Stella Li: Eletromobilidade surge para corresponder aos desafios climáticos e ambientais pela revolução rumo a um transporte moderno
Companhias empenhadas em ações ESG mostram que estratégia e planejamento são pilares para criar marcas sustentáveis.
CPFL Energia: Usina Hidrelétrica de Campos Novos. O grupo faz parte da State Grid, estatal chinesa que é a segunda maior organização empresarial do mundo e a maior empresa de energia elétrica, atendendo 88% do território chinês. (Foto: Divulgação/CPFL)
O ano de 2023 começou com fôlego na implementação de novos decretos e medidas para colocar as políticas ambientais brasileiras nos eixos e posicionar o país no protagonismo internacional. É o que endossam Isabela Morbach e Nathália Weber, fundadoras da CCS Brasil, organização sem fins econômicos criada com a missão de promover a cooperação entre academia, governo, financiadores, indústria e sociedade para desenvolver atividades de Captura e Armazenamento de Carbono no Brasil para fortalecer um futuro sustentável.
Para as especialistas, iniciativas como a reativação do Fundo Amazônia e a criação de um Ministério dos Povos Originários, entre outras políticas públicas, mostram a preocupação do Brasil em relação ao combate às mudanças climáticas e de proteção à biodiversidade. “Nossa nação tem potencial para liderar ações fundamentais que reduzam as emissões de gases de efeito estufa em escala global. Seja por meio da capacidade de fixação de CO2 em florestas e áreas de reflorestamento, pela capacidade de geração de energias limpas e sustentáveis ou por meio da implementação de soluções tecnológicas para a transição para uma economia de baixo carbono”, comenta.
Comprometimento
Gustavo Estrella, presidente do grupo CPFL (Foto: Divulgação)
Representando o segmento de energia, a CPFL recebeu o reconhecimento do CDP (Carbon Disclosure Program) no Supplier Engagement Rating 2022, como Líderes de Engajamento de Fornecedores. Para o ranking, o CDP considerou as respostas corporativas a respeito de mudanças climáticas, avaliando iniciativas desenvolvidas com a cadeia de valor.
As práticas incentivadas pelo CDP estão em acordo com o Plano ESG 2030 da CPFL. A partir disso, a companhia se compromete em impulsionar a transição para uma forma mais sustentável, segura e inteligente de produzir e consumir energia, maximizando os impactos positivos da empresa na sociedade.
“O plano – que é dinâmico e será revisado anualmente – traz novas diretrizes e estratégias para que possamos fornecer energia sustentável, acessível e confiável em todos os momentos, tornando a vida das pessoas mais segura, saudável e próspera nas regiões onde operamos. Essa é uma iniciativa que compõe nosso plano estratégico e está conectada em todos os nossos negócios, pois acreditamos que sustentabilidade deve nortear o nosso dia a dia”, aponta Gustavo Estrella, presidente do grupo.
Um dos compromissos da empresa é de se tornar carbono neutro a partir de 2025 e reduzir 35% das emissões diretas e indiretas.
“As emissões de CO2 não se limitam somente às operações diretas de uma companhia. Por isso, receber o reconhecimento do Carbon Disclosure Project nos diz que acertamos na construção que viemos fazendo para combater as mudanças climáticas em diferentes frentes de atuação, associando a sustentabilidade ao plano estratégico da empresa”, afirma Rodolfo Sirol, diretor de Sustentabilidade e Meio Ambiente da empresa.
Transição energética
Miguel Stilwell d’Andrade, presidente executivo da EDP (Foto: Divulgação/EDP)
Neste contexto em que a emergência climática e a segurança de abastecimento são mais preeminentes do que nunca, o grupo EDP deve aumentar o investimento global para 25 bilhões de euros, acelerando as fontes renováveis, fortalecendo a posição nas redes de eletricidade e apoiando os seus clientes na transformação para um mundo mais sustentável. Apresentado no início de março, em Londres, o grupo anunciou que vai reforçar as estratégias de transição energética ao aumentar o investimento e as metas no seu novo Plano Estratégico 2023-26.
O plano pretende oferecer suporte aos compromissos de neutralidade carbônica da EDP e segue uma abordagem seletiva e disciplinada, alocando 85% do investimento em renováveis, clientes e gestão de energia e 15% em redes de eletricidade em mercados de elevado crescimento e baixo risco.
