IA pressiona modelos tradicionais de gestão e força empresas a reverem equilíbrio entre resultados e bem-estar, diz Deloitte
Relatório Global Human Capital Trends 2025 indica que empresas que integram bem-estar às estratégias de negócio registram melhores resultados financeiros e maior capacidade de inovação.
Levantamento indica que empresas ainda enfrentam dificuldades para equilibrar estabilidade e agilidade. (Foto: Reprodução)
O estudo Global Human Capital Trends 2025, da Deloitte, aponta que a ascensão da inteligência artificial e o desgaste dos modelos tradicionais de gestão estão redesenhando o mundo do trabalho. O levantamento indica que empresas ainda enfrentam dificuldades para equilibrar estabilidade e agilidade, além de conciliar desempenho financeiro com práticas ligadas à sustentabilidade humana — conceito que envolve saúde, empregabilidade, propósito e motivação dos profissionais.
No Brasil, a integração desse pilar às estratégias de negócio ainda é incipiente. A pesquisa mostra que a maioria das organizações prioriza ganhos imediatos em detrimento de iniciativas que reforcem o bem-estar. Segundo o relatório, companhias que avançaram nessa agenda obtiveram 2,2% a mais de retorno sobre o patrimônio líquido em cinco anos, reduziram emissões de CO₂ em 50% por dólar de receita e têm maior probabilidade de pagar salários compatíveis com padrões de dignidade.
A pesquisa revela ainda que, em média, 41% do tempo de trabalho é consumido por atividades de baixo valor, ampliando a urgência de uso estratégico da IA. “Equilibrar metas de negócios e resultados humanos é um dos grandes desafios desta década”, afirma Ana Mocny, sócia de Soluções de Capital Humano da Deloitte. Para ela, investir em bem-estar e desenvolvimento gera retornos financeiros mais sustentáveis e fortalece inovação e resiliência organizacional.
Outro destaque é o conceito de stagility — equilíbrio entre estabilidade e agilidade. Embora 72% das empresas reconheçam sua importância, apenas 39% aplicam ações concretas. A hiperpersonalização, com gestão adaptada a motivações individuais, também aparece como tendência, mas só 5% das organizações estão na dianteira.
A pesquisa ouviu quase 10 mil líderes de negócios e RH em 93 países, incluindo o Brasil, além de entrevistas em profundidade com executivos globais.