BID amplia presença no Brasil com crédito de US$ 2 bi e apoio à mobilidade em São Paulo
Banco financia modernização fiscal, lança painel de dados trabalhistas e apoia expansão de ônibus elétricos na capital paulista.
Annete Killmer, chefe da Representação do BID no Brasil. (Foto: Divulgação)
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) vem ampliando sua presença no Brasil com ações voltadas a diferentes esferas da administração pública — do governo federal a estados e municípios — em áreas estratégicas como gestão fiscal, políticas trabalhistas e mobilidade urbana.
Uma das principais iniciativas foi a aprovação de uma **linha de crédito condicional de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 11,3 bilhões)** para financiar a terceira fase do **Programa de Modernização da Gestão Fiscal no Brasil (PROFISCO III)**. O objetivo é apoiar estados e municípios na implementação do novo imposto sobre valor agregado (IVA), aprovado pela reforma tributária, além de promover maior eficiência no gasto público e incorporar critérios ambientais e climáticos na gestão fiscal.
O Amazonas será o primeiro estado beneficiado, com um empréstimo de US$ 30 milhões para modernizar seus órgãos de gestão tributária. O programa prevê transformação digital, uso de inteligência artificial, automação de processos e novas ferramentas digitais** para reduzir litígios, simplificar a burocracia e aprimorar a arrecadação. Também inclui medidas para melhorar a gestão financeira e orçamentária, com foco em eficiência, transparência e sustentabilidade.
A iniciativa trará impactos diretos aos órgãos de administração fiscal, com recursos para aprimorar a gestão das receitas e despesas públicas, além de ferramentas de capacitação. Indiretamente, também beneficiará contribuintes e o setor privado, com serviços mais ágeis, menores custos de conformidade e um ambiente de negócios mais favorável.
Mais trabalho
No campo trabalhista, o BID e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) lançaram o Painel de Indicadores da Rede de Observatórios do Trabalho, uma plataforma digital que reúne dados de diferentes bases nacionais, como PNAD-C (IBGE), RAIS e Caged. O sistema permite cruzar informações por escolaridade, gênero, faixa etária, setor de atividade e localização, oferecendo uma visão detalhada do mercado de trabalho no país.
Para a chefe da Representação do BID no Brasil, Annette Killmer, a ferramenta é estratégica: “Com esse painel que entregamos ao Ministério do Trabalho e Emprego, queremos contribuir para aperfeiçoar a formulação de políticas públicas no país. Direcionar políticas públicas para quem mais precisa é essencial para reduzir a pobreza, as desigualdades e impulsionar a produtividade.”
O ministro Luiz Marinho reforçou a importância de dados confiáveis para embasar o debate público: “Dizem que os jovens não querem trabalhar com carteira assinada. Mas os dados do Caged mostram que, em maio, 80% dos empregos foram ocupados por jovens de até 24 anos. Por isso, dados são importantes para disputarmos narrativas.”
Pela plataforma, é possível realizar análises detalhadas com filtros e recortes por escolaridade, idade, gênero, raça, setor e localização nos âmbitos municipal, estadual e regional — o que permite uma compreensão multidimensional das dinâmicas do mercado de trabalho.
Transporte
Na área de mobilidade urbana, a Prefeitura de São Paulo** obteve aprovação de **US$ 248,3 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão) para expandir a frota de ônibus elétricos. A cidade já incorporou 527 veículos movidos a energia limpa e tem a meta de alcançar 2.200 até 2028. O financiamento do BID, no modelo de **Empréstimo Baseado em Resultados**, apoiará tanto a aquisição quanto a modernização da gestão do sistema de transporte pela SPTrans.
Segundo Annette Killmer, “é parte central da estratégia de apoio do BID ao Brasil impulsionar iniciativas como esta, que avançam em questões ambientais e sociais. Um transporte público mais eficiente, pontual e limpo é também um vetor de combate às desigualdades. É uma honra apoiar a Prefeitura de São Paulo nessa pauta.”
O impacto esperado é significativo: além de beneficiar diretamente os 7 milhões de passageiros diários, a medida trará ganhos ambientais para os 11,5 milhões de moradores da cidade e os 21,5 milhões da região metropolitana, com redução da poluição do ar e do consumo de diesel.
O prefeito Ricardo Nunes destacou também as vantagens econômicas: “O custo de operação de um ônibus a diesel é de R$ 25 mil, enquanto no elétrico a manutenção cai para R$ 5 mil. Ou seja, um ganho de R$ 20 mil por mês por veículo. Teremos ganhos ambientais, melhorias no transporte para passageiros e operadores, além do impacto financeiro positivo.”