Cerca de 65% dos inadimplentes dizem que situação financeira impacta diretamente no trabalho
Mais de 75% tiveram que fazer ‘bicos’ e trabalhar informalmente para complementar a renda.
Estudo do Serasa às vésperas do primeiro de maio mostra as diferenças das perspectivas entre os brasileiros que negociaram suas dívidas no último Feirão Limpa Nome. (Foto: Unsplash)
Mesmo com o desemprego mostrando sinais de recuperação, o nível de inadimplência dos brasileiros continua alto. O último Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas da Serasa, divulgado em março, mostra que 70,71 milhões de pessoas estão nesta condição. O cenário traz uma reflexão importante neste 1º de Maio sobre os efeitos que as dificuldades financeiras trazem na vida do trabalhador.
Levantamento feito pela Serasa às vésperas do primeiro de maio mostra as diferenças das perspectivas entre os brasileiros que negociaram suas dívidas no último Feirão Limpa Nome, realizado em março, e os inadimplentes. De acordo com a pesquisa Impactos da Vida Financeira no Trabalho, 65% dos inadimplentes concordam que a situação financeira impacta diretamente na sua vida profissional.
"Aproveitamos o Dia do Trabalhador para mostrar como a saúde financeira impacta na vida profissional, seja no crescimento individual como na produtividade. É muito importante que a educação financeira seja uma pauta constante, mas também que esteja na agenda das empresas e empregadores em ações que auxiliem a vida financeira dos brasileiros", comenta a gerente e especialista em educação financeira da Serasa, Patrícia Camillo.
A pesquisa buscou entender, entre os consumidores, quais os sentimentos em relação ao futuro profissional. Para o grupo de pessoas em situação de negativação, a palavra 'superação’ foi a mais apontada (39%), enquanto o grupo que conseguiu renegociar dívidas elegeu o termo 'motivação' (38%). "Esses sentimentos são muito simbólicos para nós, porque mostram que, quando a pessoa tem a oportunidade de quitar dívidas, voltar a ter acesso ao crédito, ter respiro financeiro, elas se sentem motivadas a voltar a sonhar e fazer planos, sejam eles pessoais ou profissionais, muitas vezes com mais consciência do que antes", explica Patrícia.
Entre os aspectos que as dificuldades financeiras mais impactaram na vida profissional, está o aumento do estresse no ambiente de trabalho (19%) e a redução de oportunidades de crescimento profissional (17%), os quais foram unânimes entre os dois públicos. Um segundo ponto apontado pelos inadimplentes foi o sentimento de medo constante de perder o emprego (13%).
O levantamento trouxe também um dado preocupante sobre informalidade: 76% dos entrevistados precisaram recorrer a um trabalho extra, os chamados "bicos", para complementar a renda. "Isso traduz também, além da inflação e do alto desemprego, a falta de acesso ao crédito no mercado, já que muitas pessoas não têm por onde conseguir crédito e recorrem a informalidade", analisa.
Mesmo com o alto nível de desemprego, de acordo com a pesquisa, o brasileiro segue otimista sobre o futuro profissional: 49% dos consumidores disseram estar esperançosos e têm melhores perspectivas em relação ao mercado de trabalho.
Sobre as metas pessoais que desejam alcançar a partir da vida profissional, quitar as dívidas continua sendo o maior objetivo para os dois públicos, principalmente entre os inadimplentes (57%). Para os consumidores que fecharam acordo no último Feirão, esse percentual é de 43%, mas alguns planos como comprar um imóvel ou casa própria (31%), investir e empreender (25%) ganham mais espaço.
Perguntados se irão conseguir pagar suas contas em dia a partir de agora, 65% do grupo que renegociou dívidas respondeu que sim, enquanto 29% afirmam não ter certeza e 6% não acreditam que isso seja possível. Entre os negativados, 51% estão confiantes em manter suas contas em dia, 38% não têm certeza e 11% acreditam não conseguir arcar com as despesas.
A pesquisa ouviu 4.610 consumidores da base Serasa entre os dias 22 e 26 de abril de 2023, via questionário online.