Potencial da economia verde cria quadro favorável para o surgimento de novas fontes de financiamento
O volume de títulos verdes vitalícios ultrapassou a marca de US$ 3 trilhões desde o início do mercado em 2006, contribuindo para o volume acumulado de US$ 4,7 trilhões, um recorde.
Rogerio Monori, diretor-executivo do atacado do banco BV. (Foto: Divulgação)
O primeiro trimestre do ano foi o melhor já registrado em volumes de financiamento sustentável, de acordo com o último Relatório Trimestral de Mercado da Climate Bonds Initiative (Climate Bonds), divulgado em junho. Cerca de US$ 272,7 bilhões em volume de títulos verdes, sociais, de sustentabilidade, vinculados à sustentabilidade, blue bonds e de transição (GSS+) alinhados foram adicionados no período, 41% a mais do que os US$ 193 bilhões aplicados no quarto trimestre de 2023. O volume de títulos verdes vitalícios ultrapassou a marca de US$ 3 trilhões desde o início do mercado em 2006, contribuindo para o volume acumulado de US$ 4,7 trilhões, um recorde.
Para Caroline Harrison, diretora de desenvolvimento técnico da Climate Bonds, poderemos ver um ano recorde próximo de 1 bilião de dólares só em títulos verdes em 2024.
“O crescimento sustentado deste mercado reflete o entusiasmo dos emitentes em descarbonizar as suas operações o mais rápido possível e aproveitar as oportunidades. O papel de liderança que os emitentes soberanos estão assumindo neste segmento sugere que a urgência da transição está presente nas grandes companhias”, diz.
Governo
A segunda emissão de títulos públicos sustentáveis no mercado internacional, realizada em 20 de junho, rendeu US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões). O valor confirmou as estimativas mais recentes apresentadas pelo Tesouro Nacional. Os papéis pagarão taxa de retorno (juros) de 6,375% ao ano. Isso significa que o governo brasileiro pagará os US$ 2 bilhões levantados na Bolsa de Nova York com correção de 6,375% ao ano no vencimento dos papéis. Na primeira emissão, realizada em novembro do ano passado, os investidores pediram taxas de 6,5% ao ano.
Segundo o Tesouro Nacional, os pedidos totalizaram US$ 4,7 bilhões. Houve expressiva participação de investidores estrangeiros, com 77% dos compradores da Europa e da América do Norte. A América Latina, incluindo o Brasil, respondeu por 14% das compras. Papéis federais lançados no exterior, os títulos verdes são vinculados a compromissos com o meio ambiente. Em vez de receber meros juros financeiros, investidores estrangeiros receberiam os rendimentos de um projeto sustentável, que ficarão em 6,375% ao ano para os compradores dos títulos.
Potencial
Um novo relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Instituto Igarapé examina a bioeconomia dos oito países amazônicos e apresenta oportunidades para a criação de alternativas econômicas sustentáveis para quase 50 milhões de pessoas que vivem na região. O relatório traz informações sobre como proteger a floresta amazônica de um ponto de não retorno devido ao desmatamento e à degradação.
“Um ponto de partida para escalar a bioeconomia da Amazônia é entender como ela é definida, mas uma definição rígida poderia ser contraproducente quando se trata de promover atividades econômicas sustentáveis”, detalha Tatiana Schor, chefe da Unidade Amazônica do BID.
De acordo com diversos analistas, os países amazônicos estão particularmente bem-posicionados para contribuir para o mercado global de bioeconomia e captação de investimentos, que deverá atingir US$ 7,7 trilhões até 2030. A mudança global para investimentos em soluções baseadas na natureza também promete abrir novos canais para a bioeconomia.
Mercado
A Mercedes-Benz Cars & Vans Brasil acaba de renovar uma aplicação com o banco BV no valor de R$ 10 milhões para financiar projetos que contribuem com a agenda ESG do país. Com essa operação são beneficiados os projetos e ativos relacionados à energia renovável, mais especificamente à energia solar ou eólica, além de projetos que atendam aos critérios de elegibilidade Green Bond Principles, que contemplam títulos verdes, emitidos especificamente para financiar projetos com benefícios ambientais.
“Fomos a primeira marca do setor automotivo a anunciar um investimento em CDB Green e, após dois anos, renovamos a aplicação. Isso porque seguimos investindo e acreditando em ações como essa, que reforçam a sustentabilidade presente em todos os nossos pontos de atuação”, afirma Edgar Pina, Head de Tesouraria da Mercedes-Benz Cars & Vans Brasil.
“Nos últimos três anos foram destinados R$ 22 bilhões em empréstimos e operações no mercado de capitais para apoiar iniciativas com foco em projetos e metas ambientais, sociais e climáticos. Entre os usos destes recursos estão projetos de energia renovável, agronegócio de baixo carbono, saneamento, assim como financiamento de veículos elétricos e instalação de painéis elétricos para os clientes do varejo”, explica Rogerio Monori, diretor-executivo do atacado do banco BV”, destaca.