Isaac Sidney: ser digital, inovador e moderno, e sobretudo seguro e confiável, sempre esteve no DNA dos bancos
Inovação e tecnologia protagonizam organizações que competem por espaço no mercado financeiro.
Isaac Sidney, presidente da FEBRABAN. (Foto: Divulgação)
Com o crescimento exponencial na adoção de tecnologias digitais ocasionado pela pandemia da Covid-19, a demanda de inovação para os serviços bancários aumentou. Nesse contexto, clientes começaram a questionar o modelo tradicional e a procurar novas possibilidades. Consequentemente, isso pode abrir espaço no mercado para o crescimento das fintechs e outras plataformas financeiras. E, segundo pesquisa realizada pela Belvo, no Brasil, as fintechs devem gerar receitas de US$ 24 bilhões nos próximos dez anos. Diante deste cenário de transformações e desafios, os investimentos do setor devem atingir a marca de R$ 30 bilhões em 2022 – crescimento de 11%, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Para Davi Holanda, CEO e Founder do Bankly, essas projeções têm relação com o Open Banking, que tem garantido o compartilhamento de dados bancários para facilitar as transações do cliente final.
“Na América Latina, enquanto países como Argentina, Chile e Peru ainda estão nos passos iniciais, o Brasil lidera a implantação do serviço, seguido pelo México. O sistema trouxe o movimento de ampliação Open Finance, em que serviços de previdência e seguros passam a fazer parte do sistema integrado, além das instituições bancárias, autorizados pelo Banco Central”, pontua.
O Open Finance representa a expansão do novo modelo de serviço, permitindo que os clientes solicitem o compartilhamento de seus dados pessoais, bancários e financeiros com terceiros, de maneira segura e digital, mediante autorização. Tais informações podem ser utilizadas para oferecer ao consumidor melhores ofertas de produtos e serviços personalizados e com melhores custos. O sistema trabalha por meio de APIs (interfaces de programação de aplicações), que fazem a conexão entre as instituições participantes e permitem a troca de informações entre elas de uma maneira padronizada.
Uma pesquisa Global da Talkdesk aponta que 90% dos profissionais de serviços financeiros concordam que as expectativas dos clientes são maiores em relação há um ano, enquanto 63% dos clientes de bancos afirmam que uma única experiência ruim no atendimento afeta negativamente a fidelidade às instituições. E, no comparativo com as tradicionais instituições, o grande diferencial dos bancos digitais está na possibilidade de oferecer mais produtos e soluções práticas e em tempo hábil.
Além de endossar a mudança nos sistema tradicional, Paulo Manzato, vice-presidente de vendas da Talkdesk, lembra que os bancos não são mais apenas um fornecedor de produtos e serviços.
“Os bancos querem atuar como um consultor e parceiro para o bem-estar financeiro. Isso é possível, hoje, por causa das inovações tecnológicas em contact centers, que integram todas as plataformas possíveis de interação com o cliente, como telefones, e-mails e aplicativos em um único sistema, reunindo o máximo de informações possíveis para o agente de atendimento digital”, diz.
Pagar a conta
Livia Chanes, vice-presidente de Produto do Nubank. (Foto: Divulgação)
O Nubank, considerada uma das maiores plataformas digitais de serviços financeiros do mundo, anunciou no final de março a criação do NuPay. A nova solução de pagamento on-line permite que clientes finalizem suas compras no e-commerce com poucos cliques no app do banco digital.
“O e-commerce é o setor que cresce mais rapidamente no país hoje e, ainda assim, a experiência de compra on-line no Brasil é complexa, ineficiente e cara para compradores e vendedores. As taxas de abandono de checkout chegam a quase 50% por conta da quantidade de etapas que os consumidores precisam passar e do receio de compartilhar seus dados de cartão. O Brasil representa mais de 45% dos casos de fraude no mundo e um em cada seis brasileiros já teve o cartão clonado”, afirma Livia Chanes, vice-presidente de Produto do Nubank.
“O nosso novo serviço é uma solução disruptiva, que proporciona uma experiência de compra mais segura e prática, além de expandir o poder de compra através da possibilidade de limites adicionais”, completa.
Sobre o setor
No Brasil, alguns bancos tradicionais têm mostrado considerável preocupação com a tecnologia e expansão de canais digitais. Nos últimos balanços lançados pelas entidades financeiras locais, houve aumento significativo no investimento em soluções digitais. O Itaú, por exemplo, ampliou em 60% os investimentos em tecnologia, nos últimos dois anos. Com isso, nos últimos três meses de 2021 o banco conquistou mais 4,7 milhões de novos clientes pelo app. Já no Santander, os investimentos trouxeram cerca de 2,7 milhões de novos usuários, sendo que 70% vieram de bancos digitais. Além disso, mais de 1/3 dos sistemas de atendimento já operam na nuvem, mais uma facilidade para integrar as plataformas digitais e aprimorar o relacionamento com o cliente. | Fonte: Pesquisa Talkdesk
Posicionamento
Tecnologias voltadas à segurança cibernética e Inteligência Artificial (IA) estão no topo das priori- dades em investimentos em tecnologia para 100% dos bancos participantes da Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2022, realizada pela Deloitte. O levantamento revela que para 78% dos bancos a análise e a exploração dos dados obtidos via Open Finan- ce são uma prioridade neste ano, ao lado da transn- formação cultural das instituições financeiras.
Apesar da ascensão das startups financeiras, Isaac Sidney, presidente da FEBRABAN, enfatiza que foram os bancos brasileiros, e não as fintechs ou as startups, que, ao longo das últimas três décadas, esti- veram e continuam na vanguarda da tecnologia bancária mundial. “Ser digital, inovador e moderno, e sobretudo seguro e confiável, sempre esteve no DNA dos bancos. Não transigimos com isso”, afirma Sidney.
“A infraestrutura bancária no Brasil é uma das maiores do mundo, capaz de suportar mais de 100 bilhões de transações a cada ano com segurança. As instituições contam com o que há de mais moder- no em relação a segurança cibernética e prevenção a fraudes e usam tecnologias de ponta em processos de prevenção de riscos para que milhões de pessoas continuem fazendo suas operações financeiras do dia a dia com comodidade e tranquilidade, sem precisarem sair de suas casas”, complementa o presidente da entidade.