Brasileiros podem abrir mão de privacidade em troca de benefícios
Estudo "Qual o futuro da proteção de dados no Brasil? foi conduzido pela KPMG e a APPC.
Mais jovens indicam que podem renunciar à privacidade em troca de benefícios. (Foto: Unsplash)
A conectividade dos brasileiros é móvel e contínua. Atualmente, 95% dos acessos à internet são realizados por smartphones, onde 94% dos usuários utilizam a internet todos os dias e outros 6% fazem uso frequente, isto é, quase todos os dias. O acesso às redes sociais figura como o primeiro fator de motivação de conexão, seguido pelos demais fatores, em ordem de preferência: fazer compras (68%), internet banking (66%) e assistir filmes/séries (63%). Outro fato relevante é que temas relacionados a trabalho (47%) e estudo (46%) apareceram como itens de menor preferência para utilização da internet.
Essas são algumas das conclusões do estudo “Qual o futuro da proteção de dados no Brasil?”, conduzida pela KPMG e a APPC com 1.000 respondentes brasileiros de todas as regiões e classes sociais. Os participantes indicaram graus de instrução fundamental, médio ou superior e têm mais de 16 anos. O estudo concluiu ainda que a maioria considera o rastreamento na internet uma invasão de privacidade, mas algumas pessoas, principalmente os mais jovens, podem renunciar à privacidade em troca de benefícios.
“As organizações estão buscando fornecer, cada vez mais, experiências melhores aos clientes, tentando um equilíbrio ideal entre personalização e assertividade, para que a fidelização ocorra de forma natural ou preditiva. Isso nos faz confiar em determinados algoritmos, os quais indicam as melhores decisões a serem tomadas. À medida que a geração de dados e o poder de análise aumentam, fica evidente para as organizações com quem elas devem se relacionar e como influenciar melhor essa relação”, afirma Marcos Fugita, sócio-líder de Managed Risk & Security Services da KPMG no Brasil.
O estudo destacou ainda que a ampla maioria (94%) dos respondentes acreditam que as propagandas têm algum nível de relação com seus hábitos de pesquisas e 79% sentem que elas se relacionam com conversas mantidas perto dos dispositivos. Contudo, mesmo assim, os entrevistados continuaram utilizando normalmente (30%) suas redes e dispositivos, mas 37% passaram a prestar mais atenção ao que falam. Em uma escala de preocupação de 1 a 5 (sendo 1 “não me preocupo em nada”, e 5 “me preocupo muito”), 88% deles indicaram notas 4 e 5, revelando que estão preocupados com possíveis vazamento de dados.
“Temas como privacidade, segurança da informação e ética estão ganhando mais relevância no contexto dos negócios, devido à sua sensibilidade e aos impactos negativos que podem causar por meio de exposições ou usos inadequados. Tudo isso faz a sociedade refletir sobre o uso de dados e gera um certo desconforto sobre as fronteiras da nossa privacidade, principalmente em relação a informações que não gostaríamos de compartilhar”, afirma Thiago Leme, sócio-diretor de Managed Risk & Security Services da KPMG no Brasil.
O estudo indicou ainda que a construção de confiança passa a ser um grande diferencial, sendo fundamental que essas interações passem por ajustes, com a maioria (76%) dos respondentes indicando que não voltariam a fazer negócios com uma empresa que tenha dados vazados. Além disso, há muito espaço para melhorar essa relação de confiança. O setor bancário se destacou como tendo o maior índice de confiança (39%). Já as empresas com maior concentração de desconfiança são: telefonia (48%) e comércio (43%).