Maioria dos conselheiros e executivos avalia que suas empresas estão preparadas para choques externos em 2025, aponta pesquisa do IBGC
Estudo aponta que 38,4% dos respondentes têm uma visão “neutra” sobre o tema e 8% se declararam pessimistas; 86,8% acreditam em melhorar da governança nos próximos 12 meses.
Danilo Gregório, gerente de Conhecimento e Relações Institucionais do IBGC. (Foto: Divulgação)
A maioria dos executivos e conselheiros de administração (53,6%) avalia que suas empresas estão preparadas para se anteciparem e mostrarem adaptação a choques externos nos próximos 12 meses, conforme dados da pesquisa “Perspectiva dos conselheiros e executivos – ambiente de negócios e governança corporativa (2ª edição - 2025)”, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). O estudo aponta que 38,4% têm uma visão “neutra” sobre a questão e somente 8% se declararam pessimistas. O levantamento mostra ainda que os profissionais, predominantemente, consideram provável (45%), ou muito provável (41,8%), que a governança corporativa seja aprimorada nas companhias em 2025, totalizando 86,8%.
Entre os conselheiros e executivos que participaram da pesquisa, 32,1% avaliam o ambiente de negócios como “bom” para os próximos 12 meses. Já 24,9% classificam como “ruim”, enquanto 34,4% têm uma avaliação neutra. “Apesar de mais da metade das empresas afirmar estar preparada para choques externos, somente pouco mais de 30% dos entrevistados têm uma perspectiva positiva sobre o cenário, indicando que não há grande otimismo”, afirma Danilo Gregório, gerente de Conhecimento e Relações Institucionais do IBGC.
Na avaliação dos administradores, os fatores que mais poderão colocar em risco o ambiente de negócios são: carga tributária (apontado por 58,7% dos respondentes), inflação (50,1%), corrupção (32,4%), baixa qualificação da mão de obra (25,5%) e dificuldade de obtenção de crédito (23,8%).
Ainda conforme a pesquisa, os principais investimentos pretendidos pelas organizações dos respondentes, nos próximos meses, são: expansão de mercado (55,3%), investimentos em capital humano (33,2%) e em inteligência artificial (30,4%).
“O resultado mostrou que a inteligência artificial, definitivamente, já ocupa um lugar de destaque entre os principais investimentos das empresas, ao lado de fatores tradicionais. Acreditamos que é uma tendência que deve se manter nos próximos anos”, analisa.
Desafios
Enquanto 86,8% dos respondentes declararam que é “provável” ou “muito provável” a intenção de melhorar a governança nos próximos 12 meses, 43,6% afirmaram que as práticas relativas à estrutura e procedimentos do conselho são as mais prováveis de serem aprimoradas. Na sequência, estão as práticas associadas ao compliance e integridade (41,3%) e relacionamento entre sócios (36,7%).
No entanto, os profissionais apontaram que existem alguns desafios para implementá-la, como a percepção de incerteza sobre a relação entre seus custos e benefícios (41,3%). Para 31% dos respondentes, o desafio está no fato de haver um entendimento, entre os principais grupos de influência, de que a governança já se encontra em um nível adequado, sem necessidade de aprimoramento.
“A pesquisa mostrou que há espaço para melhorar a governança, mas nem sempre é fácil identificar benefícios concretos no curto prazo. O mais importante seria ver as boas práticas como fator que reduz riscos e gera valor no longo prazo”, ressalta Danilo.
Tendências
Conforme a pesquisa, os principais temas que os conselhos pretendem discutir com maior frequência em 2025, em relação ao ano anterior, são: inovação (apontado por 56,7% dos respondentes), avanço da inteligência artificial (55,4%) e gestão de riscos (51,9%).
Para 22,6% dos respondentes, os conselhos estão muito despreparados para discutir mudanças climáticas, enquanto 8,2% os consideram totalmente despreparados. Em relação aos desastres ambientais, os percentuais sobem para 25,6% e 8,9%, respectivamente. Sobre o avanço da inteligência artificial, 24% dos conselheiros e executivos consideram os conselhos muito despreparados e 8,9% consideram totalmente despreparados para abordar a questão.
A amostra desta pesquisa é composta por 349 respondentes, dos quais 167 (47,9%) são diretores executivos e 182 (52,1%) são conselheiros. Desse total, 22,9% são conselheiros consultivos; 21,8% são conselheiros de administração; e 7,4% são conselheiros fiscais. Como as respostas foram coletadas de 4 de novembro a 9 de dezembro de 2024, é importante lembrar que as percepções dos participantes podem ter mudado no início de 2025, em função de conjunturas nacional e internacional.