Por que o tema Diversidade está perdendo força entre os executivos?

Dado é da pesquisa Leadership Outlook, do Evermonte Institute, que mapeou tendências, desafios, modificações e redesenhos do mercado executivo para 2025.

PAULO-WALENDORFFPaulo Walendorff, Diretor associado do Evermonte Institute. (Foto: Divulgação)

Lançada recentemente pelo Evermonte Institute, a pesquisa Leadership Outlook 2025 revelou que o tema Diversidade vem perdendo força entre os executivos brasileiros. Citada por 16% dos entrevistados, a temática aparece em oitavo e último lugar no mapeamento das tendências para 2025 atrás de inteligência artificial (74% de citações); análise de dados e inteligência de negócios (63%); governança (37%); customer experience (34%); sustentabilidade (31%); cibersegurança e proteção de dados (29%); e internet das coisas (17%).

Entre os desafios, o tema recebeu 17% de menções e ocupa a 11ª e última posição na lista, ficando atrás da escassez de profissionais (54%); retenção de talentos (52%); transformação digital (51%); instabilidade econômica (41%); gerenciamento de riscos (31%); cibersegurança (25%); regulamentações e compliance (23%); adaptação a novos modelos de trabalho (23%); sustentabilidade e responsabilidade social (21%); e adaptação à cultura analítica (17%).

Diretor associado do Evermonte Institute, Paulo Walendorff explica que a perda de espaço acontece em razão da entrada de novas temáticas na agenda de negócios como, por exemplo, inteligência artificial e transformação digital. “Essas duas áreas têm se potencializado e, com isso, a área de Diversidade e Inclusão vem perdendo força no orçamento das companhias. Em muitas empresas, os setores de Diversidade e Inclusão, que antes eram autônomos, acabaram sendo incorporados a outras frentes”, ressalta.

Dificuldade de mensuração

Outro motivo para a mudança da pauta entre os executivos é o fato de que os impactos financeiros das iniciativas voltadas à diversidade não são facilmente mensuráveis. “Diante da ausência de métricas claras para medir o retorno desses projetos, eles acabam sendo percebidos como secundários ou dispensáveis, especialmente em momentos de pressão por resultados financeiros”, afirma Walendorff. “Existe, inclusive, a percepção de que o tema se tornou uma ‘buzzword’ corporativa, frequentemente associada a ações superficiais que não geram impacto real”, complementa.

Uma terceira razão se refere às tendências de mercado. Enquanto algumas empresas passaram a efetivamente engajar-se na causa da diversidade, outras observaram uma clara oportunidade de ampliar sua visibilidade por meio do tema. À medida que a temática perde força e outros assuntos entram na agenda de investimentos, sua priorização acaba por desacelerar.

Por fim, há, ainda, um quarto motivo para a perda de espaço do tema na agenda executiva: a escassez de profissionais. Os processos seletivos, mesmo quando não direcionados a perfis específicos, têm se tornado mais longos e complexos. “Isso ocorre devido a uma combinação de fatores, incluindo a disparidade entre as expectativas das empresas em relação aos executivos, as condições oferecidas para atração e, finalmente, a disponibilidade de profissionais que atendam aos requisitos desejados e que, ao mesmo tempo, enxerguem a organização como uma marca atrativa e alinhada às suas aspirações de carreira”, ressalta o diretor associado do Evermonte Institute