Educação evoluirá em 2024 para alcançar a velocidade da inovação tecnológica
A educação é radicalmente diferente ao redor do mundo, mas é amplamente aceitável que, para contratar as melhores pessoas, um diploma de bacharel é o mínimo.
Dr. Werner Vogels, VP e CTO da Amazon. com. (Foto: Divulgação)
Eu me lembro dos ciclos de desenvolvimento de software do passado, quando um produto ficava em desenvolvimento por mais de cinco anos até chegar às mãos dos consumidores. No fim dos anos 1990, esta era uma abordagem aceitável. No mundo atual, porém, esse software estaria totalmente desatualizado antes mesmo de ser colocado em uso.
Graças ao acesso à computação em nuvem, a uma cultura de melhoria contínua e à ampla adoção da abordagem de mínimo produto viável, os nossos ciclos de desenvolvimento de software encurtaram. E o impacto tem sido significativo. As empresas estão lançando produtos no mercado mais rapidamente do que nunca e os clientes estão adotando novas tecnologias em velocidades inimagináveis no passado. Mas um setor que até agora não foi incluído nesse mecanismo de rápida mudança de tecnologia e negócios foi o de educação superior.
A educação é radicalmente diferente ao redor do mundo, mas é amplamente aceitável que, para contratar as melhores pessoas – e para encontrar o melhor emprego para si – um diploma de bacharel é o mínimo. Isso tem sido especialmente verdadeiro em tecnologia. Mas estamos começando a ver esse modelo ruir, tanto para indivíduos como para empresas.
Para estudantes, os custos estão aumentando e muitos agora questionam o valor do diploma de curso superior tradicional. Para as empresas, novas contratações ainda demandam treinamento no trabalho. Ainda que mais e mais indústrias exijam especialização de seus funcionários, o gap entre o que é ensinado na escola e o que os empregadores precisam está aumentando.
Semelhante ao processo de desenvolvimento de software da década passada, alcançamos um ponto pivotal com a educação tecnológica e veremos os treinamentos na empresa, oferecido para poucos, evoluir para uma educação baseada em especializações, liderada pela indústria e oferecida para muitos.
Há anos temos visto indícios dessa mudança em curso. Negócios como a Coursera, que originalmente focava nos consumidores, se juntaram a empresas para escalar seus esforços de qualificação e requalificação. Diplomas básicos continuam ganhando popularidade porque a especialização pode ser dada depois pelo empregador, e aprendizes podem receber enquanto aprendem. Agora, no entanto, as empresas estão começando a investir elas próprias em educação especializada em larga escala.
De fato, a Amazon anunciou recentemente que já treinou 21 milhões de aprendizes de tecnologia em todo o mundo. Os treinamentos permitem que estudantes em qualquer fase de sua carreira possam obter exatamente as especializações que precisam para assumir tarefas com maior demanda, sem precisar se comprometer com programas tradicionais de muitos anos.
Para ser claro, esse conceito tem precedentes: quando você pensa em trabalhadores especializados, como eletricistas, soldadores ou marceneiros, o básico de seus conhecimentos não é obtido em sala de aula. Eles passam de estagiário para aprendiz e, mais tarde, a um journeyperson (aquele especializado para determinadas funções) e em seguida a um master tradesperson (especializado e com experiência). O aprendizado no trabalho é contínuo e há caminhos bem definidos a seguir. Esse estilo de educação de longa data – de aprender e ser curioso – faz bem tanto para as pessoas como para as empresas.
Nada disso significa que os diplomas tradicionais desaparecerão. Esta não é uma situação de um e outro – trata-se de escolha. Ainda haverá áreas da tecnologia em que esse tipo de aprendizado acadêmico continuará sendo importante. Mas haverá muitas indústrias nas quais o impacto da tecnologia ultrapassará os sistemas convencionais de educação. Para atender às demandas das empresas, veremos uma nova era de oportunidades educacionais lideradas pela indústria e que não poderão ser ignoradas.