“Ampliamos nossa ambição de liderar a transição energética apoiados por um portfólio competitivo e resiliente, além de termos a segurança de finanças sólidas, equipe empoderada e a vontade de contribuir para um mudo melhor às futuras gerações. Este plano reforça a nossa intenção de forte crescimento, ao mesmo tempo em que impulsiona mais o nosso compromisso com o planeta e cria valor superior para todos”, afirma Miguel Stilwell d’Andrade, presidente executivo da EDP.
O plano de investimento da empresa combina tectynologias convencionais e emergentes. A eólica onshore e o solar de grande escala vão representar, respetivamente, 40% do plano de investimento de 21 bilhões de euros no segmento das renováveis, complementados por tecnologias emergentes como o solar distribuído (12%), armazenamento e hidrogênio (3%).
Agronegócio
Milton Steagall, CEO do Grupo BBF (Brasil BioFuels) (Foto: Divulgação)
Em abril, o Grupo BBF (Brasil BioFuels) completou 15 anos de sua fundação e segue firme com o propósito de descarbonizar a região Amazônica, gerando mais de 6 mil empregos diretos e 18 mil indiretos. O grupo, que já é o maior produtor de óleo de palma da América Latina, atua desde o cultivo sustentável da palma de óleo, produção de biocombustíveis e geração de energia renovável, acaba de lançar sua nova unidade de negócios: a BBF BioTech.
Sua primeira planta já está em operação em JiParaná (RO) e possui capacidade de produzir mais de 3 mil toneladas por mês. Alinhada com a visão de longo de prazo da companhia, uma segunda planta industrial está em construção, com inauguração prevista para o final de 2023, em Manaus (AM). O investimento nesta segunda unidade será cerca de R$ 90 milhões.
“A palma de óleo é a nossa principal matéria-prima utilizada para produção de biocombustíveis, geração de energia elétrica limpa para localidades isoladas da Amazônia e também no desenvolvimento de insumos renováveis para substituição de produtos petroquímicos. É uma planta que só pode ser cultivada em áreas da Amazônia que foram degradadas até dezembro de 2007, conforme o Zoneamento Agroeco-lógico da Palma de Óleo, Decreto Nº 7.172, de 7 de maio de 2010, do Governo Federal. É uma cultura que não pode ser mecanizada e que gera milhares de empregos no campo, permitindo a recuperação da floresta e o desenvolvimento socioeconômico, pelo fato de estar inserida em regiões carentes de empregos e de infraestrutura”, detalha Milton Steagall, CEO do Grupo BBF (Brasil BioFuels).
Fruto da Palma e Noz de Palmiste. (Foto: Divulgação / BBF)
Milton Steagall, CEO do Grupo BBF (Brasil Biofuels)
De que maneira a tecnologia tem sido usada em prol do meio ambiente nas operações da companhia?
O Grupo BBF estabeleceu parcerias com as principais instituições de pesquisa do País, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) para promover inovação no setor de biotecnologia e desenvolver insumos renováveis para substituição de petroquímicos, utilizando óleos vegetais cultivados pela BBF na região amazônica.
Só em 2022, a companhia depositou 11 registros de patentes no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), relacionados a novas soluções para áreas farmacêuticas, cosméticas, limpeza, alimentos, agricultura e biocombustíveis.Esses novos insumos renováveis estão sendo produzidos na BBF BioTech, nova unidade de negócios do Grupo BBF localizada em Rondônia, em uma linha composta por 10 insumos renováveis para atender diversas indústrias dos segmentos agrícola, cosméticos, alimentícios, limpeza e farmacêuticos.
Até o final do ano, teremos mais uma planta da BBF BioTech em operação em Manaus. Com isso, buscamos ampliar o nosso portfólio de produtos, reforçando o nosso compromisso de descarbonizar diversos setores da economia, antes dependentes de matérias-primas de origem fóssil.
O executivo esclarece que, além de recuperar áreas degradadas da floresta, os mais de 75 mil hectares de palma de óleo cultivados nos estados do Pará e Roraima capturam anualmente mais de 463 mil toneladas de carbono da atmosfera.
“Nossa geração de energia renovável é capaz de retirar anualmente mais de 106 milhões de litros de diesel fóssil da Amazônia, visto que utilizamos biocombustíveis para gerar energia elétrica nas 25 usinas termelétricas que temos em operação e que atendem mais de 140 mil habitantes na região norte”, destaca.
Inovação
Além de insumos, a agricultura é fundamental para fornecer alimentos saudáveis e acessíveis suficientes para uma população em rápido crescimento, ao mesmo tempo em que reduz os impactos ambientais. Por isso, alinhada à estratégia de negócio anunciada em 2019, a BASF tem direcionado as suas inovações para melhorar a produtividade e qualidade dos principais cultivos no mundo.
