Sylvia dos Anjos, Petrobras: 'Temos confiança nessa nova fronteira, inclusive, para patrocinar as novas fontes de energia'
Para a diretora-executiva de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, a Margem Equatorial está nos planos e a companhia vem trabalhando para obter a licença que permita estudar a viabilidade de exploração na região.
Sylvia dos Anjos, diretora-executiva de Exploração e Produção da Petrobras. (Foto: Divulgação)
A descoberta de vastas reservas de petróleo na Guiana e no Suriname tem redefinido o panorama energético na região, com impacto nas perspectivas de produção de petróleo em novas fronteiras no Brasil, onde recente a descoberta na costa do Rio Grande do Norte indica o potencial da região. Para a diretora-executiva de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, a Margem Equatorial está nos planos e a companhia vem trabalhando para obter a licença que permita estudar a viabilidade de exploração na região.
“Temos confiança nessa nova fronteira, inclusive, para patrocinar as novas fontes de energia”, disse ela, em painel na ROG.e, um dos maiores eventos de energia do mundo que acontece de segunda (23) a quinta-feira (26), no Boulevard Olímpico, no Rio de Janeiro.
De acordo com o vice-presidente sênior de Águas Profundas da ExxonMobil, Hunter Farris, o Brasil tem uma posição única, ótimos profissionais e um potencial de oportunidades no futuro com a Margem Equatorial. “De 55% a 60% da matriz global energética é proveniente hoje de petróleo e gás, que são necessários para atender à motivação de melhoria de qualidade de vida das pessoas, o que demanda novas descobertas e novas tecnologias”, disse o executivo.
Já para a diretora-geral da COPPE/UFRJ, Suzana Kahn Ribeiro, os problemas relacionados à emissão de carbono são um estímulo à inovação.
“Sabemos que vamos utilizar petróleo nas próximas décadas, portanto, o melhor óleo será aquele com a menor emissão.
Transição energética justa
A transição energética justa e acessível foi tema do Strategic Talks com Anders Opedal, CEO da Equinor. O executivo destacou a estratégia da companhia de operar um portfólio mais enxuto e otimizado, com baixas emissões e alto valor. “Precisamos ter certeza que estamos alocando capital da maneira certa. Fizemos uma avaliação de todos os países e de onde queremos continuar investindo. O Brasil é um deles. Mas a forma que produzimos mudou. Diminuímos emissões em nossos ativos, ao mesmo tempo que colaboramos para garantir energia para nossos consumidores”, completou Opedal.
Soluções da transição
Da eletrificação de frotas, passando pela produção de combustíveis menos poluentes até a precificação do carbono. Essas são algumas alternativas apontadas por especialistas para o que eles chamam de transição energética justa. Para o CEO da Raízen, Ricardo Mussa, a transição energética justa representa uma oportunidade para o Brasil. "Nesse tema, estamos na liderança, mas, agora, de um processo com regras mais claras. Isso tem mais a ver com a dinâmica do país do que o mercado", diz.
Já o CEO da Brava Energia, Décio Oddone, entende que a transição energética é o desafio mais complexo da humanidade. "Não será simples, nem fácil ou rápida. Precisamos pensar em um conjunto de soluções, que vai envolver o uso de tecnologia, inovação, entre outras medidas, como a precificação de carbono."
Compromisso para um futuro de baixo carbono
“A estratégia da Chevron é simples: entregar energia com baixo índice de carbono”, comentou a vice-presidente de Exploração da Chevron, Liz Schwarze, ao ser questionada sobre a contribuição da indústria para um futuro de baixo carbono. A executiva disse que a companhia está investindo em novas fronteiras e ressaltou que vem reduzindo o impacto na emissão de gases nessas operações globais.
O vice-presidente de Exploração da ExxonMobil, John Ardill, afirmou que a empresa tem a meta de entregar uma produção adicional de 5 milhões de barris até 2030, definidas no escopo 1 e 2. Segundo Ardill, o sucesso na Guiana é o principal exemplo dos investimentos em geologia e força de trabalho coletiva.
Descarbonização no downstream
No último painel do primeiro dia ROG.e, William França da Silva, diretor executivo de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, destacou as ações de descarbonização e melhoria em eficiência energética da companhia. “Temos programas como o RefTOP e próGás que visam reduzir as metas da empresa, de 36 para 30 kgCO2e/CWT de intensidade de emissões de gases de efeito estufa.”
Juliano Prado, vice-presidente executivo de comercial B2B da Vibra, destacou que a empresa aposta em ser uma plataforma multienergia, com investimentos mais de R$ 4 bilhões na transição energética. “Com a aquisição da Comerc Energia são cerca de R$ 7 bilhões. Essa parceria objetiva descarbonizar nossas operações e dos nossos parceiros.”
Já Pietro Mendes, secretário nacional de petróleo, gás natural e biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, reforçou o empenho do governo em manter a produção campos maduros, no pré-sal e explorar novas fronteiras “Temos de seguir nesse caminho e buscando ainda derivados mais renováveis”, ressaltou Mendes revelando que o PL Combustível do Futuro será sancionado no início de outubro.
Gás para a transição
O gás natural vai continuar tendo um papel fundamental como combustível de transição na migração para uma energia mais limpa, ao menos até 2050. Essa é a visão de Sindre Knutsson, vice-presidente da área de gás da Rystad Energy. "Em muitos países não é possível fazer transição energética sem o uso do gás natural", disse.
Já o gerente executivo de gás e energia da Petrobras, Álvaro Tupiassú destacou o investimento de R$ 7 bilhões que a Petrobras vai fazer para expansão de infraestrutura de escoamento de gás no país. "A Petrobras espera continuar oferecendo soluções competitivas na venda de gás".
Jovens no setor de energia
Na abertura do Young Summit, evento paralelo da ROG.e voltado à estudantes e jovens profissionais, Haitham al-Ghais, secretário-geral da OPEP, ressaltou a importância de estar em contato com a ‘geração do futuro’. “As projeções indicam que a economia global vai dobrar de tamanho até 2050. Vamos precisar de aumento de 24% na produção de energia em todo o mundo e de mais pessoas trabalhando nesse setor e os jovens têm um papel essencial”.
Roberto Ardenghy, presidente do IBP, mostrou preocupação com a atual demanda da indústria. “Preocupação enorme com o amanhã. A indústria vai continuar endereçando as preocupações legítimas da sociedade. E, para isso, queremos discutir, analisar e refletir sobre o papel do jovem na indústria de energia”, destacou.
O risco de apagão de talentos no setor também foi tema de painel na ROG.e. Em síntese, os impactos destacados pelos especialistas estão relacionados à geração baby boomer que está se aposentando, aos avanços tecnológicos que demandam especialização, ao baixo interesse dos mais jovens por trabalhar no setor de energia.