A esquina Artsy em Miami
Na semana em que a Art Basel movimentou US$ 2 bilhões, a cidade acolheu a abertura da galeria brasileira The House.
Lost and Found Instalação de Jonathas de Andrade, da Galeria Nara Roesler, na Art Basel.
Desde sua primeira edição, em 2002, a Art Basel Miami Beach cresceu a ponto de se tornar um dos principais eventos artísticos dos Estados Unidos. Entre 30 de novembro e 3 de dezembro de 2022, a feira atraiu o recorde de 282 expositores vindos de 38 países. O Brasil esteve presente com 16 galerias, entre elas a Milan, a Raquel Arnaud e a Nara Roesler.
Uma das obras a despertar grande interesse foi Lost And Found, instalação avaliada em US$ 120 mil (o equivalente a R$ 626,3 mil), do artista brasileiro Jonathas de Andrade, representado por Roesler. Andrade recriou em argila, sobre torsos de cabeça para baixo, calções de banho esquecidos em vestiários brasileiros por dez anos. E a diretora Myra Babenco conta que, no segundo dia de feira, a Raquel Arnaud repôs suas obras, porque todas as quatro expostas haviam sido vendidas.
Myra Babenco, da Raquel Arnaud, sucesso de vendas.
O frisson de compradores e curiosos não ocorreu somente no Miami Beach Convention Center, onde transcorria a feira. Vernissages, coquetéis e exposições pipocaram por toda a cidade, constituindo uma espécie de festa paralela. Na divisa entre o Design District e o Wynwood, por exemplo, estava a The House, nova galeria de Jade Matarazzo, Alessandra Gold e Sam Bernstein.
Ocupando cinco mil metros quadrados, numa esquina estratégica do bairro, o espaço planeja receber experiências de moda, design e tecnologia. A galeria abriu as portas no fim de novembro com Exposição Chromatica, uma mostra coletiva com os trabalhos de Claudio Tozzi, Gilberto Salvador, Bia Doria, Laerte Ramos, O Crânio, Ildeu Lazarinni, Miguel Gontijo, Chris Papita e Delson Uchoa, entre muitos outros.
Trabalho de Bia Doria. A artista também é representada pela Opera Gallery, em Miami.
A The House representa a junção da The House of Arts ao grupo The Powerhouse, responsável pelo lançamento do mural da Organização das Nações Unidas em Nova York pintado por Kobra, o reputado muralista brasileiro. A ligação da mentora Jade Matarazzo com o mundo da arte vem de família. Em 1951, seu tio-avô, o empresário Francisco Matarazzo Sobrinho (1892-1977), conhecido por Ciccillo Matarazzo, criou a Bienal Internacional de Arte de São Paulo, a primeira exposição de arte moderna de grande porte realizada fora dos centros culturais europeus e norte-americanos.
Jade também atua como curadora, cria plataformas para destacar talentos brasileiros, consagrados ou emergentes, e apresenta caminhos para novos mercados, de modo a ampliar fronteiras. A The House conta com seu espaço no metaverso, atuante na própria galeria. E não só: “A The House terá também uma escola de arte e residências para artistas de vários países, além de um hub cultural.”
“A ideia é não sermos apenas uma galeria comercial de vendas, mas também um centro de apoio à arte”, diz a curadora.
A The House ocupa cinco mil metros quadrados e fará eventos de arte, como o jantar oferecido para colecionadores na semana de abertura.