Paula Verlangeiro comenta que elevada taxa de juros é principal problema na construção e reforça a necessidade da reforma tributária
Outros entraves são a alta carga tributária e a falta ou alto custo de trabalhador qualificado. As condições financeiras apresentaram avanço, mas ainda mostram insatisfação do empresário.
Paula Verlangeiro, economista da CNI. (Foto: Reprodução/Linkedin Paula Verlangeiro)
A taxa de juros elevada passou a ocupar o primeiro lugar no ranking de principais problemas para os empresários da construção há um ano. A informação foi constatada pela Sondagem Indústria da Construção, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Apesar de figurar como principal entrave para o setor nos últimos 12 meses, o percentual de assinalações (32,7%) para esse item diminuiu 8,1 pontos percentuais na passagem do segundo para o terceiro trimestre de 2023.
“Essa redução pode sinalizar otimismo em relação ao início do ciclo de cortes na taxa básica de juros, a Selic. Já a elevada carga tributária se manteve no ranking dos principais problemas, neste trimestre em segundo lugar, o que evidencia a necessidade de avanço na reforma tributária”, reforça a economista da CNI, Paula Verlangeiro.
Outro problema que aparece entre os principais para o setor é a falta ou alto custo de trabalhador qualificado, que vem apresentando aumentos sucessivos de assinalações há dois anos. No último trimestre, essa questão ocupou o terceiro lugar e apresentou o terceiro maior percentual de assinalações (23,3%) da série histórica para esse problema. É solicitado que o empresário marque até três itens que constituíram problemas reais para a empresa no período perguntado.
Desempenho da indústria da construção recua em setembro
Em setembro de 2023, o desempenho da indústria da construção recuou, com queda do nível de atividade e do emprego.
O índice do nível de atividade registrou 46,2 pontos, queda de 2,5 pontos quando comparado com agosto. O recuo desse índice mostra que a queda do nível de atividade na passagem de agosto para setembro foi particularmente intensa e disseminada pelas empresas. O indicador ficou abaixo da média para meses de setembro (47,4 pontos).
Em linha com esses resultados, a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) também diminuiu, de 68% para 67% de agosto para setembro.
Condições financeiras avançam, mas ainda sinalizam insatisfação dos empresários
As condições financeiras apresentaram avanço, mas os índices de situação financeira, de margem de lucro operacional e de acesso ao crédito ainda sinalizam insatisfação dos empresários.
Já o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da indústria da construção apresentou otimismo mais moderado, sobretudo por conta da avaliação das condições atuais, que se tornou mais negativa. As expectativas de nível de atividade, de novos empreendimentos e serviços e de número de empregados melhoraram para os próximos seis meses.