Área tributária desempenha papel relevante na definição de decisões estratégicas para 83% dos executivos no Brasil
Diante da complexidade regulatória e do avanço da IA, a área tributária reinventa modelos operacionais, capacita equipes e assume protagonismo na estratégia das empresas, revela pesquisa da PwC.
A área tributária reinventa modelos operacionais, capacita equipes e assume protagonismo na estratégia das empresas. (Foto: Freepik)
A Global Reframing Tax Survey 2025, estudo global realizado pela PwC com mais de 1.200 executivos em 47 países, incluindo o Brasil, destaca que as empresas reconhecem o papel relevante da área tributária nas decisões estratégicas de negócio. Para 83% dos executivos brasileiros e 60% na média global fatores tributários impactam diretamente nas decisões estratégicas das companhias. Por outro lado, 93% destes líderes no Brasil (95% no mundo) reconhecem que ainda existem lacunas de habilidades em suas equipes tributárias.
O estudo estimula o debate e aponta caminhos para que as empresas encontrem formas de aliviar os problemas e capacitem profissionais da área tributária com habilidades, conhecimento e tecnologia necessários para otimizar as operações e contribuir com a reinvenção dos negócios. Por outro lado, a pesquisa reconhece que os departamentos tributários estão sobrecarregados por obrigações regulatórias cada vez mais complexas, escassez de recursos e um volume crescente de dados. Ou seja, no formato de trabalho tradicional, a área tributária não conseguirá atingir seu potencial e gerar valor.
A solução, de acordo com a pesquisa, vai além da capacitação e inclui adoção de tecnologia e modelos operacionais que combinem recursos de forma inovadora. “A nossa pesquisa global sobre a reconfiguração da área tributária revela o papel crucial da área na reinvenção dos negócios e destaca possíveis ações para que seu pleno potencial seja alcançado. É essencial que o gestor tributário esteja integrado às discussões estratégicas no mais alto nível, contribuindo ativamente para a tomada de decisões e a otimização do retorno das operações, principalmente diante da reforma tributária sobre o consumo no Brasil”, afirma Durval Portela, sócio e líder de consultoria tributária na PwC Brasil.
O estudo da PwC mostra ainda que a IA e a automação começaram a transformar a área tributária. A tecnologia permite otimizar operações e melhorar a conformidade. Mais da metade dos entrevistados tanto na média global como no Brasil indicam benefícios tangíveis com o uso da IA generativa. E mais de 80% deles esperam que a IA generativa transforme o planejamento e a estratégia tributária nos próximos três anos.
As previsões levam em consideração o volume crescente de dados, isso porque apenas tecnologias avançadas como a IA permitirão aos executivos tributários gerar insights estratégicos e atuar como parceiros de negócio valorizados. “O capital humano sozinho não será suficiente. Por isso, é essencial preparar os dados, investir em projetos-piloto e promover confiança e governança para superar essas barreiras e liberar o potencial da área tributária”, completa Durval Portela.
Para além das competências necessárias para a área tributária, o estudo também revela que apenas 27% dos profissionais da área acreditam exercer papel de liderança nas iniciativas de transformação estratégica das organizações. As iniciativas de transformação tendem a focar duas vezes mais em eficiência e redução de custos que em melhoria da gestão tributária estratégica.
Modelo operacional
A Global Reframing Tax Survey 2025 também demonstra que as organizações estão cada vez mais dispostas a terceirizar parte de suas atividades tributárias para otimização de processos, mas também o acesso a novas habilidades, como uso de IA e análise de dados. Mais de 70% dos executivos no Brasil (80% no mundo) estão confortáveis com a ideia de terceirizar ao menos parte de suas atividades fiscais nos próximos três anos.
Os principais motivos para essa tendência reflete a necessidade de superar desafios e adquirir novas capacidades. A complexidade de novas regulamentações, como o Pilar 2 e questões de sustentabilidade, também impulsionam a busca por suporte externo. A terceirização também auxilia na antecipação a mudanças regulatórias e no uso de novas tecnologias, acelerando a adoção sem sobrecarregar as equipes internas.
“O modelo de terceirização evoluiu de uma escolha binária para um leque amplo e flexível de opções, permitindo que as organizações contratem habilidades específicas ou recursos de processamento conforme necessário”, analisa Portela. Para o sócio da PwC Brasil, essa flexibilidade permite que executivos da área tributária utilizem prestadores de serviços externos para atender necessidades imediatas, ao mesmo tempo que mantêm o controle sobre prioridades estratégicas.
Caminhos para a reinvenção
Para que a área tributária cumpra seu potencial transformador em um cenário de reinvenção contínua, o estudo da PwC aponta alguns caminhos. As organizações precisam garantir que as equipes tributárias possuam a combinação certa de conhecimento em tributos, tecnologia e dados. Também indica a necessidade de um plano claro para utilização de IA e automação e a necessidade de avaliação do uso de capacidades externas, como terceirização, para preencher lacunas.