Metas para reciclar eletrônicos dependem de avanços na captação
Modelo estima cenários à luz do objetivo de recuperar 17% dos produtos até 2025.
Pilha de telefones celulares com diversos aplicativos. (Foto: Reprodução / Insper)
As metas de reciclagem do lixo eletrônico no Brasil, constantes em acordo setorial de 2019, estão distantes de ser atingidas no ritmo atual. Acelerar a cobertura do serviço, multiplicar pontos de coleta descentralizados e recompensar o usuário pode melhorar essa perspectiva.
Simulações realizadas pelos pesquisadores Daniel Guzzo (Technical University of Denmark), Vinicius Picanço Rodrigues (Insper e University of Strathclyde), Daniela Pigosso (Technical University of Denmark) e Janaina Mascarenhas (USP) chegaram a essa conclusão estudando o mercado brasileiro de smartphones.
O acordo para a implantação da chamada logística reversa no setor, firmado entre os fabricantes de equipamentos eletroeletrônicos perante o Ministério do Meio Ambiente, prevê que 17% do volume que foi disponibilizado ao mercado em 2018, para cada tipo de dispositivo eletrônico, deverá ser adequadamente coletado e tratado em 2025.
Para fazer as estimativas de como se comportaria o mercado brasileiro, os pesquisadores tomaram o segmento de smartphones, porque têm um ciclo de atividade relativamente curto, são fáceis de armazenar nos domicílios e têm um impacto ambiental significativo — são compostos em média por 62 tipos de metais, incluindo os extraídos das chamadas terras raras.
Para simular o comportamento do sistema de coleta do lixo eletrônico, os autores utilizaram variações em torno do que está definido no acordo setorial. O documento preconiza que, até 2025, cidades que somadas abrigam 127 milhões de brasileiros sejam cobertas pelo serviço. Também prevê a existência de um ponto de coleta para cada grupo de 25 mil habitantes.
Variando os parâmetros, a pesquisa compôs 12 cenários para a evolução da reciclagem de smartphones no Brasil. Na simulação que adota os valores constantes no acordo setorial, o país chegaria a 2025 recuperando para reciclagem menos da metade dos 17% da meta.
Apenas uma das 12 simulações conseguiria atingir a marca de 17% de coleta em 2025, mas isso requereria que o sistema fosse reformulado para agregar elevado crescimento da população atendida pelo serviço, mais e mais capilarizados pontos de coleta e uma recompensa para incentivar o usuário a levar o seu smartphone aposentado até um desses locais de coleta.
Fonte: Insper Conhecimento