Intenção de investimento em energia elétrica cresce no setor de infraestrutura
Movimento pode ser explicado pelo aumento dos esforços direcionados para a transição energética dos combustíveis fósseis para fontes limpas como eólica e solar.
Movimento pode ser explicado pelo aumento dos esforços direcionados para a transição energética dos combustíveis fósseis para fontes limpas como eólica e solar. (Foto: Freepik)
Energia elétrica registrou o maior crescimento de intenção de investimento nos próximos três anos segundo a nova edição do Barômetro da Infraestrutura, estudo realizado pela EY em parceria com a ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base). Do segundo semestre do ano passado para os primeiros seis meses de 2024, o aumento foi de quase quatro pontos percentuais, mantendo esse setor na segunda posição. O líder continua sendo saneamento básico, mas com uma queda de pouco mais de quatro pontos percentuais de um levantamento para o outro.
As discussões sobre a transição energética estão ganhando cada vez mais destaque, considerando principalmente que as ações atuais no Brasil e no mundo não serão suficientes para conter as emissões de carbono. A expectativa é que as fontes limpas ou renováveis dominem a matriz energética global em 2038, de acordo com estudo recente da EY. A geração renovável, principalmente eólica e solar, deve responder por 38% da matriz energética até 2030 e por 62% até 2050.
O Brasil tem caminhado bem nesse cenário, aparecendo em 2023 na sexta colocação do ranking mundial de geração de energia solar fotovoltaica, segundo o relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA, na sigla em inglês). Há excelentes perspectivas de investimento impulsionadas inclusive pelo governo como o plano NIB (Nova Indústria Brasil), lançado em janeiro deste ano pelo CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial).
Sobre o NIB, o Barômetro da Infraestrutura perguntou os pontos mais positivos do programa. Para a maioria, o equivalente a 38,2% dos entrevistados, trata-se do alinhamento com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em relação à transição energética, reinserção nas cadeias globais de valor e inovação tecnológica. Chamou a atenção a porcentagem elevada de "não sei responder", com 32,9%, demonstrando que essas iniciativas do NIB ainda não são conhecidas por boa parte do setor de infraestrutura.
Integração do setor público com a indústria
O NIB busca integrar o setor público com a indústria para revitalizar a economia brasileira por meio de inovação, aumento da produtividade e sustentabilidade, estabelecendo um cenário mais atrativo para investimentos, com destaque para o desenvolvimento socioeconômico em estados com expressiva atividade industrial. O lançamento desse plano ressaltou o potencial do Brasil para liderar a transição para práticas verdes, visando alinhar o setor industrial com as tendências globais de descarbonização. O comprometimento financeiro do governo, disponibilizando R$ 300 bilhões até 2026, indica um incentivo para esse processo de transformação.
A pesquisa demonstra que o sucesso do programa NIB depende fortemente da colaboração entre governo e setor produtivo (47,4% dos respondentes) e de uma gestão governamental eficaz (33,5%). A adequação da indústria às demandas do programa e o enfrentamento da escassez de mão de obra qualificada são também aspectos críticos, que foram apontados respectivamente por 34,4% e 23,6% dos entrevistados.