Edge mira 2035 como líder global em defesa e tecnologia avançada

Com forte presença no Brasil e investimentos estratégicos em IA, sistemas autônomos e novas fábricas, o grupo projeta crescimento sustentável e papel central no equilíbrio entre inovação e responsabilidade global.

VM100604-Edit-2Tiago Silva, CEO da EDGE para América Latina. (Foto: Divulgação)

A Edge, que em apenas cinco anos multiplicou por mais de seis vezes seu portfólio e conquistou presença em mais de 90 países, avança em uma estratégia de expansão que combina inovação disruptiva, investimentos em mercados emergentes e parcerias locais. No Brasil, o grupo consolida sua atuação com aquisições, novas fábricas e transferência de tecnologia, reforçando a América Latina como um dos pilares para o crescimento futuro. Até 2035, a empresa pretende se consolidar como referência mundial em defesa e tecnologia de ponta, deixando como legado a liderança responsável em segurança, inovação e progresso global.

A EDGE se consolidou como um dos principais players globais em defesa e tecnologia. Quais são os próximos mercados estratégicos que o grupo pretende priorizar nos próximos anos?

Desde sua fundação em 2019, a EDGE cresceu de forma expressiva, ampliando o portfólio em 633% — de 30 para 220 soluções — nos domínios aéreo, terrestre, marítimo e cibernético. Atuando em mais de 90 países, a empresa expandiu seus pedidos internacionais de USD 18,5 milhões em 2019 para mais de USD 2,1 bilhões em 2024. A receita anual atingiu USD 4,9 bilhões, reforçando nossa posição como líder global em inovação de ponta.

O Grupo realizou 13 aquisições internacionais e formou 23 joint ventures, incluindo a MILREM Robotics, da Estônia, e a ANAVIA, da Suíça. No Brasil, adquirimos participação majoritária na CONDOR Tecnologias Não Letais e na SIATT, de armamentos inteligentes. Como empresas estratégicas de defesa, elas vêm contribuindo há décadas para o desenvolvimento do Brasil e seu legado industrial, e vemos potencial para expandir ainda mais os negócios.

Estrategicamente, a EDGE está priorizando mercados como África, América Latina (incluindo Argentina e Chile), Ásia e Europa. O crescimento sustentável está no centro dessa abordagem, por isso enfatizamos o engajamento local profundo para garantir soluções adequadas às necessidades regionais. Essas parcerias promovem benefícios mútuos e desempenham um papel vital na estabilidade e segurança globais de longo prazo.

As recentes aquisições da Condor e da SIATT demonstram um forte compromisso com o Brasil. Quais são os planos de longo prazo para o país, e como essas operações se inserem na estratégia global do Grupo?

Investir em empresas brasileiras consolidadas no setor de defesa faz parte de um plano mais amplo para a América Latina. O Brasil é um mercado fundamental, totalmente integrado à estratégia global da EDGE, com foco na ampliação das exportações e no aproveitamento de talentos locais.

O Brasil é único para a EDGE — abriga nosso primeiro escritório internacional, em Brasília, que funciona como hub regional. Nossa abordagem vai além da presença comercial e inclui colaboração tecnológica, aproveitando a força de trabalho qualificada do Brasil, preços competitivos e instituições acadêmicas de alto nível. Também buscamos fortalecer a cadeia de suprimentos local, desenvolvendo fornecedores de subsistemas com qualidade e capacidade.

A EDGE planeja construir duas fábricas no Brasil. Que tipo de tecnologias e capacidades industriais essas unidades trarão para o mercado brasileiro e para exportação?

É importante destacar que vemos um grande potencial tanto na SIATT quanto na CONDOR. As novas fábricas representam um marco nas operações da EDGE no Brasil. Além de gerar empregos, elas aumentarão a capacidade de produção e escalabilidade.

A SIATT vai instalar uma nova planta para testes de explosivos em Caçapava e outra unidade de fabricação em São José dos Campos. Já a CONDOR abrirá uma nova fábrica em São Paulo, que complementará a planta já existente no Rio de Janeiro. Enquanto a unidade no Rio é focada em produtos não letais, a de São Paulo será voltada para tecnologias avançadas, como câmeras corporais e sensores. Nosso objetivo é apoiar a CONDOR na expansão de sua linha de produtos com soluções mais tecnológicas.

No que diz respeito às exportações, os investimentos da EDGE nessas empresas devem gerar ganhos significativos. Para a CONDOR, isso inclui a entrada em novos mercados e o fortalecimento da sua presença onde já atua. No caso da SIATT, a parceria deve impulsionar as vendas internacionais, especialmente considerando que já há negociações com outros países sobre o uso do MANSUP - Míssil Antinavio Nacional de Superfície.

O Grupo investe fortemente em áreas como inteligência artificial, sistemas autônomos e tecnologias espaciais. Quais dessas áreas devem impulsionar o maior crescimento da EDGE na próxima década?

Inteligência artificial (IA), sistemas autônomos e tecnologias espaciais são centrais na estratégia de longo prazo da EDGE e terão papéis significativos na construção do futuro.

No entanto, o principal facilitador dessa evolução na próxima década será o investimento em IA. A inteligência artificial está transformando todos os domínios — da tomada de decisão em defesa e cibersegurança à manutenção preditiva e logística. Nosso novo Centro de Excelência em IA. Em Abu Dhabi, fortalece esse movimento ao consolidar conhecimento e recursos. A IA será a base que acelerará a transformação digital em todos os domínios de alta tecnologia.

Em um cenário geopolítico cada vez mais complexo, como a EDGE equilibra crescimento com práticas sustentáveis, responsabilidade social e segurança internacional?

O crescimento da EDGE está fundamentado em inovação ética. Nosso compromisso vai além da defesa e inclui investimentos em talentos, pesquisa e desenvolvimento de capital humano.

O EDGE Learning & Innovation Factory (LIF) é um exemplo. Como uma instalação de última geração da Indústria 4.0, o LIF promove uma cultura de inovação e prepara a próxima geração de líderes em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Por meio de parcerias acadêmicas e programas avançados de capacitação, capacitamos comunidades para o futuro.

A EDGE também segue rigorosamente as normas internacionais.

Olhando para 2035, como você enxerga a posição da EDGE no cenário global de defesa e tecnologia? Que legado o Grupo pretende deixar?

Até 2035, a EDGE deve estar consolidada como um dos principais players globais em defesa e tecnologia avançada. Continuaremos investindo em inovação disruptiva, formando parcerias globais relevantes e diversificando nosso portfólio para enfrentar os desafios de segurança em constante evolução.

Nosso legado será o de uma liderança responsável — utilizando tecnologia para proteger vidas, fortalecer nações e promover o progresso em um mundo cada vez mais interconectado.