Dia 21 de Março marca o dia mundial da luta contra a discriminação racial
Brasil ainda enfrenta desafios para solucionar problemas consequentes das dinâmicas segregacionistas forjadas ao longo dos quatro séculos de sistema escravocrata.
Luta contra o racismo estrutural prossegue no país. (Foto: Divulgação/Agência Brasil)
A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas em memória aos 69 mortos durante uma manifestação pacífica na África do Sul, em 1960. Conhecida como Massacre de Shaperville, a tragédia chamou a atenção mundial para o Apartheid no país.
No Brasil, os 130 anos da promulgação da Lei Áurea não foi tempo suficiente para solucionar uma série de problemas consequentes das dinâmicas segregacionistas forjadas ao longo dos quatro séculos de sistema escravocrata. Ainda nos dias atuais permanece em pauta a luta pela participação equitativa de negros e negras nos espaços da sociedade brasileira e pelo respeito à humanidade dessas mulheres e homens que constituem o Brasil contemporâneo.
Segundo Vidal da Mota Júnior, um dos fundadores do Instituto DACOR, organização sem fins lucrativos que atua na produção, integração e disseminação de dados para o combate ao racismo, a discriminação racial ainda é tabu na sociedade brasileira, ao mesmo tempo em que estrutura as relações sociais no país.
Vidal da Mota Júnior, um dos fundadores do Instituto DACOR (Foto: Divulgação)
“O racismo precisa ser devidamente combatido, nos mais diversos espaços, de forma eficiente e efetiva, a fim de se construir uma sociedade democrática e com equidade.”, ressalta.
Diante deste cenário, o Instituto DACOR tem a missão de potencializar o combate ao racismo por meio da construção de pontes e diálogos com a sociedade. Partindo de três eixos, a saber, dados, educação e disseminação, estrutura ações em parceria com órgãos públicos, empresas e organizações do terceiro setor para ações e políticas antirracistas.
“Entendemos que os dados e evidências que comprovam o racismo na sociedade brasileira encontram-se dispersos ou de difícil acesso e é importante criar canais para que eles sejam disseminados e considerados nas tomadas de decisão para enfrentamento do racismo”, afirma Helton Souto, cofundador do Instituto DACOR.
Helton Souto, cofundador do Instituto DACOR (Foto: Divulgação)
Entre as ações está o Mapa de Dados, plataforma em desenvolvimento para facilitar a busca de dados sobre a população negra do país. As informações são coletadas de fontes como IBGE, IPEA, DIEESE, CEBRAP, entre outros, e depois categorizadas e disponibilizadas para consulta pública.
O DACOR também atua por meio de formações e assessorias, promovendo ações sistêmicas de enfrentamento do racismo. Em dois anos de história, a organização já esteve presente em todas as regiões do Brasil apoiando a construção de planos de formações personalizados, de acordo com a realidade de cada local.
Além disso, com o Observatório da lei 10.639, o Instituto DACOR investiga a aplicação da lei que institui a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileiras nas redes de ensino do país. Em parceria com o Insper, cujos estudantes atuaram no mapeamento da pesquisa, o primeiro boletim foi lançado em 2022 e apontou os instrumentos jurídicos e institucionais para o cumprimento da Lei nas capitais e estados brasileiros.
Segundo Helton Souto, todas essas ações são necessárias pois o racismo ainda é um tabu na sociedade brasileira e precisa ser devidamente enfrentado a fim de se construir uma sociedade democrática e com equidade. “É urgente considerar o passado, implementar ações no presente e construir um futuro de igualdade e superação do racismo”, conclui.