Matriz energética em transição: segura, descarbonizada e ainda mais competitiva
9º Fórum LIDE de Energia reuniu, de maneira híbrida, empresários, autoridades e especialistas para debater as transformações do setor.
Presidente da Toyota, Rafael Chang: consumidor vai escolher qual a tecnologia com menor impacto usar. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
Matriz energética está em transição, mas deve garantir segurança, ser descarbonizada e bastante competitiva. Essa é a conclusão dos participantes 9º Fórum LIDE de Energia (veja, reveja e ouça abaixo), que reuniu empresários, autoridades e especialistas para debater as transformações do setor. O evento ocorreu nesta terça-feira (31), em São Paulo, de maneira híbrida.
O curador do fórum, Roberto Giannetti da Fonseca, presidente do LIDE Energia, avaliou que a atual crise de abastecimento é benéfica, pois acelera o processo de transição na matriz. "Traz a consciência e dimensão do problema. Não dá para mudar condições climáticas, mas cada dia é importante para termos ações para combater esse dilema".
Presidente da Enel Distribuição São Paulo, Max Xavier Lins. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
Para Giannetti, a política energética do Brasil tem equívocos que precisam ser corrigidos para garantir a eficiência do sistema. "Temos de avaliar qual a mudança estrutural que temos de fazer para a segurança energética, descarbonizada, competitiva. O país tem condições de ser uma potência mundial neste século. É uma oportunidade histórica".
O sócio da GO Associados, Gesner de Oliveira, também professor da FGV e ex-presidente do Cade, disse que é importante transmitir às pessoas a gravidade da atual crise energética. "As pessoas não estão entendendo porque a conta está subindo tanto. Há uma desinformação geral. O que é ruim, porque haverá necessidade de um esforço para explicar a situação".
Roberto Giannetti da Fonseca, presidente do LIDE Energia. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
"Avalio o retorno do horário de verão como uma medida importante para trazer economia de energia. A colocação de placas solares em prédios públicos e a substituição de equipamentos - ineficientes no ponto de eficiência energética - também são uma boa estratégia. Inclusive, algumas empresas do setor privado já começaram a investir nisso", disse Gesner de Oliveira.
O presidente da Enel Distribuição São Paulo, Max Xavier Lins, destacou o crescimento da produção renovável de energia. "As fontes eólica e solar saíram do zero e hoje representam 10 % de toda a energia gerada, em 11 anos. Ganharam escola, se mostraram competitivas em reação ao preço e criaram uma cadeia de produção e serviços", avaliou.
Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Sérgio Gusmão. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
O presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Sérgio Gusmão, lembrou do crescimento da energia térmica que, segundo ele, "tem relação direta com a crise". "Temos um pipeline robusto de pequenas centrais elétricas com dinamismo solar, que pode atuar para a mudança da matriz enérgica", lembrou.
Para o CEO da Tereos, Pierre Santoul, é indispensável que nesse processo de transição sejam considerados os combustíveis. "É interessante entendermos esse impacto no quesito como benefício socioambiental e para o mercado de trabalho, pois hoje, no mundo, temos cerca 2,5 milhões de pessoas empregadas graças ao setor de combustíveis não fósseis".
Presidente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Patrícia Iglecias. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
O presidente da Toyota, Rafael Chang, considerou que “num futuro próximo, será o consumidor quem decidirá qual a tecnologia com impacto socioambiental ele usufruirá”. O objetivo da companhia é estar um passo à frente nos investimentos tecnológicos que tragam benefícios ambientais, mas trabalhando de maneira e com prazos realistas.
A presidente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Patrícia Iglecias, disse que o etanol é uma aposta a curto prazo para acelerar essa transformação. "Os veículos híbridos e flex são grandes alternativas para eliminar problemas de infraestrutura. O álcool, por exemplo, emite 90% a menos de gases de efeito estufa", disse.
O 9º Fórum LIDE de Energia ocorreu de maneira híbrida, seguindo rígidos protocolos sanitários. Todos os participantes, inclusive a equipe técnica do evento e do local, foram testados para a Covid-19 e apresentaram resultados negativos. O chairman do LIDE, Luiz Fernando Furlan, e o diretor-executivo do Grupo Doria, João Doria Neto, participaram da mediação dos debates.