Agronegócio já representa 1/4 da economia do país. A retomada do crescimento e elevação do consumo mundial devem impulsionar o setor
Para atender à crescente demanda da população mundial por alimentos neste momento de retomada econômica, o setor tem o desafio de equilibrar a alta produção sem levar impactos negativos ao meio ambiente.
Setor tem o desafio de equilibrar a produção sem elevar impactos ao meio ambiente. (Foto: Fotos Públicas)
Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) teve crescimento de 1,2% no primeiro trimestre do ano, o volume da produção do agronegócio aumentou 5,35%, no país, segundo cálculo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Dados de 2020, ainda mostram que o PIB do setor alcançou a participação **de 26,6%, contra 20,5% em 2019.
De acordo com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as exportações no setor também tiveram o segundo maior desempenho de toda a série histórica em 2020, com aumento de 4,1% ante 2019, somando US$ 100,81 bilhões de lucro. O destaque fica para commodities como a soja, que alcançou 81,1% do valor exportado, chegando a receita de US$ 28,56 bilhões com volume de 82,97 milhões de toneladas, superando o registrado em 2018, período em que foram vendidos US$ 33,05 bilhões e 83,25 milhões de toneladas para o exterior.
Pecuária
O professor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e especialista em agronegócio, José Luiz Tejon Megido, explica que a produção de proteína animal também vive seu bom momento e projeta crescimento para este ano.
“Um movimento observado por integrações de aves, suínos e ovos tem sido a busca de contratos diretamente com agricultores de soja e milho para assegurar o produto mais importante do seu canal de suprimentos, a ração. Em paralelo, estamos num mundo que deve retomar o crescimento, com perspectivas de a China crescer 8% neste ano, a União Europeia 5% e os Estados Unidos, maior economia do mundo, 3%”, avalia.
O professor Megido, aproveita para projetar a renda agrícola brasileira, que deve subir 10% em 2021, com o valor bruto da produção podendo chegar a quase R$ 1 trilhão.
“As lavouras significarão 651,2 bilhões, aumentando em 12,2% na comparação com 2020. A soja deverá trazer uma renda no valor bruto da produção (VBP) de 2021 de R$ 303 bilhões, 24,4% positivos sobre 2020. O milho deverá crescer em 17,7% no seu VBP, atingindo R$ 117,1 bilhões. Lavouras como as do arroz, batata, cacau, mandioca e trigo, também terão crescimento, conforme a previsão do ministério da agricultura. Dessa forma, de maneira geral, a conclusão é de que começamos o primeiro trimestre vindo de ótimos resultados em 2020, e caminhando para uma nova super safra no Brasil, com preços das commodities em alta, além de uma taxa de câmbio favorável nas exportações", explica o especialista.
Agro industrial
Na indústria, as vendas de máquinas e equipamentos também tiveram desempenho positivo no agribusiness. Em 2020, foram R$ 144,5 bilhões de receita, resultado 5,1% superior ao registrado em 2019, conforme pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). A expectativa é que os balanços futuros no mercado fechem com receita positiva, depois do lançamento do Plano Safra 2021/2022, que injetou R$ 73,4 bilhões com recursos federais para financiar máquinas e equipamentos para uso no campo. Só de janeiro e maio a aquisição de máquinas nacionais cresceu 54%.
A expectativa é que os balanços futuros no mercado fechem com receita positiva. (Foto: Jaelson Lucas / AEN)
Confiança
Apesar do cenário se mostrar positivo, o Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro), divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela CropLife Brasil, recuou no ano passado, fechando o quarto trimestre em 121,4 pontos – retração de 5,6 pontos em relação ao levantamento anterior. Apesar da queda, os ânimos mantiveram-se em patamares altos, visto que este é o terceiro melhor resultado desde o início da série histórica. A metodologia do índice se baseia em resultados acima de 100 pontos - que mostra otimismo no setor e, abaixo desse patamar, pessimismo.
Parcerias no crescimento
Para atender à crescente demanda da população mundial por alimentos neste momento de retomada econômica, o setor tem o desafio de equilibrar a alta produção sem levar impactos negativos ao meio ambiente. A tecnologia vem sendo apontada como aliada para que a sustentabilidade no campo torne-se uma realidade. A empresa Bayer Agro reforça que o conceito do aumento de eficiência e produtividade se materializam por meio do tripé inovação, sustentabilidade e digital. “A agricultura representa cerca de 8% da área do País e podemos expandir sem desmatar, com adoção de tecnologia”, destaca o diretor de marketing para clientes da divisão agrícola da companhia, Fabio Prata. “Tanto que nos últimos 30 anos a área cultivada cresceu 81% enquanto a produção teve um incremento de 370%” contextualiza o executivo.
Diretor de marketing para clientes da divisão agrícola da companhia, Fabio Prata. (Foto: Divulgação)
A multinacional tem feito investimentos anuais de € 2 bilhões em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) - 10,4% do faturamento da companhia. Além disso, a empresa mantém parcerias parcerias público-privadas com a Embrapa, UFV, USP, UFLA e Unicamp; com os ecossistemas de inovação aberta e empreendedorismo AgTech Garage, AgriHub Space, CampoLab e FoodTech Hub Br, e participações em programas de aceleração de startups como, por exemplo, TechStart Agrodigital, Pontes para Inovação, Siagro Café com AgriTechs, StartupsConnected, Intensive Connection.
