Ambipar vê na COP30 chance de consolidar liderança brasileira em soluções ambientais globais
Presidente global de operações, Roberto Azevêdo aponta inovação, regulação e confiança como pilares para a expansão internacional da companhia.
Roberto Azevêdo, presidente global de operações da Ambipar. (Foto: Divulgação)
Levantamento da Amcham Brasil mostra que 33,7% do comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos em 2024 ocorreu entre empresas do mesmo grupo econômico, movimentando US$ 31 bilhões — sendo US$ 15,9 bilhões em importações brasileiras e US$ 15,1 bilhões em exportações. O dado revela o alto grau de integração produtiva entre os dois países, especialmente em setores estratégicos como tecnologia e indústria de transformação.
Entre as multinacionais de destaque, a Amazon já investiu R$ 55 bilhões no Brasil na última década — cerca de R$ 15 milhões por dia. Os recursos foram aplicados em logística, tecnologia, nuvem, geração de empregos e iniciativas comunitárias. A companhia dobrou sua força de trabalho no país, saltando de 18 mil para 36 mil postos diretos e indiretos. Nos últimos 18 meses, inaugurou 140 novos polos logísticos, totalizando 200 unidades e garantindo entregas em 100% dos municípios, com mais de 150 milhões de produtos distribuídos em 50 categorias.
“Cada investimento é pensado para gerar impacto positivo de longo prazo — seja criando empregos, impulsionando o empreendedorismo ou promovendo inovação”, afirma Juliana Sztrajtman, presidente da Amazon.com.br.
A General Motors, que completa 100 anos no Brasil em 2025, anunciou um novo ciclo de investimentos de R$ 7 bilhões até 2028, voltado à mobilidade sustentável, renovação do portfólio e modernização das fábricas. O Brasil é o terceiro maior mercado da Chevrolet no mundo, e, segundo Shilpan Amin, vice-presidente sênior da GM, o país “segue como prioridade global, com planos empolgantes para o futuro”.
No setor aéreo, a Boeing projeta que os mercados emergentes — com destaque para o Brasil — responderão por mais de 50% da frota mundial de aviões em 2044. A empresa prevê demanda de 43.600 aeronaves comerciais nos próximos 20 anos e já acelera entregas: apenas em junho, foram 60 aviões, sendo 42 da família 737 MAX, três deles para companhias latino-americanas (duas para a GOL e uma para a Copa Airlines).
Também em expansão, a Ambipar reforça sua presença nos EUA por meio da subsidiária Ambipar Response, especializada em gestão de crises e emergências ambientais. A atuação inclui aquisições estratégicas, como a Witt O’Brien’s, ampliando capilaridade em um mercado exigente em termos de regulação e ESG. Segundo a empresa, a COP30 no Brasil será uma vitrine global para mostrar a integração entre inovação, sustentabilidade e capacidade operacional.
Quais são os principais diferenciais da Ambipar no cenário internacional quando se trata de economia circular, gestão de resíduos e respostas emergenciais ambientais?
A Ambipar tem como um dos seus grandes diferenciais a oferta de soluções integradas em toda a cadeia ambiental — desde a prevenção até a remediação. Trabalhamos com economia circular, gestão de resíduos perigosos e não perigosos, e somos referência em resposta a emergências ambientais, com operações 24/7 em diversos países. A nossa expertise de aliar tecnologia própria, inteligência de dados e experiência operacional são os diferenciais da empresa no mercado.
Outro ponto importante é a nossa presença em mais de 40 países, e nos EUA, por exemplo, com a Ambipar Response, conseguimos atender emergências ambientais com uma das maiores estruturas operacionais do setor.
Em um momento de retomada das relações Brasil-EUA com foco em clima, inovação e economia verde, como a Ambipar está se posicionando para ser protagonista nesse diálogo bilateral?
Acreditamos que o setor privado tem um papel importante no fortalecimento dessa agenda, oferecendo inovação, expertise e capacidade de execução. Estamos atentos às oportunidades e com frequência participamos de fóruns, grupos de trabalho e colaborações público-privadas para fortalecer esse intercâmbio de ideias. Nosso modelo de atuação global, com raízes brasileiras, nos dá uma posição privilegiada para liderar e influenciar esse diálogo.
E, olhando para a COP30, enxergamos uma oportunidade de reforçar a liderança brasileira na economia verde. A Ambipar, que é líder global em soluções ambientais, quer estar ao lado de governos, empresas e sociedade civil nesse protagonismo, não apenas como prestadora de serviços, mas como desenvolvedora de soluções sustentáveis globais.
A atuação da Ambipar fora do Brasil envolve parcerias com empresas, governos e organismos multilaterais. Quais são os principais aprendizados dessa interação internacional em termos de regulação e inovação sustentável?
Em muitos países onde atuamos, especialmente na Europa e na América do Norte, há um ecossistema de inovação sustentável mais estruturado, o que estimula o desenvolvimento de novas soluções.
Ao mesmo tempo, temos uma mentalidade de adaptação rápida, fruto do ambiente regulatório mais desafiador do Brasil. Isso cria uma troca muito rica. Também aprendemos que a construção de confiança com governos e organismos multilaterais é fundamental para escalar soluções ambientais de impacto.
Acreditamos que nossa experiência internacional nos coloca em posição de contribuir com soluções viáveis e eficazes para seguirmos expandindo nossa atuação nos Estados Unidos e nos demais países.
Como a agenda ESG e as exigências de sustentabilidade nos EUA e na Europa têm influenciado o desenvolvimento de novos produtos e serviços no portfólio da Ambipar?
Essas exigências têm sido grandes impulsionadoras de inovação dentro da Ambipar. Nosso portfólio está cada vez mais orientado por dados, rastreabilidade, e métricas ESG robustas, pois nossos clientes e investidores demandam isso. Estamos sempre em busca de soluções que atendem a padrões globais de rastreabilidade, emissões, circularidade e impacto social. Nesse sentido, a Ambipar tem ganhado diversos prêmios internacionais por conta de iniciativas e projetos inovadoras que contribuem para o mundo e, principalmente ao meio ambiente.
Com a COP30 no horizonte, estamos investindo fortemente em produtos e serviços que estejam totalmente alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e com os compromissos que o Brasil e nossos clientes globais devem assumir em Belém.
O senhor vê oportunidades para que empresas brasileiras de soluções ambientais, como a Ambipar, liderem globalmente a transição para uma economia de baixo carbono? Que papel o Brasil pode desempenhar nesse novo contexto geopolítico verde?
Sim, definitivamente vejo esse potencial. O Brasil reúne ativos naturais estratégicos, expertise em energias renováveis, uma indústria ambiental cada vez mais sofisticada, e um posicionamento favorável nas discussões climáticas internacionais. Empresas como a Ambipar têm a oportunidade de transformar esse potencial em liderança concreta, oferecendo soluções práticas, escaláveis e com impacto mensurável. O Brasil pode ser protagonista na transição para uma economia de baixo carbono não apenas como fornecedor de commodities verdes, mas também de tecnologia e serviços ambientais de ponta.
Nosso país pode oferecer soluções em biodiversidade, bioeconomia, energias renováveis e gestão de resíduos com escala e impacto. A Ambipar já está presente nos principais mercados e conectada a organismos multilaterais, o que nos permite levar essa perspectiva brasileira para o debate internacional.