oriente Médio: os impactos potenciais na economia brasileira em 2024
A instabilidade pode levar a uma aversão ao risco por parte dos investidores globais. Isso tende a resultar em uma fuga de capitais dos mercados emergentes, incluindo o Brasil.
Hugo Garbe, Professor Doutor da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) em Ciências Econômicas do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA). (Foto: Divulgação)
As crescentes tensões entre Irã e Israel representam uma preocupação global não apenas do ponto de vista geopolítico, mas também econômico. Para o Brasil, que mantém laços comerciais significativos com o Oriente Médio, as repercussões desses conflitos podem se estender de maneiras complexas e variadas ao longo de 2024.
O impacto imediato mais evidente das tensões entre Irã e Israel pode ser observado no mercado de petróleo. O Irã é um dos principais produtores mundiais e qualquer ameaça à sua estabilidade política ou à infraestrutura de petróleo pode levar a choques de oferta, resultando em aumento dos preços globais do petróleo. Para o Brasil, isso tem um duplo efeito. Por um lado, o país, sendo um dos grandes produtores de petróleo, poderia se beneficiar de um aumento nos preços internacionais. Por outro lado, a alta dos preços pode impulsionar os custos internos de energia e produção, o que acabaria por pressionar a inflação doméstica e o custo de vida.
Além do petróleo, o Brasil poderia ver impactos nas relações comerciais e nos investimentos. O Oriente Médio é um mercado importante para as exportações agrícolas brasileiras, especialmente carnes e açúcar. Um conflito prolongado poderia afetar o comércio bilateral, seja por meio de interrupções logísticas ou por conta de sanções econômicas que podem ser impostas por países ocidentais ao Irã, afetando indiretamente as empresas brasileiras que operam na região.
Do ponto de vista dos investimentos, a instabilidade pode levar a uma aversão ao risco por parte dos investidores globais. Isso tende a resultar em uma fuga de capitais dos mercados emergentes, incluindo o Brasil, o que poderia afetar o câmbio e a capacidade do país de financiar seu déficit em conta corrente.
Em resposta, o Brasil precisará monitorar de perto a situação e, talvez, repensar algumas de suas estratégias diplomáticas e comerciais. As autoridades podem precisar implementar iniciativas que amorteçam o impacto econômico interno, como ajustes nas políticas monetária e fiscal, além de buscar diversificar ainda mais seus mercados de exportação e fontes de investimento externo.
Portanto, as tensões entre Irã e Israel têm o potencial de afetar profundamente a economia brasileira em 2024, requerendo uma vigilância constante e adaptações estratégicas por parte do governo e dos setores econômicos envolvidos.