O refúgio que sussurra: a imersão de Daniela Filomeno no Borgo Santo Pietro

Entre jardins secretos, serviço invisível e gastronomia de origem, Daniela Filomeno descobre no Borgo Santo Pietro um destino que transforma sutilezas em grandes momentos.

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Daniela Filomeno conta como foi mergulhar na atmosfera do Borgo Santo Pietro, uma experiência sofisticada e repleta de sutilezas á lugares que não precisam se anunciar. 

Há lugares que não precisam se anunciar. O Borgo Santo Pietro, na Toscana, é um deles. Enquanto tantos hotéis de luxo competem por atenção, com lustres, mármores e nomes de design internacional, este refúgio prefere o caminho oposto. Sua elegância é sussurrada — revela-se aos poucos.

O contraste é sua linguagem: pedra toscana contra tecidos nobres, vigas antigas sob o brilho de cristais, couro e linho dividindo espaço com cerâmicas artesanais. Nada parece novo, nada parece velho. Tudo se encaixa com a naturalidade de quem amadureceu com o tempo.

A sensação é de ter chegado a uma casa antiga. Cada um dos 22 quartos e suítes tem alma própria. Há opções com lareira, varandas e piscinas privativas, jardins escondidos por vegetação alta e até pequenas casas afastadas do corpo principal, para quem busca silêncio absoluto. Essa ideia de refúgio íntimo é reforçada pelo serviço quase invisível: aparece quando necessário e desaparece antes de você perceber.

La Casa di Unicorno 2Todos os 22 quartos e suítes são diferentes.

O Borgo vive da coerência entre forma e função — estética e propósito. Nada ali é decorativo no sentido superficial. Por lá, funcionam uma fazenda orgânica, vinhedos, laboratório de fermentação, escola de cozinha e um belíssimo spa que formam um mesmo organismo. Um luxo que nasce do cultivo, do cuidado e do tempo.

Durante o dia, cortinas brancas filtram a luz, o aroma de ervas frescas invade os corredores e o som da água corre entre roseiras e caminhos de pedra. À tarde, os jardins ganham cor e as portas se abrem para o campo. À noite, quando as velas se acendem e as lareiras crepitam, o Borgo atinge seu auge: o cenário se dissolve entre sombra e perfume, com tons terrosos e florais barrocos dominando o ambiente.

“Borgo Santo Pietro é meu best of the best.” É uma coreografia entre silêncio, luz e textura. Essa atmosfera sensorial é reforçada por detalhes quase invisíveis: o toque do linho, o brilho discreto de um metal envelhecido, o perfume de lavanda do jardim. O tempo desacelera. E é nesse ritmo que o Borgo se faz entender — não pelo excesso, mas pelos detalhes que só quem está atento consegue captar.

Borgo Santo Pietro SaporiumOs hóspedes podem escolher entre o restaurante Saporium Chiusdino e uma trattoria.

O restaurante Saporium Chiusdino, premiado com estrela Michelin, é parte do próprio DNA do lugar. Ingredientes colhidos na fazenda chegam à mesa com delicadeza. Cada prato traduz uma estação, um vinhedo, uma história. Há ainda uma trattoria mais descontraída e experiências personalizadas, como piqueniques e refeições ao ar livre.

Nada ali grita luxo — e talvez por isso o Borgo Santo Pietro seja um dos lugares mais sofisticados da Toscana. Ele prefere desaparecer um pouco, deixar o visitante descobrir o que há de extraordinário no simples. O verdadeiro requinte, afinal, não está no que brilha, mas no que permanece quando o brilho se apaga.