Mobilização entre setores público e privado pode acelerar investimentos em infraestrutura e logística no país, dizem autoridades
Empresários e especialistas participaram do 9º Fórum LIDE de Infraestrutura e Logística. Evento debateu modais de transporte e investimentos em projetos estruturantes.
Guilherme Penin destacou resultados modal ferroviário. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
As transformações dos principais modais de transporte e os investimentos em projetos estruturantes no país foram debatidos por empresários e especialistas durante o 9º Fórum LIDE de Infraestrutura e Logística, nesta quarta-feira (5). O evento, divido em três painéis temáticos sobre portos, ferrovias, estradas e saneamento, ocorreu de maneira híbrida, em São Paulo.
O presidente do LIDE Energia, Roberto Giannetti, foi o curador do evento. "Sem consumo e sem investimento não há economia que cresça. Como incentivar investimento neste momento? É preciso mobilização, em parceria, do setor público e privado. O setor público pode estimular a iniciativa privada", avaliou.
"Energias renováveis, mobilidade, infraestruturas, saneamento podem gerar investimentos de centenas de milhões de reais. Isso pode reduzir níveis de desemprego e tem efeito multiplicador. Eleva a competitividade", disse.
Portos e ferrovias
A presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira de Portos Privados (ATP), Patrícia Lascosque, também superintendente de Portos da Suzano, iniciou o fórum comentando dados positivos sobre o crescimento logístico no país, mesmo diante da pandemia: uma margem de crescimento de 20% no setor. A executiva disse que a empresa atuou na doação de respiradores, máscaras e ações para o enfrentamento da atual crise sanitária.
"Apesar deste período ser desafiador aos ânimos, é preciso pensar na importância de investimento em infraestrutura logística e tirar uma mensagem de otimismo em meio a isso. Lembro-me de um artigo revista ‘The Economist’, que traçou um paralelo com as guerras e outras epidemias passadas com a atual situação pandêmica. Circunstâncias, que, desde àquela época, serviram como um impulsionador de oportunidades”, afirmou.
O presidente do LIDE Energia, Roberto Giannetti, foi o curador do evento. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
O diretor institucional da Rumo, Guilherme Penin destacou a importância do setor ferroviário para economia. Ciente dos mercados que trabalham em conjunto com a companhia, de 2015 a 2020, a empresa investiu cerca de R$ 13 bilhões na aquisição de novos maquinários, incluindo locomotivas, investimento tecnológico, trilho, terminais e manutenções periódicas. Como reflexo desses investimentos, nos últimos quatro anos, a Rumo aumentou 40% o volume de cargas transportadas.
“A Rumo mostra a capacidade de empreendedorismo desde a sua origem. Criando alternativas para terminais portuários e ferroviários. Nossa preocupação começa com o produtor, para que os produtos cheguem aos portos com segurança e, consequentemente, beneficiando o consumidor. Tudo isso nas condições de preço, tempo e locomoção”, diz Penin.
Fernando Paes, diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportadores (ANFT), avaliou que um dos maiores desafios para a logística no país é aumentar a capacidade da malha ferroviária, apeasar de haver melhorias no atendimento nesse setor. Isso pode ser entendido como reflexo dos investimentos feitos nas últimas gestões federais, segundo ele. "Outro desafio é a criação de outra modalidade de outorga no Projeto de Lei 261 (em trâmite no Senado Federal)".
Saneamento para todos
Trazendo o olhar para a melhora na condição social, outro assunto debatido no fórum foi o marco regulatório do saneamento básico, reforçando a importância de investir na ampliação da rede e coleta de esgoto, respeitando requisitos técnicos e sanitários. O diretor-presidente da Sabesp, Benedito Braga, pautou a responsabilidade social e ambiental que a empresa possui como duas principais preocupações.
No decorrer do evento, Braga lembrou de iniciativas da como o Água Legal, que beneficiou 400 mil pessoas com as instalações de água e as de coleta de esgoto de forma gratuita para comunidades carentes.
Secretário Marcos Penido falou sobre infraestrutura dos municípios. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
O Secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Marcos Penido também foi categórico ao dizer que estudos são urgentemente necessários para observar as condições de infraestrutura dos municípios. O secretário lembrou que a meta do Marco Regulatório do setor é a universalização do saneamento básico até o ano de 2033.
“Ainda não podemos entrar nas áreas irregulares, isso é um grande desafio. Mas não podemos virar as costas para isso. Então, criamos as unidades de recuperação, como é o caso da Ribeirão Jaguaré. O segundo semestre será um período de conscientização sobre o marco regulatório do saneamento básico. Temos o levantamento daquilo que é necessário ser feito”, completa.
Para o Secretário Nacional de Saneamento, Pedro Maranhão: "Milhares de pessoas são prejudicadas pela ausência do saneamento, até a evasão escolar está ligada a isso. Mais um motivo para reforçar o tratamento de esgoto o quanto antes”.
Secretário Nacional de Saneamento, Pedro Maranhão. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
Estradas inteligentes
Para o diretor de Concessões da Ecorodovias, Rui Klein, a modernização da malha rodoviária passa por uma transformação tecnológica. "Destaco a necessidade de expansão da conectividade por intermédio de sinais disponíveis para celular ou até a implantação de wi-fi ao longo das rodovias", disse, ao projetar grandes investimentos com a quinta geração da tecnologia.
"Junto a isso, nutro expectativas com a vinda do 5G para o Brasil, porque isso automaticamente significa melhoras nas condições dos equipamentos das nossas estradas, beneficiando ainda as pessoas que moram no entorno delas".
O diretor-presidente da Associação de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Marco Aurélio Barcelos, não se pode esquecer da modernização dos equipamentos nesse processo de transformação. "Hoje, por exemplo, tivemos a conquista do pedágio nos moldes free flow, devido à aprovação do PL 8/2013, no Senado. Algo muito positivo e que irá aprimorar a experiência dos usuários", afirmou.
Diretor de Concessões da Ecorodovias, Rui Klein. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
O secretário de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, João Octaviano Machado Neto, avaliou que as concessionárias também precisam se preocupar com a nova demanda dos usuários das rodovias. Com segurança jurídica, as empresas, segundo ele, devem estar preparadas para modernizar os atuais trechos e, também, apliá-los.
"O acesso ao porto de Santos, por exemplo, é feito pela rodovia Anchieta. Estamos discutindo novos modelos, conversando com a concessionária responsável para investimentos na infraestrutura. Porque hoje, quase 95% dos contêineres que chegam à região portuária vêm pelo Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), fato que destaca a importância da malha rodoviária no Estado de São Paulo".
Diretor-presidente da Associação de Concessionárias, Marco Aurélio Barcelos. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)