'América Latina está perfeitamente posicionada para ser parte da solução dos maiores desafios do mundo'

Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento. (Foto: Divulgação)

A nova estratégia de investimentos da União Europeia pode fortalecer o papel da
América Latina e do Caribe (ALC) como parte fundamental da solução para desafios regionais e globais, incluindo mudanças climáticas, biodiversidade e insegurança alimentar, segundo o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn.

“A  América Latina está perfeitamente posicionada para ser parte da
solução dos maiores desafios do mundo, incluindo mudanças climáticas, segurança alimentar e proteção da biodiversidade.Trabalhando juntos, os setores público e privado da Europa e da nossa região podem tornar esta oportunidade uma realidade”,destaca.

EXPERIÊNCIA E FOCO

O brasileiro é o sétimo presidente do BID, que conta com 48 países membros. (Foto: Divulgação)

Indicado pelo governo brasileiro e eleito após votação em novembro do ano passado, Ilan Goldfajn tomou posse como presidente do BID em dezembro. Como chefe da organização, agora ele supervisiona as operações e a administração do Banco, que trabalha com o setor público da América Latina e o Caribe. Além disso, preside o Conselho de Diretores Executivos do BID e o Conselho de Diretores Executivos do BID Invest, que trabalha com o setor privado da região. Goldfajn também lidera o Comitê de Doadores do BID Lab, o laboratório do Banco para projetos inovadores de desenvolvimento.

O brasileiro é o sétimo presidente do BID, que conta com 48 países membros, sendo eleito para um mandato de cinco anos. Ex-diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Ilan Goldfajn comandou o Banco Central do Brasil de 2016 a 2019. Entre 2000 e 2003, foi diretor de Política Econômica da mesma instituição.

SUSTENTABILIDADE

BID lançou o programa “guarda-chuva” holístico Amazônia Sempre. (Foto: Divulgação)

A América Latina é essencial para a transição para a energia limpa. Cerca de 30% do suprimento total de energia latino-americana e do Caribe é proveniente de fontes renováveis – o dobro da média mundial. E, se essas fontes forem devidamente aproveitadas, esse percentual poderá crescer exponencialmente. Na região estão dois terços das reservas de lítio do mundo e 38% de cobre, ambos cruciais para a produção de energia limpa e veículos elétricos, incluindo os fabricados por montadoras europeias. A região também é a maior exportadora líquida de alimentos do mundo e, com as reformas e investimentos corretos, poderá produzir oito vezes mais, aliviando a insegurança alimentar.

Além disso, a região abriga 40% da biodiversidade mundial.A Amazônia, por si, só absorve um quarto das emissões de carbono do mundo, e protegê-la torna-se fundamental para alcançar as metas climáticas globais. Por essa razão, o BID lançou o programa “guarda-chuva” holístico Amazônia Sempre.

De acordo com a organização, a nova agenda da Europa chega em um momento em que o investimento estrangeiro direto na América Latina e no Caribe está crescendo. No ano passado, foi atingido um recorde de US$ 225 bilhões, conforme o novo relatório das Nações Unidas. O investimento direto da Europa na região supera seu investimento direto combinado na Índia, China e Japão.

“Esse aporte beneficia não só a América Latina e o Caribe, mas também a União Europeia, neste momento de muitas prioridades comparti- lhadas. O BID tem sido o parceiro preferencial da Europa e de empresas europeias para ampliar o financiamento e maximizar o impacto, inclusive por meio de ferramentas financeiras novas inovadoras”, enfatiza Goldfajn.