Uso da IA contra ameaças cibernéticas cresce entre empresas de tecnologia
Estudo da EY aponta as dez principais oportunidades deste ano para esse setor, que busca, assim como o restante do mercado, retornos tangíveis e positivos dos seus gastos com inteligência artificial.
Leonardo Donato, líder de Mercados da EY Brasil. (Foto: Divulgação)
A inserção da IA nas defesas cibernéticas está, de acordo com estudo da EY, entre as dez principais oportunidades de 2025 para as empresas de tecnologia, que buscam, assim como todo o mercado, retornos tangíveis e positivos dos seus gastos com inteligência artificial. O desafio será não apenas incorporar soluções de segurança baseadas em IA para proteger seus próprios ativos como também se posicionar no mercado como líderes em inovação confiável. A IA torna a cibersegurança mais eficaz e abrangente por meio da automação da detecção e resposta a ameaças cibernéticas.
“A consciência da urgência do investimento em IA é maior nos Estados Unidos e na Europa, embora o Brasil venha evoluindo bastante nesse sentido. O desenvolvimento de produtos, serviços e operações com a IA já integrada aos esforços de cibersegurança representa um diferencial de mercado para as empresas de tecnologia”, diz Leonardo Donato, líder de Mercados da EY Brasil.
Na pesquisa “2024 Global Cybersecurity Leadership Insights”, uma análise da EY baseada em 69 estudos publicados entre 2015 e 2020 demonstra precisão média da IA superior a 90% na detecção de spam, malware e invasões de rede. Essa capacidade da IA é decorrente da aprendizagem profunda, que permite analisar volume maior de dados e mais heterogêneo em tempo real.
Ainda segundo esse levantamento, as empresas podem se beneficiar de uma estratégia de segurança cibernética integrada, proativa e orientada por IA que ofereça testes de estresse, aprendizado e adaptação contínuos, mantendo-se assim à frente da próxima ameaça. A proteção de dados confidenciais pela segurança cibernética é ainda mais relevante nos sistemas totalmente autônomos, conhecidos como IA agêntica, que não contam ou contam minimamente com supervisão humana. Essa é, aliás, outra tendência apontada pelo estudo da EY para empresas de tecnologia.
Na IA agêntica, a IA executa tarefas complexas de forma independente, revolucionando a forma como as empresas de tecnologia e seus clientes operam seus negócios e tomam decisões. A oportunidade, ainda segundo o levantamento, está ligada a impulsionar o crescimento e otimizar a experiência do cliente por meio da aplicação da IA agêntica.
Olhar atento para os dados
Nesse contexto de IA, os dados ocupam papel central, motivo pelo qual “obter valor dos dados” é mencionado pelo estudo da EY como oportunidade para este ano. Para isso, o primeiro passo é modernizar e consolidar sistemas legados para melhor aproveitar o poder dos dados. As empresas de tecnologia, para garantir a qualidade, operação e proteção de dados a longo prazo e os atributos relacionados ao uso da IA, devem estabelecer ou reimaginar funções como a do Chief Data Officer.
Em relação aos sistemas, as empresas de tecnologia precisam determinar a arquitetura de dados e a estrutura de governança de dados que sejam ideais para fornecer escala, confiança e usabilidade em uma era em que a IA vem em primeiro lugar. "Cada vez mais, os clientes vão solicitar ofertas que consolidem, modernizem e executem sua transformação orientada por IA, com o objetivo de evitar reconstruções caras de arquiteturas de TI legadas. Essa é uma oportunidade para as empresas de tecnologia”, observa Donato.
Na visão dele, as empresas locais que atuarem em nichos específicos, sem que haja participação das Big Techs nesses mercados, estarão em uma posição privilegiada, com diversas oportunidades de crescimento do negócio. “As principais empresas de tecnologia que ditam o ritmo de desenvolvimento e inovação estão fora do Brasil, operando aqui com representações. Há muito espaço para inovar onde elas não têm presença suficientemente forte”, finaliza.