Meio ambiente
Na pauta economia sustentável, a empresa tem compromisso denominado como 30:30:100, cuja meta é reduzir em 30% o impacto das soluções no meio ambiente, influenciando toda a cadeia produtiva para que agricultores produzam melhores cultivos com menos recursos naturais e insumos; reduzir em 30% as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), avançando para um futuro carbono neutro na agricultura; e apoiar 100 milhões de pequenos agricultores, dando-lhes acesso a inovações, conhecimento e parcerias.
Entre as ações que visam alcançar essas metas está o lançamento do programa PRO Carbono, que oferece vantagens para os agricultores brasileiros dispostos a ampliar sua produtividade e a aumentar o sequestro de carbono no solo a partir da adoção de práticas agronômicas sustentáveis.
“A partir dos projetos e estudos científicos que já realizamos, estimamos que, ao final do programa, será possível obter um potencial ganho médio de mais de 10% em produtividade e de mais de 6% em rentabilidade, sem contar o aumento do carbono no solo, do aporte de palha e de biodiversidade. Trata-se de um projeto pioneiro e queremos construir os resultados juntos com os agricultores”, detalha o diretor do Negócio de Carbono da Bayer para a América Latina, Fabio Passos, na ocasião do lançamento.
Investimento
Para a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, o Brasil pode ser o principal player para investimentos verdes no mundo e que sua pasta está trabalhando por esse objetivo. “Atualmente, estima-se R$ 30 bilhões em gestão de títulos verdes no país, com grande potencial de crescimento, frente a US$ 1 trilhão de recursos investidos em fundos sustentáveis internacionais”, destacou a ministra ao participar do 20º Congresso Brasileiro do Agronegócio.
Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina. (Foto: Agência Brasil)
Já o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, disse que a infraestrutura deve caminhar para "atender às necessidades do agro", e que é fundamental aos investidores em agronegócio e infraestrutura que atendam aos padrões de governança socioambiental.
“Temos investido na matriz de diversificação de transporte por meio do fomento ao transporte de cabotagem, do fomento ao transporte hidroviário, e de um amplo programa ferroviário que já contratou cerca de R$ 30 bilhões em investimento com a iniciativa privada. Além disso, estamos trazendo a noção de sustentabilidade para a estruturação de nossos projetos. Entendemos que os fluxos financeiros estarão cada vez mais atrelados aos padrões ambientais”, garantiu.
Agricultura orgânica
Apesar de não ter uma produção de alimentos orgânicos em grande escala, segundo a Embrapa, o Brasil ocupa a décima segunda posição mundial em termos de área cultivada, movimentando, segundo a Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), R$ 5,8 bilhões no ano passado, 30% acima do montante de 2019. De acordo com o Ministério da Agricultura, em 2020, eram 22.427 produtores orgânicos cadastrados, número 5,40% maior que o do ano anterior. Para 2021, a Organis trabalha com uma previsão conservadora de crescimento de 10% no valor transacionado nesse mercado.
Protagonistas
O país é o maior produtor e exportador mundial de oleaginosas, além de café, açúcar, suco de laranja, etanol de cana-de-açúcar, carne bovina e de frango. Entre os grãos, a soja é o grande destaque. Em 2020, foram 135,5 milhões de toneladas produzidas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Commodities em alta
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicou em agosto o fechamento dos dados de julho do comércio exterior do agronegócio brasileiro. A balança comercial do setor encerrou o mês com saldo positivo de US$ 10,1 bilhões, sendo registradas exportações de US$ 11,29 bilhões e importações de R$ 1,23 bilhões. Na comparação com julho de 2020, houve alta de 38,6% nos preços médios das exportações, já no acumulado do ano, houve alta de 20,8%. De acordo com o Grupo de Conjuntura do Ipea, o preço médio dos produtos embarcados no Brasil seguem com tendência de alta.
Malu Nachreiner como nova presidente da Bayer. (Foto: Divulgação)
Malu Nachreiner assume em novembro a presidência do Grupo Bayer no Brasil
Pela primeira vez, uma mulher irá comandar o Grupo Bayer no Brasil. A multinacional alemã de saúde e nutrição nomeou Malu Nachreiner como nova presidente da companhia no país, a partir do dia 1º de novembro. A executiva terá a missão de consolidar o foco na colaboração, inovação e sustentabilidade, valores da companhia, e ampliar as sinergias entre as três divisões de negócio da empresa que são a Crop Science, Consumer Health e Pharmaceuticals. A executiva manterá sua posição como líder da divisão agrícola da companhia, assumindo agora dupla responsabilidade com a presidência do grupo.
"É uma honra e um ótimo desafio receber a missão de estar à frente da Bayer no Brasil, um dos maiores mercados no mundo em termos de relevância para a Bayer. Ao completar 125 anos no País, a empresa vive um momento muito especial de transformação cultural", ressalta Nachreiner.
"Estamos cada vez mais conectados à sociedade e queremos ser parceiros relevantes na resolução dos grandes desafios do nosso tempo, conectados à nossa visão Saúde para Todos e Fome para Ninguém. Sinto-me lisonjeada de liderar, a partir de novembro, uma Bayer cada vez mais inovadora e colaborativa", finaliza.