Marco Stefanini: 'O surgimento do ChatGPT e de modelos similares deram uma chacoalhada no mercado'
IA generativa está em 55% das empresas e deve movimentar US$ 1,3 trilhões na economia até 2032.
Marco Stefanini, fundador e CEO Global do Grupo Stefanini. (Foto: Divulgação)
A adoção de processos virtuais criados a partir de Inteligência Artificial como o ChatGPT, YouChat, Jasper, Bard, entre outros, tem sido cada vez mais frequente em diversos setores visando agentes otimização de tarefas e atualização dos processos. As aplicações não estão sendo benéficas somente para as indústrias, mas também para o mercado, que está aquecido com as movimentações que a IA tem gerado.
De acordo com estudo desenvolvido pelo Gartner, 55% das empresas estão em fase de testes ou de produção com Inteligência Artificial (IA) Generativa. Ainda de acordo com o Gartner, cerca de 78% dos entrevistados acreditam que os benefícios da IA Generativa superam os riscos. O índice é maior do que os 68% que relataram esse sentimento na pesquisa anterior.
Potencial
Relatório da Bloomberg Intelligence destaca que apenas entre este e o ano passado, as aplicações de inteligência artificial voltadas para o usuário final movimentaram US$ 40 bilhões. A expectativa é que até 2032 a IA alcance US$ 1.3 trilhões com as movimentações de mercado. O estudo ainda aponta que a taxa de crescimento de IA na próxima década deve ser de 42% ao ano – quase dobrando seu alcance anualmente.
A tendência é que em 2024 surjam outras áreas de aplicação de forma a ramificar o uso de IA, como: IA Conversacional para atendimento ao cliente, proporcionando experiências mais gratificantes e eficazes, reduzindo o tempo de espera e resolvendo consultas de maneira precisa; Deep Learning, ou Aprendizado Aprofundado, uma técnica de IA que permite aos computadores aprenderem tarefas complexas sem programação explícita, apenas por meio de comparação de dados; Aumento da cibersegurança, IA está emergindo como uma ferramenta crucial para combater ameaças cibernéticas; entre outras evoluções.
Prioridade
Com crescimento global previsto de 18% a 20%, o Grupo Stefanini, multinacional brasileira presente em 41 países e com mais de 34 mil funcionários, fechará 2023 com um faturamento superior a R$ 7 bilhões. Com novas aquisições no radar, tanto no Brasil quanto no exterior, o Grupo Stefanini pretende investir até 2026 cerca de R$ 1 bilhão em M&A, o dobro do que foi direcionado para a área no último triênio. Parte desse valor também será utilizado no desenvolvimento de novos produtos e serviços com IA generativa.
“Há mais de 12 anos trabalhamos com Inteligência Artificial por meio da nossa venture Woopi, que criou a assistente virtual inteligente Sophie. O surgimento do ChatGPT e de modelos similares deram uma chacoalhada no mercado, porém nossa experiência em IA permitiu agir rápido para desenvolver e implementar a tecnologia dentro de casa e em nossos clientes”, afirma Marco Stefanini, fundador e CEO Global do Grupo Stefanini.
Para atender às diversas demandas por inteligência Artificial, a Stefanini dispõe de uma extensa biblioteca, com mais de 1000 ferramentas de IA que são utilizadas para apoiar as equipes internas no desenvolvimento de soluções. Uma vez testadas, essas ferramentas são aplicadas às soluções da Stefanini, o que representa um upgrade no portifólio de ofertas da companhia – Aplicações, Banking, Cyber, Data Science, Digital Workplace, Manufatura, Marketing Digital e Vendas, entre outras.
“Antes da nossa solução de IA generativa chegar ao cliente, testamos internamente em várias áreas como atendimento ao cliente, desenvolvimento de software, marketing e recursos humanos. O fato das aplicações de IA serem testadas internamente possibilitou às equipes trabalharem melhor e mais rápido, além de oferecerem uma camada extra de credibilidade, já que as soluções de IA levadas ao mercado foram testadas e comprovaram sua eficiência previamente”, explica Alex Winetzki, CEO da Woopi e diretor de P&D da Stefanini.
Impacto
A expressão “Boring AI” trata-se de um termo que descreve o uso da Inteligência Artificial não para criar algo novo ou transformador, mas sim para acelerar o que já fazemos, buscando um ganho significativo na produtividade e eficiência.
Sem dúvida, várias empresas têm aproveitado essa estratégia. Um exemplo notável é o Mercado Livre, que se destacou na carta anual de Satya Nadella, presidente da Microsoft, como um exemplo para a América Latina. Na carta, ele ressalta como a empresa conseguiu reduzir em 50% o tempo dedicado por seus programadores à escrita de código, graças ao uso do Github Copilot, um software que gera automaticamente sugestões de código.
Além da Microsoft, uma das principais investidoras da OpenAI, a criadora do ChatGPT, outras gigantes da indústria de tecnologia, como Meta, Google e Amazon, desempenham papéis de grande relevância nesse avanço. Elas contribuem com soluções que abrangem desde desafios individuais até questões corporativas mais amplas.
"Em uma perspectiva de curto prazo, os benefícios são notáveis e já apresentam resultados concretos. Mas muitas empresas correm o risco de perder o melhor da IA, iludindo-se com a ideia de que estão aproveitando todo o seu potencial ao fazer mais em menos tempo e com menos pessoas. Elas precisam entender que os ganhos com a hiperprodutividade é mais sobre não ficar para trás do que sobre abrir novos caminhos e disparar na frente", explica Alexandre Magno, consultor independente especializado em auxiliar empresas que enfrentam desafios substanciais de transformação.
"O mercado já entende a força que a tecnologia tem em movimentar a economia, gerar mais rentabilidade e auxiliar no dia a dia para que as demandas sejam entregues com cada vez mais rapidez e assertividade. A aplicação de agentes inteligentes no mercado de trabalho não é mais uma tendência, é uma necessidade e essa evolução não volta atrás", completa Thiago Oliveira, CEO e fundador da Monest.