Larissa Nocko, CNI: 'Esperamos uma redução das concessões de crédito às empresas nesse ano, em termos reais, e um crescimento fraco das concessões aos consumidores'
Especialista analisa que os juros altos seguem como um importante fator de desaceleração da indústria.
Larissa Nocko, economista da CNI. (Foto: Divulgação)
Os Indicadores Industriais, da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram perda de dinamismo da atividade da indústria de transformação na passagem de agosto para setembro. O faturamento real da indústria de transformação caiu 0,5% no período, as horas trabalhadas recuaram 1% e a utilização da capacidade instalada manteve tendência de queda, com redução de 0,3 ponto percentual entre um mês e outro.
De acordo com a economista da CNI Larissa Nocko, os juros altos seguem como um importante fator de desaceleração da indústria. "Apesar do início dos cortes da taxa básica de juros, ela permanece exercendo um papel restritivo sobre a economia, contribuindo para um ambiente de crédito bastante desfavorável", explica. Larissa lembra que o nível de endividamento e de inadimplência das famílias e a taxa média de juros das operações de crédito se encontram bastante elevados.
"Esperamos uma redução das concessões de crédito às empresas nesse ano, em termos reais, e um crescimento fraco das concessões aos consumidores, o que já vem repercutindo sobre uma demanda bastante enfraquecida", afirma a economista.
O faturamento intercalou altas e baixas durante o ano, mas o terceiro trimestre indica que a trajetória é de queda. Na comparação com setembro de 2022, o indicador apresenta queda de 1,4%. As horas trabalhadas registram o quarto mês sem avanços e, na comparação com o mesmo mês do ano passado, apresenta recuo de 3,5%. O emprego registrou estabilidade em setembro, com variação negativa de 0,1%.
Rendimento médio do trabalhador da indústria sobe e atinge ponto mais alto do ano
O rendimento médio real apresentou crescimento de 1,6% em setembro, na comparação com agosto de 2023. Ao longo deste ano, o indicador alternou entre avanços e quedas, no entanto, com as altas mais intensas que os recuos. Trata-se do segundo mês consecutivo de crescimento do rendimento, que acumulou avanço de 2,7%. Com o resultado de setembro, o indicador atinge o ponto mais alto do ano. Na comparação com setembro de 2022, o indicador apresenta crescimento de 2,8%.
Massa salarial cresce pelo segundo mês e dá sequência à trajetória de avanço
A massa salarial real da indústria de transformação cresceu 1,5% em setembro de 2023 na comparação com o mês anterior. Na comparação com setembro de 2022, houve avanço de 3,1%.