Investidor preocupado com a transição climática pode aplicar em criptoativos que não só consomem menos energia, mas contribuem com o meio ambiente
Hoje já existem no mercado os chamados utility tokens (tokens de utilidade) criptoativos que têm lastro em algo real, como tokens que contribuem diretamente na preservação de florestas.
João Valente, diretor de ativos digitais da Ambipar Group. (Foto: Divulgação)
Com o surgimento dos criptoativos, o grande consumo de energia para a mineração de criptomoedas se tornou a principal preocupação ambiental ligada a este mercado.
Um estudo da Universidade de Cambridge de 2021 mostrou que se o Bitcoin fosse um país, teria o 32º maior consumo de energia do mundo, à frente de países como Países Baixos e Bélgica. Quanto mais energia consumida, mais combustíveis fósseis são utilizados; logo, mais aquecimento global.
Para reverter esse quadro, cresceu o número de criptoativos baseados em proof-of-stake (PoS), um sistema de validação que não depende da solução de cálculos extremamente complexos e que demandam gasto de muita energia computacional, como o (proof-of-work), do Bitcoin.
Mas só isso não é suficiente. O investidor preocupado com a transição climática pode aplicar em criptoativos que não só consomem menos energia, mas contribuem com o meio ambiente.
Hoje já existem no mercado os chamados utility tokens (tokens de utilidade) criptoativos que têm lastro em algo real, como tokens que contribuem diretamente na preservação de florestas.
O token Ambify (ABFY), por exemplo, tem lastro em projetos de preservação na Amazônia, contribuindo para que as comunidades locais vivam bem da floresta em pé, protegendo seus mananciais e sua biodiversidade.
Aliás, o mercado de crédito de carbono no país vem se ampliando e com ele, crescem iniciativas que conectam a descarbonização com o dia a dia das pessoas.
O ABFY possui uma calculadora digital no site do projeto permitindo a você calcular quanto de carbono gera por dia e quantos tokens precisa comprar para compensar suas emissões diárias de CO2.
E toda essa preocupação com criptos realmente verdes, que não sejam greenwashing, levou a própria Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) a trazer novas normas e exigências de transparência em relação aos fundos que investem em criptoativos ditos ESG.
A propósito, este é um mercado que deve crescer ainda mais. Segundo relatório recente da PwC, gestores globais devem aumentar seus ativos sob gestão com selo ESG para US$ 33,9 trilhões até 2026, ante US$ 18,4 trilhões em 2021.
Além disso, o mercado cripto tem se expandido em proporções geométricas no Brasil. De acordo com os últimos dados divulgados pela Receita Federal, 4,1 milhões de pessoas físicas operaram ativos digitais em julho deste ano. O número é 22 vezes maior do que em 2019.
A pesquisa mostrou que o mês de julho registrou o maior número de CNPJs operando no mercado de criptomoedas, com 92.105 empresas. O número é 39 vezes maior do que em 2019. E nesse ritmo, o Brasil vem se tornando referência na expansão do mercado cripto internacional. De acordo com um estudo recente da HedgewithCrypto, o país já é o terceiro mais importante mercado do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Austrália.
Mas o investimento também precisa ser consciente, afinal, o Brasil é o quinto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. Dados de 2021 do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa mostram que 50% são oriundos de desmatamento e mudanças de uso da terra. Ou seja, investir em criptos verdes é investir no futuro.