Grandes companhias avançam com práticas de economia circular
85% das indústrias no Brasil desenvolvem pelo menos uma prática de economia circular.
Gustavo Ambar, presidente da Whirlpool no Brasil. (Foto: Divulgação)
Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Centro de Pesquisa em Economia Circular da Universidade de São Paulo (USP), produzida em 2024, junto à base industrial, revelou que 85% das indústrias no Brasil desenvolvem pelo menos uma prática de economia circular – sistema em que o modo de produção é redesenhado para permitir um fluxo circular dos recursos, minimizar os resíduos e contribuir para o desenvolvimento sustentável.
A Brastemp, marca da Whirlpool, é reconhecida por oferecer inovação com propósito por ações que vão desde a fabricação, até o descarte consciente no final da vida útil dos eletrodomésticos. Por meio de seu programa, “Por Outro Mundo”, Sistema de Logística Reversa criado em 2023, a empresa oferece o serviço de coleta e descarte de eletroeletrônicos gratuito, em todo o Brasil de qualquer marca ou tipo.
Para ter acesso ao programa, basta o consumidor acessar o site da marca, preencher o forP mulário disponível e aguardar o contato para agendamento da coleta. Itens acima de 30 quilos, como geladeiras, fogões e máquinas de lavar, têm coleta domiciliar, enquanto os de menor porte, recebem o código de postagem gratuita e devem ser levados em um dos mais de 15 mil pontos de coleta localizados em todo o território nacional.
“A agenda faz parte de várias iniciativas da companhia, que atua na pauta ESG há mais de 60 anos, para aumentar a conscientização dos consumidores sobre sustentabilidade e circularidade. Além do Sistema de Logística Reversa, a Whirlpool se compromete com outras ações, como atingir a meta global de Net Zero até 2030, gerenciando resíduos industriais, reutilizando cerca de 98% da água nas plantas no Brasil e desenvolvemos o uso de resinas recicladas em duas de nossas plantas já, Rio Claro e Joinville”, afirma Gustavo Ambar, presidente da Whirlpool no Brasil.
Embalagens
Nauterra, empresa de alimentação global, que opera com a Gomes da Costa no Brasil, realizou duas iniciativas na reformulação de suas embalagens que reduziram significativamente o uso de matérias-primas. A primeira iniciativa, que começou a ser desenvolvida e implementada há pouco mais de um ano, concentrou-se na otimização da quantidade de aço utilizado nos anéis das embalagens.
Superando o desafio de garantir a funcionalidade do produto com 9% a menos de material, sem perder a qualidade, ao todo, esse projeto resultou em 60 toneladas de aço a menos no meio ambiente. Esse número equivale ao peso de 60 piscinas olímpicas cheias de areia. “Estamos muito satisfeitos com o resultado dessa iniciativa e atentos às outras oportunidades que podemos implementar na nossa empresa, que tem a sustentabilidade como um de seus pilares” explica Malu Girardi Pereira, coordenadora de meio ambiente da Nauterra Divisão América e especialista em gestão e engenharia ambiental.
O segundo projeto, mais recente, otimizou o plano de corte para as latas de 250g. Ajustando a mecânica dos equipamentos existentes, a Nauterra adequou o tamanho da folha de aço necessária para produzir a mesma quantidade de latas. A iniciativa resultou em 34 toneladas a menos de aço consumido por ano, o equivalente a quase 40 carros populares.
Essas iniciativas estão alinhadas com o programa ‘Compromisso Responsável’, uma agenda voluntária com 21 objetivos focados em oceanos, meio ambiente e pessoas, alinhada aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e com meta de cumprimento ainda em 2025. Um dos projetos, chamado de Resíduo Zero, visa zerar o envio de resíduos para aterros por meio de gestão correta e logística reversa, e já atingiu percentual acima de 98% de resíduos valorizados, tanto na fábrica de embalagens como de alimentos. “Todos esses resultados positivos nos motivam a continuar aprimorando as nossas práticas sustentáveis.” acrescenta a especialista.
Circularidade
Grupo Heineken, por meio de seu ecossistema de negócios de impacto Heineken Spin, em parceria com a Ambipar, inauguraram o primeiro centro de beneficiamento do vidro no Brasil. Com um investimento inicial de R$ 8 milhões, o espaço está localizado na cidade de Jaboatão dos Guararapes, sendo focado no recebimento, triagem e beneficiamento do material.
As empresas preveem expressivo processamento de vidro, além de gerar 60 empregos (diretos e indiretos) e integrar dez cooperativas de reciclagem de Recife, totalizando 300 catadores. A atividade deste centro terá foco em dar o tratamento adequado ao vidro oriundo de embalagens pós-consumo e, em parceria com a Ambipar, a companhia atuará também na venda do material à indústria vidreira, alimentando um ciclo de circularidade e renda. O centro de reciclagem será instituído no espaço já ocupado pela Ambipar no Estado dedicados para logística reversa.
De acordo com as empresas, Pernambuco foi escolhido como praça prioritária para início das atividades ainda esse ano por seu potencial econômico e sustentável. Em 2023, o Grupo Heineken investiu R$ 1,2 bilhão em sua cervejaria de Igarassu para impulsionar seu portfólio mainstream puro malte, principalmente com Amstel. Prevendo, a partir disso, uma necessidade ainda maior de captação, tratamento e logística reversa do vidro, o aporte também teve como objetivo acelerar a agenda de sustentabilidade da companhia na região. Além disso, Pernambuco conta com uma das maiores unidades da Ambipar Environment no Brasil, somando 14.000 m² de área operacional, equivalente a mais de 11 piscinas olímpicas.
“A ideia é cobrir áreas em que a coleta de vidro é praticamente inexistente. Acreditamos que aproximando a logística e gerando demanda pelo material nessas regiões, conseguiremos ter um custo menor e, consequentemente, uma remuneração melhor para quem está na ponta dessa cadeia de valor: os catadores. Nosso objetivo é fortalecer o ciclo de circularidade do vidro, ampliando nossa atuação com a compra e venda do caco, o que nos permite contribuir com novos elos da cadeia. Além de fornecedores, queremos ser um parceiro ativo, facilitando o fluxo de matéria-prima reciclada e incentivando uma cadeia produtiva mais eficiente para todos os envolvidos.”, explica Mauro Homem, vice-presidente de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos do Grupo Heineken.