Com a finalidade de ser reconhecida pelas soluções integradas, além de expandir o leque de opções aos agricultores, já em 2022, a companhia do setor químico anunciou investimento de 944 milhões de euros nas áreas de P&D.
“Os agricultores podem continuar confiando na BASF no desenvolvimento e cocriação de novos ingredientes ativos, formulações inovadoras, eventos biotecnológicos para agregar mais valor na produção agrícola, tanto econômica quanto ambientalmente”, afirma Livio Tedeschi, presidente global da Divisão de Soluções para Agricultura da BASF.
Referência
A considerada maior indústria de alimentos do mundo devido à diversificada plataforma de produtos (aves, suínos, bovinos e ovinos, além de plantbased), em março de 2021, a JBS assumiu o compromisso de se tornar Net Zero até 2040. Isso significa que a companhia vai zerar o balanço líquido das suas emissões de gases causadores do efeito estufa, reduzindo a intensidade das emissões diretas e indiretas e compensando toda a residual. “Em linha com o compromisso, apresentamos durante a COP27, em conjunto com outras empresas, um roadmap global com prazos e métodos declarados para diminuir o lançamento de GEE na atmosfera. Esse Roteiro do Setor Agrícola 1,5°C, é um plano de como gigantes da indústria do óleo de palma, da soja e da pecuária farão para lidar com a perda de florestas nas cadeias de suprimentos, ao mesmo tempo em que protegerão os sistemas alimentares globais e os meios de subsistência dos produtores, visando as metas climáticas globais de conter a temperatura do planeta em 1,5°C“, revela Maurício Bauer, head de Sustentabilidade da JBS Brasil.
Outro exemplo da evolução do trabalho da JBS são os avanços em um pilar estratégico de negócio da companhia no campo da sustentabilidade, que é a Economia Circular. Atualmente, a gigante do setor alimentício reaproveitou resíduos da matéria-prima da produção de bovinos em processos de manufatura de coprodutos como sabonetes e biodiesel.
“O que era resíduo passou a ser matéria-prima para outros processos, reduzindo emissões e melhorando margens. Com base nessa estratégia de negócio, lançamos no ano passado a Genu-in, uma fábrica que produz peptídeos de colágeno e gelatina para a indústria nutracêutica e o mercado de saúde, por meio do aproveitamento de pele bovina. O mesmo princípio lastreia investimentos na fábrica de fertilizantes Campo Forte, também inaugurada em 2022, para a produção de fertilizantes orgânicos, organominerais e especiais, a partir de resíduos orgânicos gerados nas operações da empresa”, comenta o head de sustentabilidade.
Alinhado ao compromisso de contribuir para a redução de emissões, a companhia lançou em 2022, a empresa de locação de caminhões elétricos No Carbon, que é dona atualmente da maior frota de veículos elétricos refrigerados do Brasil e responsável por atender parte da demanda logística de Seara e Friboi em vários estados do país.
Acelerando
Stella Li, vice-presidente executiva da BYD e presidente da BYD Américas (Foto: Divulgação/BYD)
Ao chegar ao Brasil em 205, a BYD inaugurou sua primeira fábrica de montagem de ônibus 100% elétricos em Campinas (SP). Em 2017, abriu uma segunda planta, também em Campinas, para produzir módulos fotovoltaicos. Para abastecer a frota de ônibus elétricos, a empresa iniciou, em 2020, a operação de sua terceira fábrica no Brasil, no Polo Industrial de Manaus (PIM), dedicada à produção de baterias de fosfato de ferro-lítio (LiFePO4).
Além disso, a BYD comercializa no país sistemas de armazenamento de energia, inversores, empilhadeiras, caminhões, furgões e automóveis, todos elétricos e com baixa emissão de poluentes. Em abril de 2021, a BYD Brasil passou a integrar o Pacto Global, da Nações Unidas (ONU). Em novembro do mesmo ano, deu o primeiro passo para o início da comercialização de automóveis de passeio no país e hoje já conta com cinco modelos lançados e uma rede consolidada de concessionárias em operação.
