IBGC: apenas 0,5% dos administradores de empresas brasileiras de capital aberto são pretos

Dado é da da pesquisa “Diversidade de gênero e raça de administradores e empregados das empresas de capital aberto, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

sandra-morales_1xSandra Morales, gerente de Impacto Socioambiental do IBGC. (Foto: Divulgação)

Pessoas brancas seguem predominando (82,6%) nos conselhos de administração e nas diretorias das empresas brasileiras de capital aberto. Em proporção expressivamente menor estão pardos (3,4%) e amarelos (1,1%). Além disso, administradores pretos ocupam apenas 0,5% dos cargos e não atingem nem 1% considerando conselhos de administração diretorias e conselhos fiscais. A distribuição é semelhante entre os segmentos de listagem e permanece praticamente inalterada em relação ao ano anterior. Essas são algumas das conclusões da pesquisa “Diversidade de gênero e raça de administradores e empregados das empresas de capital aberto (2ª edição - 2025)”, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

O conteúdo revelou ainda que a maior concentração de brancos está nas diretorias (85,8%), seguida pelos conselhos de administração (83,6% dos cargos efetivos). Os conselhos fiscais apresentam uma concentração um pouco menor de brancos (77,9%) e ligeiramente maior de pretos (0,8%). Dado adicional é que a diversidade é maior entre empregados, mas cai entre líderes. Menos de metade (40,3%) dos empregados são brancos, um terço (33,3%) são pardos e 9,3% são pretos. Ao considerar apenas empregados em posição de liderança, o percentual de brancos sobe para 58,2%, enquanto pardos e pretos caem para 23,3% e 5,3%, respectivamente.

A publicação do IBGC reúne também dados de diversidade de gênero. A proporção de mulheres em conselhos e diretorias apresentou um crescimento lento nos últimos anos, passando de 12,8% em 2021 para 16,1% em 2025, considerando dados do exercício social de 2024. A maioria (83,1%) das empresas com ao menos uma mulher na administração tem presença feminina em conselhos e diretorias, sendo este um avanço mínimo em relação ao ano anterior (82,7%).

“Em 2024 houve pouco avanço na diversidade de gênero entre conselheiros e diretores. Embora grande parte das empresas tenha alguma mulher na administração, elas são minoria nos fóruns que ocupam. Nos conselhos de administração, a minoria dos assentos também é ocupada por mulheres. Enquanto os avanços na diversidade de gênero são limitados, o cenário é ainda mais crítico em relação à raça, com índices praticamente inalterados em relação a 2023. A concentração de brancos nos órgãos da administração cai quase pela metade ao considerar o quadro de empregados. Porém, entre os empregados em posição de liderança, há menor diversidade, com os brancos representando uma proporção bem maior comparando com pardos e pretos, um cenário que ainda exige que diferentes agentes reflitam e atuem para desenvolver ações que promovam maior representatividade destes grupos minoritários", afirma Sandra Morales, gerente de Impacto Socioambiental do IBGC.

A presença feminina é mais comum em conselhos de administração, com 63,9% das empresas tendo mulheres atuando apenas no conselho e 45,1% delas tendo mulheres atuando apenas na diretoria. Mesmo quando presentes, a proporção de mulheres nos conselhos é baixa. As conselheiras ocupam, em média, 21,1% dos assentos dos conselhos de administração. Segundo a pesquisa do IBGC, a presença feminina é maior nas estatais, apesar do avanço tímido. Quase um quinto (19,3%) dos cargos são ocupados por mulheres, frente a 15,7% nas empresas de capital privado e 16,9% nas de controle estrangeiro, um crescimento discreto desde 2021.

A diversidade de gênero é mais equilibrada entre empregados do que na administração, sendo pouco mais que um terço (37,8%) dos 3,4 milhões de empregados do gênero feminino e metade (54,2%) do masculino. O Novo Mercado é o segmento com a maior concentração de gênero feminino entre empregados (41,3%). A liderança também é menos diversa do que o quadro total. Nos empregados em posições de liderança, o percentual de gênero feminino cai para 30,9%, configurando uma ligeira diminuição em relação ao ano anterior (31,4%).

Diante do fortalecimento e da evolução do Programa Diversidade em Conselho (PDeC), dos resultados alcançados ao longo dos anos e da parceria consolidada com o Instituto Conselheira 101 desde 2020, além do êxito nas duas edições (2022 e 2023) do Programa Equidade Racial em Conselhos, o IBGC reconhece os desafios ainda mais expressivos no que tange ao marcador étnico-racial. Com isso, idealizou o Programa Diversidade em Conselho Raízes (PDeC Raízes), voltado à promoção da diversidade étnico-racial. O objetivo é ampliar a presença de pessoas negras e indígenas em conselhos de administração, conselhos consultivos, deliberativos ou fiscais, e em comitês de assessoramento ao conselho de empresas e demais entidades brasileiras, incentivando sua inclusão e participação ativa nesses espaços de decisão.

A pesquisa “Diversidade de gênero e raça de administradores e empregados das empresas de capital aberto (2ª edição - 2025)”, conduzida pelo IBGC, apresenta dados sobre diversidade de gênero e raça de conselhos de administração, conselhos fiscais, diretorias e empregados de 390 empresas de capital aberto, em relação ao exercício social de 2024, com 5.531 administradores ocupando 6.262 cargos distintos, e 3.409.001 empregados. A amostra contemplou os seguintes segmentos de negociação: Básico, Bovespa Mais, Nível 1 de Governança Corporativa, Nível 2 de Governança Corporativa e Novo Mercado.