Guerras globais aumentam risco de ataques cibernéticos para as empresas em 2025

Estudo global da EY-Parthenon alerta que organizações, especialmente de setores estratégicos como de fabricação de semicondutores, podem ser forçadas a interromper atividades.

hacker_freepikEstudo global da EY-Parthenon alerta que organizações podem ser forçadas a interromper atividades. (Foto: Freepik)

A escalada de tensão entre os países e dentro deles pode deflagrar novas guerras, com reflexos no mundo físico e no ciberespaço, aponta o estudo “2025 Geostrategic Outlook”, elaborado pela EY-Parthenon. A década de 2020 caminha para ser a que teve mais conflitos bélicos nos últimos 50 anos, subindo de uma média de 45 anuais na década de 2010 para 56 agora, de acordo com análise da UCDP (Uppsala Conflict Data Program)/PRIO (Peace Research Institute Oslo). Os gastos militares cresceram 24% nos últimos dez anos, com apenas três países – EUA, China e Rússia – respondendo por mais da metade de todo o valor investido no ano passado.

Faz parte desse contexto o confronto cibernético, que está em ascensão, com 34 governos suspeitos de patrocinar ataques na década passada, de acordo com o Council on Foreign Relations. A espionagem está inserida nesse cenário com desempenho semelhante de crescimento. Na avaliação do estudo produzido pela EY-Parthenon, as empresas podem ficar nesse fogo cruzado, sofrendo com impactos indiretos em suas operações em caso de ataque cibernético a infraestruturas críticas de um país ou de uma região, como transporte e rede de energia. Já as organizações que atuam em setores estratégicos, como inteligência artificial e fabricação de semicondutores, bem como as que lidam com volumes vastos de dados pessoais sensíveis, correm o risco de sofrer ataques cibernéticos diretos.

"Os executivos, por meio de um projeto voltado para isso, precisam avaliar os riscos de cibersegurança em sua companhia, incluindo a cadeia de fornecedores ou parceiros, e investir cada vez mais na proteção dos seus sistemas", avalia Demetrio Carrión, sócio-líder da EY Latam para cibersegurança. "Temos observado que os gestores de riscos apontam o risco cibernético entre os mais relevantes para este ano. O crescimento do investimento em cibersegurança precisa acompanhar essa percepção para que a defesa cibernética das empresas esteja devidamente preparada", completa.

Ainda segundo o executivo, em um cenário de ascensão de diversas tecnologias, como a própria IA, o desafio deve ser utilizá-las de forma estratégica para a defesa cibernética, e não simplesmente pelo motivo de estarem famosas no momento. "É preciso considerar cada uma das tecnologias como uma ferramenta de proteção que possibilitará agir contra os riscos e ameaças detectados pela companhia. Não se trata de usar a tecnologia por usar, mas de adotá-la para um propósito", explica.

Busca pela governança

O levantamento da EY-Parthenon também indica que, por causa da crescente importância da tecnologia digital para os países, até por uma questão de segurança nacional, os governos devem buscar uma regulação ainda maior desses espaços.

Esse movimento trará dificuldades para as empresas em relação a arquiteturas digitais transfronteiriças, que envolvam o compartilhamento de dados por unidades de uma empresa sediadas em diferentes países e entre empresas. Nesse contexto, a busca pela governança ganha ainda mais importância, com a definição de frameworks de IA e de proteção de dados para assegurar aspectos como respeito à propriedade intelectual.

Ao mesmo tempo, essa priorização do digital pelos países trará oportunidades para as empresas, especialmente para as que desenvolvem algoritmos de IA, semicondutores, infraestrutura de rede e tecnologias relacionadas. Isso porque os governos devem intensificar a implementação de políticas industriais para incentivar o desenvolvimento local desses mercados. Os executivos desses setores devem, ainda segundo o estudo, estar atentos aos incentivos fiscais, como subsídios voltados a essas atividades.