Para Stella Li, vice-presidente executiva da BYD e presidente da BYD Américas, a eletromobilidade surge como uma opção real para corresponder aos desa-fios climáticos e ambientais, por meio da revolução rumo a um transporte moderno, eficiente e, acima de tudo, mais limpo. “A eletromobilidade reduz os GEE, a poluição e o desperdício e melhora o desempenho dos veículos e os custos de manutenção. Os veículos elétricos consomem um quinto da energia dos veículos a combustão interna e emitem menos ruído, gases e material particulado, o que melhora a qualidade do ar e evita doenças. As baterias elétricas têm uma segunda vida útil como solução de armazenamento de energia, completando a economia circular. Os motores elétricos têm menos peças móveis, o que reduz significativamente os custos e gera economia de combustível”, analisa.
“A BYD, líder mundial em tecnologias sustentáveis, tornou-se a primeira montadora a deixar de produzir e vender veículos a combustão em março de 2022. Nosso objetivo é reduzir a temperatura da Terra em 1°C, e já produzimos mais de 3 milhões de veículos eletrificados. Entretanto, precisamos que os países acelerem a transição para o transporte elétrico e incentivem parcerias público-privadas para viabilizar o sistema”, aponta Stella.
Iniciativa
Andrea Azevedo, diretora do Fundo JBS pela Amazônia (Foto: Divulgação/JBS)
Criado em 2020, o Fundo JBS pela Amazônia (FJBSA) é uma organização sem fins lucrativos que apoia e financia projetos que promovem a conservação ambiental e o investimento de impacto na Amazônia. De acordo com Andrea Azevedo, diretora do Fundo, a organização deu início a uma nova fase, dedicada à implementação do Planejamento Estratégico, concluído em dezembro passado.
“Este novo posicionamento veio a partir do nosso natural amadurecimento, das lições aprendidas e de uma ampla consulta dentro do ecossistema em que atuamos. Previsto para vigorar até 2030, o modelo definiu três eixos de atuação e novos programas que servirão de diretrizes para a seleção de projetos”, diz.A partir de então, nos próximos dois anos, o foco da empresa é o de estruturar e implementar um programa de pecuária de cria de baixo carbono com os sistemas agroflorestais dirigido para os pequenos produtores no início da cadeia da pecuária. O programa é dirigido em áreas de florestas já convertidas, aumentando a produtividade sem desmatar, aprimorando o valor gerado para comunidades, mercados, governos e investidores, segundo a diretora do Fundo JBS.
Diversidade e inclusão
A Gerdau, produtora brasileira de aço, figura entre as dez melhores organizações no ranking de diversidade e inclusão do GPTW (Great Place to Work), divulgado recentemente. O relatório destacou a companhia nas categorias Étnico-Racial e Atenção à Primeira Infância. “Nosso propósito é empoderar pessoas que constroem o futuro e criar oportunidades iguais para todas as pessoas. Esse reconhecimento evidencia a evolução das nossas ações para a promoção de um ambiente de trabalho diverso e inclusivo e reforça nosso compromisso em sermos um agente de transformação social”, afirma Carla Fabiana Daniel, líder global de Diversidade e Inclusão da Gerdau.
Cadeia e reciclagem
Marcela De Masi, diretora-executiva de Branding e Comunicação do Grupo Boticário. (Foto: Divulgação/Boticário)
Apesar de ser uma prática adotada por muitas indústrias há algum tempo, a logística reversa prossegue dentre um dos principais desafios na agenda ESG corporativa, pois depende da conscientização e engajamento do público consumidor em grande parte dos processos.
Pensando nisso, o Boticário, vai celebrar seu aniversário de 46 anos reforçando seu compromisso com o meio ambiente e com a sociedade propondo que seus consumidores se juntem à marca numa ação de esforço concentrado para retornar embalagens por meio do programa BotiRecicla.Idealizado há 17 anos, o BotiRecicla é o maior programa de logística reversa em número de pontos de entrega voluntária (PEV) do Brasil no mercado da beleza – são mais de 4 mil pontos em todos os estados, além da grande rede de venda direta com revendedoras recebendo embalagens vazias de produtos de qualquer marca do segmento CFT (sigla em inglês para Cosméticos, Fragrâncias e Higiene Pessoal).
“Temos o histórico de abordar temas latentes socialmente nos aniversários da marca, como no ano passado, quando falamos sobre o etarismo para celebração dos nossos 45 anos. Desta vez não seria diferente, queremos reforçar o nosso compromisso com a sustentabilidade, mostrando como o consumidor pode e precisa ser protagonista na cadeia de reciclagem. Acreditamos que juntos conseguiremos construir um futuro mais benéfico a todos”, afirma Marcela De Masi, diretora-executiva de Branding e Comunicação do Grupo Boticário.