Estados amazônicos buscam ampliação e desenvolvimento sustentável

Governadores da Amazônia Legal vão ampliar colaboração e desenvolver planos de investimento com órgãos internacionais

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Governadores da Amazônia Legal vão ampliar colaboração e desenvolver planos de investimento com órgãos internacionais (Foto: Marcos Vergueiro)

Novos instrumentos financeiros entram na realidade de governo dos estados amazônicos como forma de estabelecer uma agenda conjunta para iniciativas transfronteiriças, com foco no desenvolvimento sustentável e estrutural da região. A novidade, que foi anunciada no marco da Cúpula da Amazônia, em Belém, capital do Pará, foi construída após conversas entre governo federal, estadual e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Representados pela ministra do Planejamento e Orçamento e governadora do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Simone Tebet, pelo presidente da instituição, Ilan Goldfajn, e o presidente do Consórcio da Amazônia Legal, o governador do Estado do Pará, Helder Barbalho, as negociações chegaram a assinatura de uma carta de intenções para explorar a canalização de recursos financeiros e de cooperação técnica , a fim de apoiar projetos que promovam o desenvolvimento sustentável integrado da Amazônia Legal brasileira, em consonância com um Plano de Ação a ser desenvolvido em conjunto.

“Sem o financiamento adequado não conseguiremos alcançar as metas de conservação de desenvolvimento que o mundo precisa, por isso, essa cooperação com o BID é importante para os Estados da Amazônia Legal, para que sigamos implementando políticas de proteção do nosso patrimônio verde, com respeito à biodiversidade”, disse o governador do Estado do Pará e Presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, Helder Barbalho.

União

A Cúpula também serviu para o lançamento da Coalizão Verde, aliança internacional pioneira, mobilizada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para promover iniciativas concertadas no desenvolvimento sustentável na região amazônica.

"O BNDES define suas prioridades tendo em mente que não haverá futuro para a humanidade sem a preservação da Amazônia e de outros biomas. É um dia marcante para unir forças com o BID e os Bancos de Desenvolvimento da região amazônica, do Brasil e do exterior e para lançar a tão esperada Coalizão Verde, cujo principal objetivo é ampliar o financiamento para promover o desenvolvimento sustentável da região. A iniciativa promoverá a parceria entre os setores público e privado para fomentar renda, geração de emprego e infraestrutura para a Amazônia", disse o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

O projeto, citado por Mercadante, é resultado do compromisso dos 19 bancos de desenvolvimento que assinaram a Declaração Conjunta e da contribuição da Associação Latino-americana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento (ALIDE) e da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE). Do Brasil, assinam, além do BNDES, o Banco do Brasil, Caixa, BNB, Basa e BanPará. Nos multilaterais, além do BID, a CAF (Corporation Andina de Fomento) e o Banco Mundial. Há ainda bancos do Peru, da Colômbia e de outros países.

Investimentos

Em geral, governos estaduais, em todo o Brasil, têm atuado para atrair fontes de crédito focadas no desenvolvimento de projetos sustentáveis ou de forte impacto social. Em maio, o governo do Paraná recebeu US$ 30 milhões do Banco Mundial para a modernização da gestão pública. O valor é a primeira parcela de um financiamento de US$ 130 milhões obtido pelo Estado junto ao órgão internacional em acordo de empréstimo assinado em novembro de 2022, e será utilizado na gestão da saúde, ambiental e planejamento administrativo.

O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e o Banco Mundial (BIRD) também celebraram uma operação no valor de 89,6 milhões de euros (cerca de R$ 500 milhões) para novos investimentos na Região Sul do país. Por meio do programa Sul Resiliente, os recursos serão direcionados a projetos de qualificação da infraestrutura dos municípios para atenuar impactos de desastres naturais e riscos relacionados ao clima, como inundações e deslizamentos.

Outro exemplo, é a divulgação recente de um aporte, em curso, de aproximadamente US$ 40 milhões do Banco Mundial ao governo do Ceará. A quantia será destinada a ampliação do Porto do Pecém, com a construção de infraestrutura para a geração de hidrogênio verde (H2V). Uma nova avaliação de crédito de US$ 100 milhões está em processo, compondo o aporte de R$ 2 bilhões a ser feito até 2027 com foco na produção e exportação de H2V pelo estado.

Ponto de vista

Carlos Jaramillo, vice-presidente de Grupo Banco Mundial

Como o Banco Mundial tem atuado para fomentar crédito em “projetos verdes” na América Latina e Caribe?

Existem grandes oportunidades e o Banco Mundial está respondendo a essas demandas. Acreditamos que este é um momento importante para os países impulsionarem seus investimentos em infraestrutura verde e ambientalmente sustentáveis. No Brasil, a Amazônia simboliza um exemplo perfeito para impulsionarmos a geração de emprego, além da agricultura e turismo sustentável. Também mantemos um programa com o Banco do Brasil para beneficiar projetos de descarbonização para empresas. Inclusive, essa é uma grande prioridade para o Banco Mundial, considerando que temos diversas iniciativas voltadas ao desenvolvimento de energias renováveis e outras tecnologias. Acabamos de aprovar um empréstimo para o Chile desenvolver projetos de hidrogênio verde (H2V), uma opção de combustível limpo que pode ser a grande solução para o futuro.

A região conseguirá recuperar os milhões de empregos perdidos ao longo da pandemia?

O nível de pessoas empregadas voltou ao patamar pré-pandemia, em boa parte dos países. No entanto, em muitos casos, os salários não são tão altos como antes, e isso preocupa em uma época que a inflação prejudica o poder aquisitivo das famílias. Outro tema preocupante é que a geração de empego requer uma mudança de atitude e de política pública, especialmente na parte educacional. A educação na América Latina, com muitas poucas exceções, continua sendo de baixa qualidade. Precisamos investir muito mais na formação e capacitação tecnológica dos jovens, sobretudo por conta do advento do mundo digital.