Diogo Cortês Luz: "queremos estar à frente do novo home office com um serviço rentável, seguro e produtivo"
Com foco na competitividade, muitas companhias apostam em modelos híbridos de trabalho e espaços compartilhados.
Osmose, que figura entre as principais empresas do segmento do país, oferece soluções pós-pandemia. (Foto: Divulgação)
De acordo com pesquisa realizada pelo ISE Business, 80% dos gestores afirmam gostar do novo padrão remoto de trabalho. Apesar dos profissionais celebrarem o fato de estar no conforto de suas casas, a prática possui algumas desvantagens para as organizações e acreditar que as empresas passarão a adotar integralmente o home office pode não passar de uma utopia, como acredita a especialista no assunto, Bruna Lofego, CEO & Founder da CWK Coworking.
“Embora quase tudo possa ser feito on-line, o olho no olho ainda faz diferença para muitas empresas, principalmente o sentimento de estar dentro da companhia e no direcionamento, controle e motivação das equipes de trabalho.”
Para o Tiago Alves, CEO Brasil da rede Regus & Spaces, um grande catalisador desse novo cenário marcado pela versatilidade no ambiente corporativo é a necessidade de flexibilização, sendo importante repensar a mobilidade e custos.
“A relação das empresas com o espaço de trabalho vem mudando cada vez mais e isso afeta o modelo tradicional do mercado imobiliário. Houve um aumento em torno de 30% na demanda pelo serviço de coworking nesse período da retomada. Eu brinco que o metro quadrado mais caro é aquele que você paga e não usa. Então, nessa fase de pandemia, assim como na crise que aconteceu no Brasil no período de 2014 a 2016, as empresas começaram a olhar para o custo que um escritório convencional tem, e levar em consideração alguns entraves como contratos de longo prazo e investimento em infraestrutura”, contextualiza.
Sobre as tendências que reforçam a alavancada dos escritórios compartilhados, o CEO da rede aponta o chamado: close to home office, squad office (escritórios de equipes). No qual as pessoas não buscarão necessariamente trabalhar em casa, mas sim próximo a ela. O tempo ganho com o deslocamento poderá ser usado para diferentes fins e para aumentar a qualidade de vida.
No segundo caso, você mantém pequenas equipes multidisciplinares, trabalhando de forma autônoma, promovendo o aproveitamento dessa troca de experiência e expertise. Nada mais propício que essa interação aconteça em um espaço compartilhado. Apostando em diversificação, a Regus foi responsável por lançar o primeiro coworking feminino no país, o Spaces, operado pela jornalista e apresentadora, Fabiana Scaranzi, eleito pela Forbes Brasil como uma das melhores empresas para as mulheres trabalharem.
Bruna Lofego, CEO & Founder da CWK Coworking, acredita na diferença. (Foto: Divulgação)
Corporativo e personalizado
Uma das principais empresas do setor, a GoWork experimenta um crescimento expressivo entre os clientes corporativos, o que representa 85% da sua carteira. Para eles é oferecida: privacidade, compliance, identidade corporativa, flexibilidade e facilidade na adaptação ao novo normal.
“Nosso modelo built-to-go une um projeto de escritório turn-key e o outsourcing dos serviços operacionais como limpeza, copa, recepção, dentro de padrões corporativos internacionais. O coworking é desenhado seguindo as especificações do cliente. Prédios monousuário, áreas de convivência, com lounge e rooftop, são também alguns dos nossos diferenciais e itens de grande procura pelas corporações”, explica Fernando Bottura, CEO da GoWork e ainda acrescenta:
“A tendência é a busca por espaços colaborativos com todas essas facilidades e características, embora já houvesse esse movimento há 15 anos, que foi intensificado pela crise”.
A GoWork sentiu essa volta gradativa das empresas no início de junho, com um aumento na busca por soluções flexíveis. “Tivemos um crescimento de 300% no número de leads e cotações em julho. Vendemos 12% do nosso parque em um mês. É um reflexo da procura de grandes empresas por áreas menores, mas que estejam dentro de um prédio, seguro, que respeite as normas de distanciamento, que ofereça áreas coletivas”, pontua Bottura.
Diogo Cortês Luz: "queremos estar à frente do novo home office com um serviço rentável, seguro e produtivo". (Foto: Divulgação)
Outro exemplo de aposta no mercado corporativo é a Osmose Coworking, que nasceu em 2013 e quatro anos depois fez a transição para esse nicho.
“No fim de 2019, inauguramos novo modelo de negócio, o built-to-suit, onde montamos operação do zero para receber uma única empresa. E para essa nova fase, trabalhamos com sistema para gerenciamento e rodízio de usuários (colaboradores). Desta forma, as empresas poderão otimizar ainda mais o espaço de escritório, de forma produtiva e segura”, comenta Diogo Cortês Luz, cofundador da Osmose Coworking,
Como o mercado pede por diferenciais, o Osmose iniciou o desenvolvimento do OOND (office on demand), uma plataforma que permite o usuário comprar e agendar diárias ou salas de reuniões em espaços de trabalho no Brasil inteiro, com lançamento previsto para outubro desse ano.
“A ideia é atender as duas pontas, espaços de trabalho e usuários. Entendemos que o home office cresceu muito e que novas possibilidades e demandas deverão surgir e queremos estar à frente desse movimento, com um serviço ganha-ganha, rentável para os espaços, seguro e produtivo para os usuários, sejam eles corporativos ou autônomos”.
Grandes operações
Lucas Mendes, diretor geral da WeWork no Brasil, acredita que a necessidade atual do mercado é a busca por ofertas personalizadas, que se adequem às necessidades específicas de cada empresa.
“Mais da metade de nossos clientes é composta por grandes companhias. Seja com apenas algumas de suas áreas ou, em com suas sedes inteiras. Nossas ofertas são projetadas para acomodar as distintas necessidades de espaço de trabalho de nossos clientes; seja uma estação de trabalho individual, um escritório dedicado ou mesmo um andar ou prédio inteiro customizado de acordo com as necessidades específicas da empresa”, detalha.
Lucas Mendes, diretor geral da WeWork, novas mudanças de relação com espaços. (Foto: Divulgação)
Refletindo sobre esse cenário e como líderes de grandes empresas estão reagindo a ele, o diretor da WeWork expõe que todos estão priorizando a flexibilidade, justamente para voltarem a funcionar com segurança.
“Não temos dúvida de que haverá mudanças permanentes na forma como empresas e profissionais se relacionam com os espaços de trabalho no mundo pós-pandemia, mas enxergamos aqui um grande potencial para que possamos atender à demanda”, afirma Lucas.
As vendas no segmento triplicaram nos últimos três anos, de 13 mil posições no primeiro trimestre de 2017 para 39 mil posições no mesmo período de 2020.
“Falando do setor de maneira mais ampla, no curto prazo, entendemos que empresas devem procurar alternativas com prazos mais flexíveis e mais opções para distribuir os funcionários entre vários locais, em vez de ter apenas um local específico. No longo prazo, acreditamos que haja uma tendência no sentido de menos empresas de grande porte quererem fazer a gestão dos seus próprios aluguéis de imóveis”, finaliza.