'Fui contratada para acelerar o crescimento da companhia no Brasil', diz Poliana Sousa, CEO da General Mills

À frente da General Mills Brasil, executiva quer transformar marcas e impactar positivamente o mercado e a sociedade.

 

Poliana Sousa_Presidente da General Mills no Brasil_1Poliana Sousa, presidente da General Mills Brasil destaca como uma das principais líderes do setor de bens de consumo no Brasil. (Foto: Divulgação)

Em um setor historicamente marcado por mudanças rápidas no comportamento do consumidor e pela pressão constante por novidades, Poliana Sousa se destaca como uma das principais líderes do setor de bens de consumo no Brasil. Atual presidente da General Mills Brasil, dona de marcas icônicas como Yoki, Häagen-Dazs e Kitano, Poliana carrega em sua trajetória uma combinação rara de ousadia estratégica, empatia corporativa e foco em resultados com propósito.

Com mais de 25 anos de experiência em Marketing e Liderança de Negócios em grandes empresas de bens de consumo, como Unilever, Procter & Gamble e Coca-Cola, Poliana Sousa assumiu em setembro do ano passado a presidência da General Mills. “Minha experiência nos Estados Unidos foi chave na minha formação como profissional. Iniciei minha carreira na P&G, atuando no mercado norte-americano. A experiência em uma economia mais desenvolvida é muito enriquecedora, pois nos traz uma visão mais fortalecida para identificação de oportunidades em economias e países em desenvolvimento, como o Brasil. Outro fator muito interessante que agregou de forma significativa foi a oportunidade de trabalhar com perfis de consumo e regionalismos diferentes”, conta.

Versatilidade

Sua passagem por diferentes áreas e culturas corporativas consolidou uma visão de negócios ampla e voltada para a construção de marcas relevantes e conectadas com o consumidor. Desde que assumiu a presidência da companhia no país, Poliana tem liderado um movimento de transformação da empresa, com foco em inovação, sustentabilidade e cultura organizacional. Sob sua gestão, a companhia passou a investir fortemente em digitalização, diversidade e inclusão, e reposicionou marcas tradicionais brasileiras, como Yoki, para dialogarem melhor com novas gerações e perfis de consumo.

“Fui contratada exatamente como parte de um plano de investimentos robusto que prevê acelerar o crescimento da companhia no país, tornando o nosso mercado um dos mais relevantes para operação internacional da empresa. A penetração dos produtos General Mills nos lares norte-americanos chega a quase 90%, por isso, hoje a companhia tem um foco grande em desenvolver novos mercados, dentro da sua divisão de negócios ‘Internacional’. O Brasil tem complexidades geográficas e ambientes econômicos e tributários desafiadores, mas temos marcas muito fortes, com liderança e até mesmo sinônimos de algumas categorias. São fatores que se aliam ao fato de que possuímos um time forte com uma gestão executiva muito experiente. Tudo isso me traz confiança de que iremos entregar grandes resultados nos próximos anos”, destalha Poliana.

Inspiração no setor

Poliana também é uma referência quando se fala em liderança feminina no ambiente corporativo brasileiro. Em um setor ainda majoritariamente masculino nos cargos de comando, ela atua como mentora e apoiadora de outras lideranças femininas, defendendo ativamente políticas de equidade de gênero e oportunidades iguais dentro e fora da empresa.

“O avanço das mulheres em cargos de liderança é significativo, mas ainda há desafios. Aqui na General Mills estamos avançando positivamente. Atualmente, 44% da diretoria executiva é composta por mulheres, além de 46% na liderança (gerentes e especialistas) e 48% entre gerentes associados. Esses números são intencionais e fazem parte de uma estratégia mais ampla. Contamos com um comitê específico, o Women's Leadership Network, que atua para promover um ambiente inclusivo para mulheres, com foco no desenvolvimento de novas líderes. Meu conselho para jovens profissionais é investir no aprendizado contínuo, ter autoconfiança e não temer desafios, pois a persistência e o propósito são fundamentais para o sucesso”, conclui a executiva.

Como a General Mills tem implementado práticas sustentáveis no Brasil?

A companhia tem como meta global implementar práticas de agricultura regenerativa em mais de 400 mil hectares até 2030. Hoje, inclusive, a pipoca Yoki já é produzida com técnicas que recuperam o solo e reduzem impactos ao meio ambiente. Temos estudos com órgãos de certificação ambiental que comprovam que a média de gases de efeito estufa nas plantações de milho pipoca Yoki, no Mato Grosso, são 70% menores que a média global para produção de milho.

Outros grandes objetivos que possuímos: não destinar resíduos sólidos de operações industriais para aterros sanitários (globalmente) até dezembro de 2025 (meta já entregue no Brasil), descarbonização total da cadeia de suprimentos global até 2050, utilização de embalagens 100% recicláveis em todos os produtos globalmente até 2030, e uso de energia limpa em todas as fábricas do planeta até 2030.

Durante seu tempo nos Estados Unidos, o que mais chamou sua atenção em termos de cultura corporativa, inovação ou visão estratégica? Houve algo que você trouxe de lá para aplicar diretamente na operação brasileira?

Nos locais onde passei, tive a experiência desde muito cedo em assumir a gestão completa de uma marca ou produto. Não era responsável apenas por ações de comunicação e meios de se aproximar dos consumidores, mas também da gestão de P&L e outras variantes com impacto direto nos resultados. Isso construiu em mim uma mentalidade muito forte de ser extremamente “business-oriented”. Trago isso na minha gestão: minhas equipes precisam ter foco naquilo que vai ser efetivo e fazer a diferença para a maneira como operamos e o retorno que levamos aos nossos investidores/acionistas.

Como é a interlocução com a matriz da General Mills nos Estados Unidos? O Brasil tem conseguido ganhar protagonismo nas decisões globais da companhia, seja como mercado consumidor, seja como polo de inovação ou sustentabilidade?

O Brasil é um dos mercados mais promissores, dentro da divisão de negócios “Internacional” da General Mills. Por essa razão, temos um olhar estratégico muito bem conectado ao guidance global e com bastante atenção naquilo que estamos realizando. Este protagonismo, portanto, já existe. Estamos propondo agora trazer mais simplificação na maneira como operamos, buscando fazer de forma diferente aquilo que julgamos que tem potencial para ser melhor. Tudo isso com foco em aumentar nossa rentabilidade para permitir um crescimento robusto e sustentável no longo prazo.

O comportamento do consumidor brasileiro tem mudado, com maior demanda por conveniência, saudabilidade e novas experiências. Como a General Mills tem respondido a essas transformações por meio de inovação em portfólio ou canais de venda?

A General Mills tem acompanhado de perto essas mudanças com inovações constantes em nosso portfólio. Recentemente lançamos uma nova linha de farofa, a Yoki Caseiríssima, com uma proposta diferenciada no segmento. É um produto que surgiu exatamente a partir da escuta das necessidades e vontades do consumidor – que neste caso, queriam uma farofa com pedaços maiores, mais úmida e com gosto caseiro. Outro fator é a maneira como oferecemos nosso portfólio para os consumidores: temos categorias que possuem opções para consumo individual, como a pipoca-micro-ondas e outras, como amendoins, sorvetes e farofa, onde temos opções com maiores gramaturas, chamadas de econômicas. Nosso portfólio também oferece produtos para diferentes ocasiões e hábitos, desde os alimentos básicos como as farofas de mandioca, de milho, passando pelas leguminosas, altamente saudáveis, até os snacks para momentos de lazer e indulgência.