"Proprietários precisam de referência sólida para achar equilíbrio entre preço do aluguel", diz Gabriel Braga

CEO do QuintoAndar aponta que a precisão de dados é essencial no atual momento do mercado imobiliário. Transformação digital do mercado imobiliário gera novas oportunidades de negócio e resolve antigos problemas do setor.

quinGabriel Braga, CEO do QuintoAndar aponta que a precisão de dados é essencial no atual momento do mercado imobiliário. (Foto: Divulgação)

Promover a melhor jornada virtual para o cliente e oferecer diferenciais, com atrativos cada vez mais personalizados usando inteligência artificial, machine learning, deep learning e robotização, são os ingredientes que garantem o atendimento ao consumidor moderno que busca um imóvel. Com isso, as proptechs, como são conhecidas as empresas que desenvolvem soluções tecnológicas com foco no setor imobiliário, têm representado um grande diferencial.

O QuintoAndar, plataforma imobiliária digital com mais de R$ 30 bilhões em ativos sob gestão, anunciou em outubro a expansão de seu serviço de intermediação de compra e venda de imóveis residenciais para mais 11 cidades das regiões metropolitanas de São Paulo. A iniciativa aumenta o alcance do modelo criado pela empresa que garante experiência ágil e sem burocracia para quem quer comprar ou vender um imóvel residencial.

Pela plataforma, vender um imóvel demora cerca de 56 dias, contra os até 420 do modelo tradicional. A falta de informações sobre a situação legal da propriedade, a dificuldade e burocracia para obter a documentação necessária são apenas alguns dos entraves resolvidos pela empresa desde que começou a atuar nesse mercado no ano passado, em São Paulo.

“Aprendemos bastante com a expansão do serviço de compra e venda na cidade de São Paulo. Isso nos dá segurança para dar mais um passo e levar o nosso modelo para mais cidades”, explica Vicente Batista, head de compra e venda da plataforma.

Preço e serviço

O QuintoAndar também criou uma ferramenta inédita de precificação que usa inteligência artificial para oferecer mais rapidez e melhor retorno aos proprietários, assim como os preços mais justos para inquilinos. O “Smart Pricing” cruza centenas de variáveis e o histórico de centenas de milhares de imóveis para chegar no preço ideal para cada imóvel específico.

A ferramenta leva em conta características únicas do imóvel, como seu estado de conservação, se está em andar alto ou baixo, se é ensolarado ou não, assim como condições de mercado, como localização do imóvel e demanda e oferta na região.

“Os proprietários precisam de uma referência sólida para achar o melhor equilíbrio entre preço do aluguel e o tempo de vacância dos seus imóveis para otimizar o retorno com um valor justo para ele e para o inquilino. Eles necessitam de dados para fazer isso e a gente tem esses dados, em volume, detalhe e precisão muito maior que qualquer outra empresa do nosso mercado”, diz Gabriel Braga, CEO do QuintoAndar.

Como facilitar todo o processo de negociação de um imóvel parece ser a grande característica deste momento disruptivo do mercado imobiliário, o Homer, aplicativo gratuito que oferece soluções tecnológicas aos corretores de todo o Brasil, tem viabilizado, por exemplo, parcerias entre estes profissionais de qualquer lugar do país – de forma totalmente on-line –, unindo potenciais compradores a vendedores e donos de imóveis, e desburocratizando a vida de quem trabalha no ramo. Outro ponto no qual a inteligência artificial, com sua agilidade, tem ajudado muito também é na precificação das propriedades.

cf97a33babc46da6388055c1cfd83ef9Livia Rigueiral, CEO do Homer, diz que uma avaliação convencional não leva em consideração diversas particularidades de um imóvel. (Foto: Divulgação)

Um levantamento feito pelo Homer mostra que os preços cobrados pelos imóveis estão, em muitos casos, até 21% acima do seu valor real. A ferramenta cruza dados de localização, metragem, histórico de buscas, e estado de conservação do prédio e do apartamento, sem deixar de considerar também a microrregião na qual ele se encontra, o que é um grande diferencial, como explica Livia Rigueiral, CEO do Homer:

“Muitas vezes, em uma avaliação convencional, não são levadas em conta algumas particularidades. Por exemplo, se o imóvel está em um bairro no qual há praia, metrô, ou até mesmo grandes parques – que costumam valorizar a região –, é preciso considerar o quão próximo ele está destes pontos. Isso porque, quanto mais longe for desses locais, mais o preço do imóvel deve cair. Mas, muitas vezes, essa análise mais detalhada não acontece”, esclarece.

Relacionamento

Diante dessa nova realidade digital para o setor, executivos da área destacam que não é possível deixar de lado o fator humano. Na HM Engenharia, empresa do portfólio da Mover, o conceito de “Proprietário 4.0” orienta exatamente esse potencial de relacionamento entre construtora e consumidor. Para a companhia, as ações para encantar o cliente devem ser dinâmicas, principalmente no mercado imobiliário, no qual o vendedor assume um protagonismo nessa relação.

De acordo com Mauro Bastazin, copresidente da HM Engenharia, na empresa, o relacionamento com o “futuro proprietário” começa no entendimento de sua jornada na busca por um imóvel, da vida dele e compreensão sobre sua realidade. Assim, a partir disso, é feita uma avaliação sobre onde há mais atrito e o que precisa melhorar para em seguida alinhar tecnologias e processos.

“Há alguns anos, tínhamos uma indústria direcionada ao resultado financeiro e não orientada ao cliente”, explica Mauro Bastazin, copresidente da construtora HM Engenharia. “Além disso, a companhia trabalha a sua governança também com programas internos para alavancar a consciência de quão importante é o cliente”, conclui.

Mesmo antes do isolamento social provocado pela pandemia, dificilmente um consumidor compraria um imóvel sem passar pela internet. Para Guilherme Sawaya, diretor de transformação digital da Cyrela, o que mudou é que com o distanciamento social, foi exigido um reforço de todas as ferramentas da companhia e elaboração de projetos para criar soluções para os clientes e equipes. “Um grande erro, que muitas empresas cometem, é o descuido com a jornada do cliente. Se ela não é feita corretamente, o seu produto pode ser o mais adequado às necessidades dele, mas se a navegabilidade for ruim, ele descarta você no meio do caminho”, finaliza.