Ibovespa cai com NY, PIB acima do previsto e de olho em julgamento no STF

O Ibovespa abriu em queda nesta terça-feira, 2, em linha com a desvalorização dos índices de ações do ocidente, na volta do feriado dos mercados dos Estados Unidos, em dia de agenda esvaziada, com destaque apenas as pesquisas de índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) dos EUA

Investidores estão em compasso de espera pelo dado mais importante da semana, o relatório de emprego dos EUA de agosto, o payroll, que sairá na sexta-feira, e poderá indicar os cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Com o retorno dos mercados dos EUA, espera-se que a liquidez melhore na B3, após ficar reduzida ontem.

O Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, divulgado mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), concentram as atenções.

"É um pregão mais cauteloso por conta do exterior e do início do julgamento", diz Bruna Sene, analista de renda variável da Rico. Segundo ela, ainda que o mercado esteja colocando "no preço" o resultado do julgamento, há certo desconforto, devido a possibilidade de novas sanções dos EUA ao Brasil.

Na Europa e nos EUA, os índices de ações cedem. "Temos um início de setembro ruim, de medo, de receio. E setembro é historicamente o pior mês para Wall Street. Nos últimos 10 anos, o S&P caiu no mês de setembro", destaca em nota Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos.

Quanto ao PIB brasileiro, houve alta de 0,4%, ficando acima da mediana de expansão de 0,3% das projeções do mercado financeiro (entre zero e 0,5%), o que demonstra certa resistência da atividade. No trimestre passado, houve crescimento de 1,4%.

"O PIB frustrou porque o mercado contava com uma desaceleração mais forte, o que fez a curva preficifar de forma mais negativa. Isso se somou um pouco ao sentimento de frustração fiscal", diz Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez. Às 11h13, o Ibovespa caía 0,41%, aos 140.692,64 pontos.

Conforme a economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal, o resultado do PIB garante um carrego estatístico de 2,4% do PIB de 2025, tornando uma alta de 2,5% no ano mais plausível. A SulAmérica está revisando a projeção inicial de 2,2% para o PIB de 2025.

"Cerne da mensagem é resiliência. Mensagem de desaceleração segue válida. PIB só coloca em dúvida a velocidade da mesma", afirma Victal em nota. Em termos de política monetária, o resultado do PIB do segundo trimestre confirma o cenário de estabilidade da taxa Selic em nível contracionista, "reforçando a visão de cortes apenas em 2026."

A indicação de arrefecimento da atividade reforça estimativas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciará em breve o ciclo de queda da taxa Selic. A dúvida é quando isso se dará. Por isso e em meio à cautela externa, os juros futuros têm viés para cima e o dólar à vista chegou a subir hoje a R$ 5,5017, na máxima.

Além disso, fica no foco o início do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do ex-presidente e mais sete réus por tentativa de golpe de Estado após a eleição presidencial de 2022.

Há temores de que se houver uma condenação, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prepare novas sanções ao Brasil, elevando ainda mais a tensão comercial entre os países.

Entre as possíveis medidas estão ações contra o Banco do Brasil, segundo a CNN Brasil. Em 21 de agosto, o banco estatal ofereceu ao ministro do STF Alexandre de Moraes, afetado pela Lei Magnitsky, um cartão da bandeira Elo, após o ministro ter um cartão de bandeira americana cancelado. As ações do BB caíam 2,66% às 11h23.

"Após a sentença, como que se dará, em que grau piorará o relacionamento dos Estados Unidos-Brasil? Esse é o grande ponto, essa é a grande expectativa", pontua Correia, da Dom Investimentos.

Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 0,10%, aos 141.283,01 pontos.

Às 11h34 desta terça, o Índice Bovespa caía 0,42%, aos 140.685,82 pontos, ante recuo de 1,17%, na mínima aos 139.625,25 pontos, depois de abertura na máxima aos 141.279,12 pontos, com variação zero.